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É de ouro? Preço do ovo de galinha sobe quase 12% no ano na Grande Vitória

É de ouro? Preço do ovo de galinha sobe quase 12% no ano na Grande Vitória

O produto, que era uma alternativa ao aumento no valor da carne bovina, também teve reajuste de preço. Em 12 meses, a inflação da proteína no ES já chega em 26%

Publicado em 23 de outubro de 2021 às 19:01

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ovos de galinha
O levantamento feito por A Gazeta em julho deste ano mostra que o preço médio do produto estava em R$6,49 e, agora, está custando R$ 7,79. (Freepik)
Vinícius Brandão
Estagiário / [email protected]

Desde o ano passado, quem compra carne bovina tem percebido que o preço está numa alta contínua. Esse aumento fez com que alguns cortes virassem itens de luxo na mesa do brasileiro. E, para fugir do custo elevado, muitos consumidores buscaram soluções em outras proteínas mais baratas, como a carne de frango, de porco e o ovo.

O problema é que, com a maior demanda, o preço desses produtos também começou a subir. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, mostra que o consumidor tem encontrado uma alta generalizada em diversos alimentos, incluindo o ovo de galinha, opção muito usada quando as carnes em geral estão mais caras.

Levantamento feito por A Gazeta em julho deste ano mostrou que o preço da dúzia de ovos estava, em média, R$ 6,49. Agora, em outubro, já está custando R$ 7,79.

Na Grande Vitória, a inflação do ano até aqui (janeiro a setembro) aponta uma alta de 11,93% sobre o preço do ovo de galinha, segundo o IPCA. Se observados os últimos 12 meses, essa alta é ainda maior: 26,45%.

Preço do ovo de galinha sobe quase 12 por cento no ano na Grande Vitória

A explicação para os constantes aumentos nos preços, segundo o economista e conselheiro no Conselho Federal de Economia, Eduardo Araújo, reúne vários fatores que acabam criando um efeito cascata.

Em primeiro lugar, o contexto da pandemia do coronavírus provocou redução da oferta, com cadeias globais de fornecimento tendo problemas. Com isso, produtos que são consumidos no mercado doméstico, mas que são commodities internacionais, ficaram mais caros. É o caso da carne, por exemplo.

Outros fatores foram a cotação do dólar, que apresentou forte valorização ante o real. Além, é claro, da subida acelerada dos preços dos combustíveis.

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Hoje, a média do preço dos combustíveis está em um patamar maior que antes da pandemia. E quando o combustível sobe de preço, o custo da distribuição de mercadorias e de alimentos também sobe no Brasil, principalmente porque a nossa matriz de transportes é toda rodoviária

Eduardo Araújo
Economista e conselheiro no Conselho Federal de Economia
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Segundo ele, o cenário poderia ser diferente caso o país tivesse controlado melhor a pandemia e o plano de vacinação não atrasasse. O que resultou, por exemplo, no longo cenário de abre e fecha do comércio, atrasando a retomada da economia.

Outro problema apontado por Eduardo é a turbulência política e institucional que o Brasil vivencia. Isso interferiu na implementação de reformas estruturais que poderiam melhorar o ambiente de negócios no país, que não avançaram, criando dificuldades e incertezas para muitos investidores que poderiam estar colocando dinheiro no país.

CUSTO DE PRODUÇÃO FICOU MAIS CARO

Para além dos problemas conjunturais, também explica esse aumento nos preços o custo de produção maior. De acordo com o diretor-executivo das Associações de Avicultores e de Suinocultores do Espírito Santo (Aves e Ases), Nélio Hand, o aumento no custo dos insumos tem contribuído para a alta no preço do frango e do ovo.

“Os principais insumos, que são as matérias-primas para ração, têm subido muito. Para se ter uma ideia, no início do ano de 2020, o produtor avícola pagava entre R$ 40 e R$ 50  na saca de milho. Hoje, esse valor chegou a R$ 105. Então esse custo vem impulsionando também a alta do preço para o consumidor final”, explicou Hand.

Galinhas comendo comida na fazenda.
O custo do farelo está mais caro. ( Freepik )

Na lógica do mercado, há ainda a relação com o preço da carne bovina, em função do aumento da demanda, mas o próprio setor vem tentando reposicionar os preços dos produtos para que possa tentar cobrir as margens negativas que vem sendo registradas nos últimos meses.

Como o produtor precisa aumentar o preço na hora de vender, esse aumento também é repassado para o consumidor. E isso em um momento que, por conta da pandemia e consequentemente a crise econômica, o poder de compra do brasileiro está reduzido.

Sobre os últimos meses do ano, com festas como o Natal e Ano Novo, Nélio não prevê queda nos preços.

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Tudo está relacionado à oferta e demanda. No caso do ovo, os alojamentos vêm sendo reduzidos. Porque o produtor está perdendo margem de lucro, e ele tem que tentar fazer uma compensação, e acaba diminuindo a oferta. Se a procura for aquecida, com certeza vai ter um reflexo de mais aumento

Nélio Hand
Diretor-executivo das Associações de Avicultores e de Suinocultores do Espírito Santo (Aves e Ases)
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