Publicado em 31 de agosto de 2020 às 05:00
A desestatização da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), que terá modelo híbrido, com privatização da empresa e concessão do Porto de Vitória, não poderá contar com a participação de grupo econômicos que operam os terminais do complexo portuário atualmente. A informação é da secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Martha Seillier.>
O objetivo, segundo Seillier, é ampliar a concorrência e isolar os interesses da empresa que for selecionada no leilão, previsto para 2021. Ela explicou as regras em live do jornal Valor na última terça-feira (26).>
Martha Seillier
Secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI)É um modelo muito semelhante do feito com os aeroportos. Ele prevê players diferentes. O dono da unidade portuária não pode ser o mesmo que opera os terminais para que haja o máximo de concorrência e abertura do porto para todo tipo de investimento e movimentação de carga, afirmou em live do jornal Valor nesta terça-feira (26).>
Ela comparou o leilão da Codesa com o dos aeroportos, que também arrendam áreas dentro das unidades para empresas privadas, de táxi aéreo por exemplo. Essas empresas não puderam participar da disputa pela administração do aeroporto em si. >
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No caso do Porto de Vitória, também existem locais arrendados para empresas, como o Terminal Vila Velha (TVV), especializado em contêineres e operado pela iniciativa privada. Outro exemplo é a Tecnip, que tem contrato para explorar parte da unidade portuária.>
De acordo com a secretária de PPIs, o modelo de desestatização da Codesa deve ficar pronto no mês que vem. Depois passará por audiência pública em novembro.>
A ideia, até o momento, é atrelar a privatização da estatal em si a um contrato de concessão do Porto de Vitória por 35 anos.>
Seillier espera que a privatização dê agilidade e mais qualidade nas obras de intervenções. Uma coisa é (o poder público) contratar a obra de alguém que vai embora quando ela fica pronta. Quando está nas mãos da concessionária, a obra vai atendê-la por 35 anos e é ela quem sofre o impacto, apontou. >
Terminal Portuário de Vila Velha
Essa também é a expectativa do Executivo para Infraestrutura e Desestatização da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e ex-presidente da Codesa, Luis Claudio Montenegro. >
Ele explica que, atualmente, os portos de administração pública no Brasil têm grandes dificuldades em fechar contratos e acabam perdendo competitividade para os portos privados. Além disso, esbarram em burocracia e falta de recursos para fazer obras de infraestrutura e melhorias. "E é muito difícil fazer contratos porque nem sempre tem recursos, o Estado tem que ficar disputando, a contratação é lenta, complexa e burocrática."
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Luis Claudio Montenegro
Executivo para Infraestrutura e Desestatização da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e ex-presidente da Codesa,Outro ponto importante que deve ser beneficiado pela privatização da Codesa é a oferta e manutenção de serviços, como rebocadores, segurança, fornecimento de água e energia, recolhimento de resíduos, entre outros.>
O Porto de Vitória foi o primeiro a implantar sistema de radares, mas custa caro. Em todos esses serviços o privado pode avançar, investindo e dando dinamismo à unidade, avalia. >
Sobre o modelo de leilão que impede que empresas que já estão na área do condomínio portuário participem da disputa, Montenegro diz que pode gerar competitividade, mas também eliminar possíveis investidores. >
Provavelmente há um interesse grande de quem já está instalado no porto em participar. Certamente esses terminais tem interesse em investir. Se não puderem concorrer, como vai ser a relação deles para que façam investimentos que querem fazer? Estamos aguardando para ver como vai ficar o modelo final, diz. >
Ele avalia que, apesar do momento de crise que o país atravessa, há indicadores positivos que fazem com que o leilão da Codesa seja atrativo, como a baixa taxa de juros e o aquecimento do setor de comércio exterior. >
A questão da atração de investimento envolve o modelo de leilão e a segurança jurídica dele. Mas, considerando que há uma oportunidade para investir e que hoje o modelo está travado e não permite esse investimento, acredito que o interesse exista sim, avalia. >
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