Publicado em 2 de março de 2020 às 16:36
Em meio ao receio do mercado de que o número de casos do novo coronavírus (Covid-19) cresça em todo o mundo, o dólar continua se valorizando. Na manhã desta segunda-feira (02), a moeda americana bateu novamente R$ 4,50. >
Quanto mais o vírus se dissemina fora da China, epicentro da doença, mais aumenta a preocupação de uma recessão econômica global. Diante desse cenário, os investidores buscam proteger seu patrimônio comprando moedas como dólar ou ouro, por exemplo. >
Mas, além do surto da doença, outros fatores favorecem a valorização da moeda americana frente à brasileira, como a diminuição entre as taxas de juros dos EUA e a do Brasil e o cenário político brasileiro.>
Durante todo o mês de fevereiro, o dólar americano já acumula uma alta de 4,57%, a maior desde 2015. Em 2020, o avanço já é de 11,75%.>
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VARIAÇÃO DO DÓLAR EM 2020
Em um cenário ideal, para reverter a trajetória de alta do dólar, os especialistas apontam que o impacto negativo do coronavírus precisa sair da pauta. Além disso, o Brasil precisa atrair mais investimentos e, com isso, captar mais dólares para circular no mercado nacional. Outro ponto ainda a ser considerado é a redução do risco país com as aprovações das reformas tributárias e administrativas. >
O agravamento do coronavírus no mundo nesta semana levou a uma nova onda de cortes de projeções para Produto Interno do Bruto (PIB) do Brasil e do mundo. Além disso, a valorização do dólar não foi exclusividade do Brasil, ela vem ocorrendo em todo o globo. >
O comentarista da CBN Vitória e professor da Fucape Fernando Galdi explica que nesse momento os investidores correm para os artigos mais confiáveis, que estão em dólar, como os papéis do mercado americano e o próprio dólar, e o ouro. >
Fernando Galdi
comentarista da CBN Vitória e professor da FucapeGaldi ainda acredita que o dólar deve continuar valorizado e, a curto prazo, não vai voltar a patamares de R$ 3 a R$ 3,5. Além disso, em um cenário de mais equilíbrio econômico, a expectativa é que ele se estabilize entono de R$ 4 a R$ 4,20. >
"Porém, se o pior cenário chegar e os casos do coronavírus continuarem a disparar pelo mundo nas próximas semanas, a moeda americana pode chegar próximo a R$ 5, sem dúvidas", pondera.>
Na sexta, a alta do dólar acabou perdendo fôlego depois do presidente do Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos, Jerome Powell, afirmar que o Banco Central americano está pronto para proteger a economia do país. Isso deu aos investidores um pouco mais de confiança em meio à instabilidade que surgiu com o coronavírus. >
O Banco Central brasileiro também interveio realizando ofertas de leilões em busca de segurar as sucessivas altas da moeda americana. Ao todo, foram injetados cerca de US$ 4,65 bilhões para suprimir a demanda por proteção para os riscos de um investimento (hedge).>
O chefe da mesa de renda variável da Valor Investimento, Pedro Lang, lembra que o mercado está vendo os Bancos Centrais mundiais, que estavam encerrando os ciclos de queda de juros, já anunciarem novos cortes de taxas. Isso aconteceu na China e na Europa.>
Pedro Lang
chefe da mesa de renda variável da Valor Investimento
Outro fator externo que contribui para a moeda americana se manter em alta são as eleições americanas. As prévias do partido democrata apontam Bernie Sanders como um forte candidato na disputa contra Donald Trump. Porém, o mercado considera negativo o nome dele e já está começando a incorporar a possibilidade de que ele seja eleito. Dessa forma, começou a repassar esse risco à precificação do mercado.
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Além de todos os fatores externos, algumas situações que ocorrem dentro do país também contribuem, em menor escala, para a alta do dólar. Entre eles está a crise politica no Brasil. O conflito que está acontecendo entre os Poderes, como a divulgação de vídeos convocando a população a se manifestar contra do Congresso Nacional e as demonstrações contra o Judiciário vêm deixando o mercado desconfortável.>
Em meio a essa crise política, ainda há as reformas tributária e administrativa, que precisam passar pelo Legislativo nos próximos meses para que o país retome o crescimento. >
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