> >
Pandemia impulsiona construção e preço de lajotas dobra no ES

Pandemia impulsiona construção e preço de lajotas dobra no ES

Depois de se modernizar, indústria do ES aproveita maior demanda do setor, que mantém valores em alta; tintas e utensílios estão entre os itens mais procurados

Publicado em 27 de agosto de 2020 às 19:07

Empreendimento em obra, em Vitória
Empreendimento em obra, em Vitória Crédito: Ricardo Medeiros /Arquivo

Forçadas a passar mais tempo dentro de casa, devido à pandemia do novo coronavírus, as pessoas também começaram a investir mais nas próprias residências. No mercado, esse cenário se refletiu no crescimento do setor de material de construção e fez dobrar o preço das lajotas, cuja produção é forte no Noroeste do Espírito Santo.

Entrevistado pelo jornalista Fábio Botacin, na CBN Vitória, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção da Grande Vitória (Sindimat), Lésio Romulo Contarini Júnior, explicou que a indústria capixaba de cerâmicos passou por um processo de modernização que terminou logo antes da pandemia, combinando a maior produtividade e a maior procura.

"O preço do milheiro da lajota chegou a ter um aumento de 100%. Atualmente, está de 40% a 50% maior que o praticado no ano passado e, mesmo assim, há quem não tenha a capacidade fabril de suprir toda a demanda"

Lésio Romulo Contarini Júnior

Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção da Grande Vitória (Sindimat)

De acordo com ele, esses números devem se manter até o final do mês de dezembro. E embora haja uma perspectiva de queda a partir de 2021, o preço não voltará ao patamar praticado no passado. “Acredito que deva cair uns 10%, quando normalizar o mercado e o consumo estiver mais pulverizado entre os setores”, apontou.

Depois de não conseguirem praticar reajustes ao longo de oito anos e chegarem a ser suplantados pela indústria do Rio de Janeiro, os fabricantes capixabas têm prevalecido no mercado atual, segundo Lésio. O que beneficia especialmente as regiões do Vale do Canaã e os municípios de Baixo Guandu e Colatina.

R$ 1.900 é o valor

médio de um milheiro de lajota (tamanho 40 cm x 20 cm); no ano passado, ele era vendido a R$ 1.150

Fortemente interligados no setor da construção, a lajota acompanha também o crescimento do cimento no Brasil, cuja venda aumentou cerca de 40% neste ano, se comparado com o anterior. “São vários produtos que andam juntos. Se vende mais cimento, também precisa de brita, ferro e areia”, esclareceu.

De acordo com o presidente do Sindimat, o auxílio emergencial do Governo Federal foi essencial para esse aquecimento. “O principal fator é a ajuda de R$ 600. Para a população, esse valor tem trazido benefícios, como a melhora da casa onde vive e a consequente melhora da qualidade de vida e da saúde”, disse.

TINTAS, ACESSÓRIOS DE BANHEIRO E DECORAÇÃO

Além das lajotas que impactam mais diretamente a economia do Espírito Santo, outros produtos vinculados à construção também tiveram a venda aumentada significativamente durante a pandemia. São eles: tintas, acessórios para banheiros, utensílios de cozinha e objetos de decoração, como almofadas.

"Não teve só um nicho mais impulsionado. Vários fatores levaram as pessoas a fazerem pequenas reformas ou melhorias: uma tomada solta, uma luz fraca. Coisas que passavam, na correria do dia a dia, mas que com o home office e a quarentena incomodavam"

Lésio Romulo Contarini Júnior

Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção da Grande Vitória (Sindimat)

O “incremento fantástico” surpreendeu o setor. “No início da pandemia, muitas indústrias tiveram que diminuir a produção e houve rupturas nos estoques. Ainda está faltando pisos, luminárias e pequenos acessórios, que são importados. Além daquela lata de tinta pequena, de ¼”, revelou Lésio.

Ainda assim, apesar do cenário inesperado e das respectivas consequências no desabastecimento, só há o que comemorar. “Diante de tantos setores que foram atingidos negativamente, é algo para levantarmos as mãos para o céu e lutar para não perder essa onda de bonança”, afirmou.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais