Publicado em 16 de outubro de 2019 às 19:42
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, está fazendo uma peregrinação na capital do país em busca de apoio dos ministros do Supremo tribunal Federal (STF) no julgamento sobre a divisão dos royalties do petróleo. Segundo ele, que está confiante na vitória, em três dias de visita já conseguiu conversar com nove dos 11 ministros do tribunal.>
De Brasília, por telefone, Casagrande conversou com a reportagem de A Gazeta na tarde desta quarta-feira (16). Ele retorna a Vitória nesta noite, mas disse que deve retornar à capital do país na próxima semana para conversar com os ministros Celso de Mello e Alexandre de Moraes, com quem não conseguiu falar nesta primeira viagem. "O nosso objetivo é entregar a nota técnica com as nossas argumentações de porque defendemos que a divisão dos royalties seja diferente para Estados produtores e não produtores. A bancada capixaba também está se mobilizando em Brasília", comentou.>
Segundo ele, os ministros não explicitaram seus votos, mas a recepção está sendo muito boa e devido aos argumentos técnicos e jurídicos fortes ele está confiante. Se o STF julgar constitucional a Lei dos Royalties, Governo do Estado e municípios capixabas podem perder de R$ 1,7 a R$ 2 bilhões por ano em compensações pagas pelas petroleiras por causa da produção de óleo. >
Sobre uma possível pedido de adiamento do julgamento, Casagrande comentou que, por enquanto, ele não será realizado. "Nós só vamos pedir, se tivermos insegurança do resultado. Nesse momento, pedir o adiamento do julgamento pode tirar luz dos nossos argumentos técnicos e ofuscar a tese que estamos defendendo", explicou.>
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A legislação atual prevê que os royalties são uma forma de compensar a região produtora pelos riscos aos quais ela fica exposta. Eles servem como uma ajuda de custos caso ocorra um desastre ambiental ou mesmo o aumento da demanda por serviços básicos que as cidades e os Estados produtores possam ter com a extração petrolífera.>
Com peregrinação a Brasília, o governado estadual tenta dar fim a um problema que começou em em 2013. Naquele ano, a então presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou a Lei que estabelecia novas regras para a distribuição dos royalties, aumentando o repasse de dinheiro para Estados e municípios não produtores de petróleo. >
Devido ao número de contestações judiciais feitas pelos produtores da commodity, a ministra Cármen Lúcia concedeu uma medida cautelar suspendendo a nova redistribuição. >
Em novembro próximo, o STF, instância máxima do Judiciário, deve validar ou não a redistribuição determinada em 2013 com o julgamento da constitucionalidade da Lei dos Royalties. Se a lei for julgada constitucional, o Estado perderá uma fatia considerável de repasses referentes à exploração do petróleo.>
No início deste mês, outro julgamento no STF mudou a maneira que o governo do Estado divide royalties entre as cidades. Uma decisão na Casa estabeleceu a transferência de 25% dos royalties do petróleo que são recebidos pelos Estados produtores a todos os municípios do país. Com isso, a divisão que é feita atualmente pelo Executivo capixaba para 67 prefeituras seria extinta. >
Desde 2006, foi criado, por lei estadual, o Fundo para Redução das Desigualdades Regionais, que prevê a transferência de 30% da compensação financeira para municípios que recebem menos de 2% de royalties e até 10% de participação dos recursos de cota-parte do ICMS. Além disso, a partilha desse fundo é feita com base em critérios como o do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e não o do Índice de Participação dos Municípios (IPM), que é o considerado pela lei reforçada pelo STF.>
Ao ter que cumprir a legislação federal não restará muita alternativa ao governo do Estado que não seja acabar com o mecanismo que já funciona há 13 anos. Essa possibilidade já foi, inclusive, confirmada pelo governador Renato Casagrande (PSB). No último dia 10, ele afirmou não ser possível passar 30% e mais 25% porque desequilibra as nossas contas.>
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