Publicado em 26 de agosto de 2020 às 19:59
O Iron Trader, navio turco de bandeira panamenha que está atracado na Baía de Vitória há mais de cinco anos, vai deixar o Porto de Vitória para virar sucata. Com isso, chega ao fim o mistério de uma embarcação que está esquecida em águas capixabas desde 2015. >
A embarcação foi leiloada por R$ 400 mil e o dinheiro será destinado para o pagamento de pendências trabalhistas aos nove tripulantes. A Companhia de Docas do Espírito Santo (Codesa) era a fiel depositária do navio, que agora passou a ser de responsabilidade da empresa compradora, a Sudeste Soluções Ambientais Eireli.>
Caberá a ela tomar as medidas necessárias para a retirada do navio abandonado o mais breve possível. Para isso, a Codesa informou que ainda são necessários alguns procedimentos junto à Capitania dos Portos, que é a autoridade marítima. Após a saída da Baía de Vitória, a embarcação será levada para um píer de uma empresa em Vila Velha para ser desmontada.>
O navio saiu da Turquia dois anos antes de ser atracado na Baía de Vitória, com previsão de parada na África do Sul e no Brasil. Na época, a informação era de que a parada da embarcação seria em Pernambuco, no Nordeste do país, mas a empresa que faria a compra do material transportado cancelou a transação. Sem dinheiro para seguir viagem, o navio ficou em alto-mar por cerca de um mês e meio. >
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Com o passar do tempo, começou a faltar água, medicamentos e alimentação para os trabalhadores e, por questões humanitárias, o Iron Trader foi autorizado a atracar no Porto de Vitória em janeiro de 2015. Ao todo, eram nove tripulantes: cinco turcos, três russos e um sírio. >
Antes mesmo de o navio atracar no terminal portuário capixaba, os trabalhadores estavam com os salários atrasados e começaram uma greve. Dois deles permaneceram no Espírito Santo por uns meses e viviam por meio de doações de uma igreja. Todos eles já voltaram para seus países de origem.>
A Justiça do Trabalho determinou que a Codesa ficasse como fiel depositária da embarcação, até que a questão trabalhista fosse resolvida entre a tripulação, o armador do navio e o agente. Segundo a companhia, o acordo funcionou como uma garantia, já que o navio não poderia deixar o porto sem que o armador, a empresa Iron Group Inc. Turquia, pagasse as dívidas trabalhistas e as tarifas portuárias. >
E a novela do navio turco chegou ao fim na última semana e ele finalmente poderá deixar o porto. O primeiro passo da destinação da embarcação foi tomada pelo juiz do Trabalho Marcelo Tolomei Teixeira, da 7ª Vara do Trabalho de Vitória. Em sua decisão, ele tornou em caráter irrevogável a proposta de aquisição da embarcação, em favor da Sudeste Soluções Ambientais Eireli. Com isso, a venda do navio não pode mais ser cancelada. >
O impasse quanto às dividas trabalhistas era um dos motivos que impediam a retirada do navio do Porto de Vitória. A ação foi movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). >
O juiz Marcelo Tolomei Teixeira informou que o dinheiro da venda do navio será usado para pagar encargos advocatícios e quitar parcialmente os débitos trabalhistas. Segundo ele, os valores não serão suficientes para saldar os encargos devidos aos tripulantes e o depósito do valor deve ocorrer até 1º de setembro de 2020. >
Em texto publicado no site da Codesa, o presidente da companhia, Julio Castiglioni, comemorou o encerramento do processo envolvendo o navio turco. Após cinco anos e oito meses, a Companhia deixa de ser responsável pela embarcação. Nossa equipe teve, durante esse período, trabalho árduo e técnico para resguardar os interesses da estatal enquanto fiel depositária. Ficamos felizes com o resultado, que contemplou a todos, sobretudo à tripulação do Iron Trader, afirmou Castiglioni. >
O Iron Trader foi fabricado em 1981 e está atracado no Porto de Vitória desde janeiro de 2015. A embarcação havia saído da Turquia dois anos antes, com previsão de parada na África e no Brasil. Na época, a informação era de que a parada do navio seria em Pernambuco, no Nordeste do país, mas a empresa que faria a compra do material transportado cancelou a transação. >
A embarcação, entretanto, não tinha permissão para entrar no porto capixaba e ficou mais de um mês em alto-mar. Ao todo, eram nove tripulantes: cinco turcos, três russos e um sírio. A partir de então, começou a faltar mantimentos, água potável, assistência médica e alimentação para seus ocupantes, e a entrada no porto foi liberada por questões humanitárias. Na época, os tripulantes estavam há vários meses sem receber salários. >
Dois marinheiros turcos, em outubro de 2015, ainda estavam no navio vivendo de doações de uma igreja. >
Hoje, não há tripulantes no Iron Trader, que está ancorado no Berço 902 do Terminal de Granel Líquido (TGL), em São Torquato, Vila Velha. O navio tem 78,7 metros de comprimento. >
A Codesa informou que, quando o navio foi atracado, houve o desembarque de carga geral (239.430 toneladas), cuja operação foi cercada de segurança máxima por parte da Polícia Federal, Alfândega e Guarda Portuária. >
Em maio de 2015, a Justiça do Trabalho nomeou a Codesa como fiel depositária da embarcação, até que a questão trabalhista fosse resolvida entre a tripulação, o armador do navio e o agente. O acordo, segundo a companhia, era uma garantia, já que o navio não poderia deixar o porto sem que o armador, a empresa Iron Group Inc. Turquia, pagasse as dívidas trabalhistas e as tarifas portuárias.>
Em meados de 2019, a dívida da empresa turca, apenas com a Codesa, já ultrapassava R$ 1 milhão, referende a tarifas portuárias. >
Iron Trader: navio atracado no Terminal em São Torquato
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