Publicado em 3 de março de 2020 às 06:00
Os impactos do coronavírus na economia mundial já são visíveis. Bolsas de valores caindo em todo o mundo, empresas reduzindo a produção, países sobretudo a China diminuindo a compra de commodities. >
A própria Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertou que o surto da doença deve levar a economia global ao nível mais baixo desde 2009. E o Espírito Santo não está imune.>
De acordo com a OCDE, o Produto Interno Bruto (PIB) da China já não deverá crescer conforme o que era esperado saindo de 5,7% para 4,9%. Na verdade, o impacto do coronavírus é tão forte que a Organização reduziu a previsão de crescimento do PIB em todo o mundo que deverá cair de 2,9% para 2,4%.>
Nesta segunda-feira (02) o boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central, já reduziu a estimativa de crescimento da economia brasileira para 2020. A redução ainda foi tímida, saindo de 2,20% para 2,17%. No entanto, já é o início do reconhecimento do problema. >
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É a estimativa de crescimento para o Brasil em 2020, segundo o boletim Focus
De acordo com especialistas, como o Espírito Santo tem forte ligação com o comércio exterior, é mais suscetível às variações do mercado externo. Com isso, passa a ser grande o risco de desaceleração da economia capixaba em 2020.>
O primeiro a admitir os prejuízos provocados pelo coronavírus é o secretário de Estado de Desenvolvimento, Marcos Kneip. Com certeza não ajuda. O coronavírus coloca uma tensão no sistema e cria uma expectativa ruim. É claro que um ambiente global positivo iria ajudar na nossa retomada, avalia.>
Marcos Kneip
Secretário de Estado de DesenvolvimentoO economista, doutor em Ciências Contábeis, e professor da Fucape Felipe Storch Damasceno acredita que as projeções de crescimento do Estado também deverão ser revistas, assim como aconteceu com o número nacional. >
Depois que a estimativa de crescimento foi feita, aconteceu muita coisa. Existe uma dificuldade do governo em conversar com o Congresso, reformas tramitam em velocidade menor, e agora o mundo passando por essa dificuldade e incerteza do coronavírus, comenta. >
O economista Eduardo Araújo vai além. Ele acredita que a atividade econômica capixaba possa contrair 1% ao longo de 2020. Se considerar o dado do Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central, a ausência de sinalização concreta para a ampliação da atividade de mineração e o desaquecimento da demanda externa ocasionada pelo coronavírus, é possível que a atividade tenha uma contração de 1% no ano, avalia.>
A evolução do coronavírus para outros países além da China tem prejudicado o comércio exterior. Em 2019, o Estado exportou US$ 8,8 bilhões em produtos e mercadorias. Desse valor, vendeu US$ 1,2 bilhão para os países atingidos pela doença.>
Para Felipe Damasceno, as empresas que mais devem sofrer são as voltadas para o público externo. Espera-se que os maiores impactos sejam para empresas que vendem rochas ornamentais, ferro, aço e minério de ferro. Mas a economia é muito interdependente. Se esses setores vendem menos, gera menos renda para as demais empresas que atuam no Estado, explica. >
Eduardo Araújo também destaca que pode haver uma tendência de redução de viagens para o exterior, com interferência em negócios ligados ao turismo. Caso ocorra avanço na proliferação da doença no Estado, podem ser afetados setores do comércio também (principalmente aqueles relacionados a shopping centers, restaurantes ou outros locais em que o ato de consumo se dê em ambiente de aglomeração de pessoas).>
O secretário Marcos Kneip observa que, no momento, os impactos são apenas nos preços das commodities. O fechamento dos contratos desses produtos são feitos com muita antecedência, então o impacto que estamos vendo é no preço. Possíveis impactos na produção só vão acontecer se essa crise se prolongar por muito tempo, destaca.>
Também para tentar diminuir o efeito de crises como essa, Kneip afirma que o Estado tem investido na capacitação de empresas para a exportação de outros produtos e serviços. >
A base da nossa exportação é minério, petróleo e celulose, mas queremos aumentar essa base de exportação. Nossa meta é fazer com que 200 empresas estejam aptas para fazer essas vendas, o que deve diminuir os efeitos de crises como essa, defende.>
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