Publicado em 26 de dezembro de 2019 às 05:30
Em meio às crises que o país vem enfrentando, um setor se destacou por conseguir crescer: o da beleza. No Espírito Santo, novas marcas surgiram e outras se reinventaram se adequando às mudanças dos hábitos de consumo e à redução na renda das famílias. Especializadas em cabelos cacheados, feitas apenas com produtos naturais ou destinadas a profissionais da área, elas viram o potencial em produzir para um público específico. >
Zilma Bauer, presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Químicos do Espírito Santo (Sindiquímicos) e da empresa Ervas Naturais, lembra que, antes do desequilíbrio econômico, o mercado de beleza estava crescendo até 40% ao ano. A crise foi nacional, mas para o mercado de beleza não foi tão séria como para a construção civil, por exemplo. Hoje, o mercado capixaba de beleza já vem crescendo a uma média de 5% a 6% ao ano, conta.>
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), em 2014, a indústria geral amargou uma queda de 1,2%. No ano seguinte, caiu mais 8,3%. Já a indústria da beleza cresceu 6,4% em 2014, e teve queda de 8,4% em 2015. >
Apesar da retração em 2015, os anos seguintes do mercado da beleza no Brasil foram bem melhores do que para a indústria geral. Esta última caiu 6,6%, em 2016, e depois cresceu em 0,2% e 0,4%, em 2017 e 2018. Já o setor de beleza teve queda de 5,1%, em 2017, e teve aumento de 1% e 1,17%, nos anos seguintes.>
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Ainda de acordo com a associação, nos últimos cinco anos o mercado de estética teve também um importante crescimento na quantidade de profissionais no país: 567%. O número passou de 72 mil para mais de 480 mil envolvidos. Neste ano, o setor movimentou cerca de R$ 47,5 bilhões.>
Voltadas para um público cada vez mais seletivo, algumas empresas enxergaram um potencial de mercado que a indústria tradicional não tinha explorado até então: o bem-estar e a comodidade nos cuidados com a beleza. Com isso, elas conseguiram nascer e conquistar mercado mesmo em meio à crise.>
A empresária e cabeleireira Paula Breder conta que, há quatro anos, quando voltou para o Espírito Santo, abriu um espaço de tratamento capilar naturalista. No começo, ela usava os produtos que desenvolvia artesanalmente e contava com a ajuda apenas do marido, realidade bem diferente da atual.>
Paula Breder
EmpresáriaOutra empresa que surgiu nessa esteira foi a Kinich. O projeto da companhia começou há cerca de sete anos, mas só entrou de fato no mercado há três. A ideia era fabricar produtos para o cabelo que fossem usados em casa, mas que tivessem qualidade dos utilizados em salão. >
Assim que começamos, a crise se tornou mais evidente. O mercado de cosmético parou de crescer dois dígitos por ano e cresceu apenas um. Mas a situação virou e, como somos uma empresa jovem e que tem mercado a explorar pela frente, temos conquistado um crescimento de até 100% ao ano, conta Willian Nóia Gomes, gerente da empresa.>
A marca da família Bauer tem mais de 20 anos de mercado e teve que se adaptar para sobreviver e crescer. A empresa, que fica em Jardim Colorado, Vila Velha, começou com apenas seis produtos. >
Na época em que começamos, apareceu uma oportunidade de abrir o negócio e juntamos as nossas economias. Investimos tudo o que tínhamos e fomos nos profissionalizando ao longo do tempo. Hoje já são cerca de 150 itens de diferentes linhas de produtos capilares, comenta Zilma Bauer, presidente da Ervas Naturais. >
Zilma destaca que para sobreviver à crise foi preciso se adaptar. O consumo diminuiu muito. As pessoas diminuíram as idas ao salão naquele período. Tivemos que repensar o canal de vendas. Somos uma marca só para profissionais de salão de beleza, mas começamos a colocar nossos produtos para serem vendidos em lojas, lembra. >
Agora, diante de um novo cenário, a expectativa é investir e ampliar a produção. Tínhamos um projeto de ampliação em Vila Velha que, diante da crise, precisamos colocar na gaveta. Nossa ideia agora é tirar ele do papel em 2021. Será uma fábrica maior e com uma planta sustentável, revela empolgada.>
Durante a crise, o consumo de produtos voltados para a beleza caiu no Brasil. Para aumentar as vendas, algumas empresas resolveram exportar sua produção para alcançar outros mercados. Esse foi o caso da Ybera, que fabrica produtos capilares e para o corpo. A companhia está no mercado há 15 anos e tem 260 funcionários divididos entre Marechal Floriano, Guarapari e Serra. >
Johnathan Alves
CEO da YberaJohnathan conta que há cerca de três anos, metade da companhia foi vendida para um grupo francês muito influente, e isso possibilitou uma abertura maior de mercado. >
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