Publicado em 18 de abril de 2020 às 15:12
Uma campanha nacional tem mobilizado empresas em todo o país para evitar demissão em massa de trabalhadores durante a pandemia do coronavírus. A previsão é de que o movimento Não demita salve mais de 2 milhões de postos de trabalho em todo o Brasil. >
Ao todo, já são mais 4 mil organizações que se comprometeram a não fazer corte na folha de pagamento por pelo menos dois meses. A ação conta com várias empresas de grande porte nos mais diversos segmentos, com atuação inclusive no Espírito Santo, como a Suzano, MRV, Santander, Lojas Renner, Vivo, Itaú e Weg. >
Magazine Luíza, C&A, Natura, O Boticário e JBS também fazem parte da ação, entre outras. O documento assinado pelas organizações não tem valor jurídico, pois possui apenas caráter simbólico. Um dos idealizadores do projeto é o presidente do Conselho da Ânima Educação, Daniel Castanho. Segundo ele, a iniciativa trata-se de uma corrente positiva em que a empresa se compromete na manutenção do emprego de seus colaboradores. >
Coronavírus: movimento de pessoas em Cariacica e Vila Velha
O número de empresas que se interessaram nessa ação foi muito além das expectativas, que se transformou em um movimento. A responsabilidade do empresário agora é fazer com que o impacto na economia seja o menor possível, disse o empresário em uma entrevista ao Estadão. >
>
Outra empresa que lidera o movimento, e com atuação no ES, é a Suzano, que tem uma unidade em Aracruz e que vai construir uma fábrica de papel em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado. Em entrevista ao vivo na redes sociais para o Estadão, o presidente da organização, Walter Schalka, afirmou que a empresa decidiu não dispensar funcionários desde o início da crise.>
Tomamos uma decisão muito clara de não demitir. Somos uma empresa privilegiada, que exporta parte significativa dos volumes produzidos para o exterior, basicamente de itens para fins sanitários. Isso representa 61% do volume total de nossa produção. Achamos positivo não demitir e apoiamos o movimento, mas entendemos aqueles que precisam fazer cortes como modo de sobrevivência. A Medida Provisória do governo federal ajuda a dar uma maior flexibilidade às empresas para sustentar o emprego. À medida que as coisas caminharem, elas vão preferir ficar com os colaboradores, porque se preparam melhor para o pós-pandemia, explicou o executivo. >
A Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) Brasil é uma das apoiadoras do movimento Não Demita. A vice-presidente da entidade e presidente da Federação Mundial das Associações de Recursos Humanos, Leyla Nascimento, destacou que, no momento atual, é necessário preservar vidas como um todo, não só no isolamento social, mas também na questão profissional. >
A campanha alerta que o mais importante, além dos negócios de uma empresa, é preservar as pessoas e seus empregos. Demitir é uma decisão de curto prazo e pode gerar dificuldades ainda maiores para a retomada, após acabar o período de isolamento. Então, chegará a hora que a companhia vai precisar de toda a força de trabalho para se recuperar, comentou a executiva. >
Ela ainda fez um alerta para que os empresários e executivos não coloquem a culpa na pandemia, caso os negócios já não estavam indo bem. >
Algumas não estavam fazendo o dever de casa e se dizem prejudicadas por conta da crise. Este é um momento de se pensar e refletir sobre os modelos de negócios. Com todo esse cenário, será impossível continuar o mesmo. A campanha mostra um novo olhar para planejar e juntar esforços para atravessarmos esse período da melhor maneira possível, ressaltou Leyla. >
O psicólogo Elias Gomes avaliou o movimento como uma mensagem positiva e de esperança para diversos trabalhadores brasileiros. >
Isso mostra que cada um está fazendo a sua parte. Além da preocupação com a saúde, não demitir demonstra uma preocupação com o futuro. Algumas empresas vão abrir mão de outras coisas para preservar esses empregos e, no futuro, vão ganhar muito mais como reputação e credibilidade, afirmou Gomes. >
A psicóloga e especialista em carreira Gisélia Freitas ressaltou que há várias alternativas para os empresários não precisarem demitir, como antecipação de férias, redução de salários e carga horária, trabalho em home office, entre outras. Segundo ela, demitir significa ter um gasto ainda maior do que manter um profissional trabalhando em casa.>
O melhor caminho é ser otimista, buscar informações e lembrar que o que estamos passando é passageiro. Dispensar um funcionário agora é precipitado. O momento é de pensar no negócio, manter a produtividade, se reiventar e manter a equipe motivada. É possível fazer outros cortes que não sejam o de funcionários, observou. >
O presidente da organização, Walter Schalka, afirmou que a empresa tomou a atitude de não dispensar o funcionário desde o início da crise. A companhia é uma das incentivadoras do movimento Não Demita. >
Tomamos uma decisão muito clara de não demitir. Somos uma empresa privilegiada, que exporta parte significativa dos volumes produzidos para o exterior, basicamente de itens para fins sanitários. Isso representa 61% do volume total de nossa produção. Achamos positivo não demitir e apoiamos o movimento, mas entendemos aqueles que precisam fazer cortes como modo de sobrevivência, explicou o executivo. >
A MRV, que atua no setor da construção civil, firmou o compromisso de garantir que seus colaboradores diretos tenham estabilidade no emprego nos próximos 60 dias. A empresa informou que, com esse pacto, garante que nenhum colaborador seja demitido durante o período de pandemia. >
O nosso time continua sendo um valor inegociável, mesmo diante dos desafios que enfrentamos neste momento, diz presidente dda MRV, Rafael Menin.>
Ele ressaltou que a empresa teve uma gestão financeira conservadora o que dá conforto em tempos de crise. O executivo contou que cerca de 85% das obras estão funcionando e os escritórios estão trabalhando com 80% dos trabalhadores de home office, logo não há motivo para demissão. >
Em um momento tão complexo como esse temos obrigação de contribuir para a manutenção dos empregos e da renda da população. O momento é de prevenção e tratar o assunto com a seriedade que ele merece. Temos certeza que passaremos este momento ainda mais fortalecidos, com a colaboração e união de todos e teremos uma nação muito mais unida em prol do bem comum, disse Menin. >
Segundo ele, as ações coletivas com os clientes foram canceladas e os atendimentos estão sendo individualizados. Nas obras, as pessoas do grupo de risco foram afastadas e os demais operários estão sendo monitorados e verificados diariamente, além das diversas ações de segurança do trabalho que estão sendo implementadas em todas as obras.>
O presidente da WEG, Harry Schmelzer Jr., lembrou que este é o momento de unir esforços para mitigar ao máximo possível os efeitos da crise na vida das pessoas. De acordo com o executivo, a prioridade é implantar protocolos para assegurar a proteção à vida, mas também trabalhar para reduzir os impactos econômicos. >
Assim como sempre fizemos em outros momentos difíceis, usaremos todas as ferramentas cabíveis para enfrentarmos essa crise procurando manter os empregos dos nossos colaboradores, destacou o presidente.>
Em comunicado, o Santander Brasil informou que, como medida adicional para mitigar as incertezas do momento atual, não iniciará nenhum processo de demissão em todo o território nacional durante o período mais crítico da epidemia da Covid-19, à exceção de casos de justa causa ou de violação do Código de Ética da organização. >
A Vale não faz parte do movimento Não Demita, mas também está num esforço para manter os empregos. Em entrevistas recentes, executivos da mineradora afirmaram que demissões e medidas como a redução de salários e jornadas não estão no radar.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta