Publicado em 9 de junho de 2020 às 10:31
O desempenho da indústria capixaba teve recuo de 16,7% em abril na comparação com o mês anterior, segundo apontou o Índice Mensal de Produção Industrial, divulgado nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a maior retração em 12 anos, ficando atrás apenas da queda de 18,5% registrada em novembro de 2008.>
Com o resultado de abril, a indústria do Espírito Santo acumula uma retração de 17,6% nos últimos 12 meses. Ainda com relação a este período, o maior tombo foi registrado nas indústrias extrativas recuo de 24,3%. As indústrias de transformação, de um modo geral, recuaram 11,1% com destaque negativo para celulose, papel e produtos de papel (-27,9%), metalurgia (-14,3%) e produtos alimentícios (-1,8%). A exceção à queda nos últimos 12 meses foi a indústria de produtos minerais não-metálicos, que cresceu 1,8%.>
Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, a maior queda acumulada foi a da indústria metalúrgica, que apresentou uma retração de 36%. Na sequência aparecem produtos de minerais não-metálicos (-33,1%), produtos alimentícios (-31,5%) e indústrias extrativas (-20.8%). Na comparação com abril do ano passado, a indústria de celulose, papel e produtos de papel, que cresceu 11,5%. De uma forma geral, na comparação com abril de 2019 a produção nas indústrias do Espírito Santo recuou 23,9%.>
O setor tem sofrido intensamente com a crise econômica provocada pelo novo coronavírus. Alguns segmentos, como o metalúrgico, por exemplo, viu a demanda global por aço cair em meio à pandemia. No Estado, a ArcelorMittal Tubarão, por exemplo, desligou o terceiro alto-forno.>
>
A crise do petróleo também trouxe impacto à produção industrial. Devido ao cenário, a Petrobras derrubou a produção de óleo e gás em diversas plataformas, afetando o desempenho da indústria extrativa.>
De acordo com o IBGE, o resultado reflete o isolamento social por conta da pandemia da Covid-19, que afetou a produção industrial por todo o país. Em abril, 13 dos 15 locais pesquisados mostraram taxas negativas. Os Estados com quedas mais acentuadas foram no Amazonas (-46,5%), Ceará (-33,9%), Paraná (-28,7%), Bahia (-24,7%), São Paulo (-23,2%) e Rio Grande do Sul (-21,0%). Todos esses locais atingiram seu resultado negativo mais intenso desde o início da série histórica, em 2002, assim como o Rio de Janeiro (-13,9%). >
Espírito Santo (-16,7%), Minas Gerais (-15,9%), Santa Catarina (-14,1%), Pernambuco (-11,7%) e Mato Grosso (-4,3%) completaram o conjunto de locais com índices negativos em abril de 2020. Por outro lado, Pará (4,9%) e Goiás (2,3%) registraram as duas únicas taxas positivas nesse mês, com ambos voltando a crescer após recuarem no mês anterior. >
A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) criou uma outra metodologia para analisar o desempenho da produção industrial. De acordo com o material divulgado nesta terça-feira (9), que utiliza dados do primeiro trimestre de 2020 como referência, a indústria manteve desempenho estável (0,0%) na comparação com o 4º trimestre de 2019. >
Pelo dado, na passagem do 4º trimestre de 2019 para o 1º trimestre de 2020, apenas a indústria de transformação se recuperou do recuo registrado no último trimestre de 2019 (-2,1%), apresentando crescimento de 4,2% nos primeiros três meses de 2020.>
De acordo com a Findes, o 1º trimestre de 2020 reverteu a tendência de ampliação da queda da indústria que permeou todo o ano de 2019. O recuo de 6,9% da indústria é explicado, principalmente, pelo desempenho das indústrias extrativas e pelas atividades de construção, que juntas contribuíram com 80% da queda do setor, respondendo por -2,82 e -2,75 pontos percentuais da retração de 6,9%, respectivamente,apresenta o relatório.>
A Findes também foi acionada para comentar os resultados apresentados pelo IBGE, mas ainda não retornou. Assim que uma resposta for dada este texto será atualizado.>
Para reverter este cenário negativo de queda na produção industrial e de queda na atividade econômica é preciso de investimentos em infraestrutura, segundo avalia o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), Sebastião Demuner. Uma das maneiras de fazer isso, segundo ele, é utilizando o dinheiro que foi repassado para Estados e municípios pelo governo federal.>
O dinheiro já está na conta dos Estados e municípios e deveria ser utilizado para investimentos em infraestrutura e ajudar a indústria. Essa não é uma crise que foi causada pela má gestão dos empresários, então é justo que o poder público faça investimentos que também beneficiem as empresas, sugere.>
O dinheiro ao qual Demuner se refere é o que está sendo pago a Estados e municípios como compensação pelas perdas de arrecadação. O governo do Estado recebe R$ 712 milhões para utilizar em gastos livres e os municípios capixabas vão receber, juntos, R$ 482 milhões.>
A gente percebe que os países que levaram a pandemia à sério lá no início do ano estão se recuperando de forma mais rápida. Como no Brasil faltou uma organização central o governo federal se posicionava de um jeito, os estaduais de outro , nós teremos que ser muito mais cirúrgicos nas ações para recuperar a economia, avalia Demuner.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta