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Bitcoin desaba após ameaça da China e investidores recorrem ao ouro

Bitcoin desaba após ameaça da China e investidores recorrem ao ouro

Nesta quarta-feira (19), a criptomoeda caiu para seu nível mais baixo desde fevereiro, atingindo uma mínima de US$ 36.219, queda de 44% em relação a maior cotação de todos os tempos, de US$ 64.829 no mês passado

Publicado em 19 de maio de 2021 às 21:41

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Bitcoin: criptomoeda vive bom momento de valorização
Bitcoin: criptomoeda vive momento de desvalorização. (Gerd Altmann/Pixabay)

bitcoin, considerado a principal criptomoeda do mercado, desabou nesta quarta-feira (19). Um alerta de autoridades da China causou temor entre investidores por reiterar que o país vai intensificar medidas repressivas contra instituições financeiras que usarem ou facilitarem transações com moedas digitais. O resultado foi um dia de negociações caóticas.

A criptomoeda caiu para seu nível mais baixo desde fevereiro, atingindo uma mínima de US$ 36.219, queda de 44% em relação a maior cotação de todos os tempos, de US$ 64.829 no mês passado. Ao longo desta quarta, o bitcoin chegou chegou a perder cerca de US$ 12 mil em poucas horas, quase 30% do seu valor, descendo para pouco mais de US$ 30 mil, mas reduziu as perdas no fim do dia.

O mercado vem caindo desde que Elon Musk começou a questionar os impactos ambientais negativos do bitcoin, há cerca de uma semana. Já a decisão da China é um catalisador mais recente, que também puxou para baixo outras criptomoedas como o ethereum, o maior concorrente do bitcoin, que chegou a perder cerca de 40% de seu valor nesta quarta.

Alguns investidores sempre consideraram o bitcoin um ativo semelhante ao ouro, uma reserva de valor que se manterá em tempos de inflação e impressão de dinheiro pelos bancos centrais. O argumento convenceu grandes administradores de fundos de hedge, como Stanley Druckenmiller, a aderirem à criptomoeda, e ajudou a elevar o preço para mais de US$ 60 mil no mês passado.

Embora Druckenmiller e outros digam que o bitcoin não pode substituir totalmente o ouro, alguns analistas descobriram que ele vinha roubando o espaço do metal. Mas a maré parece estar mudando, pelo menos no curto prazo.

Investidores têm retirado dinheiro de futuros e fundos de bitcoin e colocado mais em ouro, de acordo com uma análise do estrategista da J.P. Morgan Nikolaos Panigirtzoglou. É uma mudança em relação aos dois trimestres anteriores, escreveu ele.

O fluxo de quatro semanas de dinheiro institucional para os fundos do bitcoin ficou negativo pela primeira vez no final de abril, logo depois que o ativo atingiu seu novo recorde de US$ 64 mil. Não está imediatamente claro por que as instituições estão começando a retirar dinheiro, mas claramente houve uma corrida para as saídas no mês passado.

"Talvez os investidores institucionais estejam fugindo ao verem seu fim de tendência de alta de dois trimestres anterior e, assim, buscar a estabilidade do ouro tradicional longe da rápida redução do câmbio digital", escreveu Panigirtzoglou.

"Ou talvez vejam o preço atual do bitcoin como muito alto em relação ao ouro e, portanto, façam o oposto do que fizeram nos dois trimestres anteriores", ou seja, vender a criptomoeda para comprar o metal.

MERCADO NÃO REGULADO EXIGE ATENÇÃO E CUIDADO

A alta rentabilidade do bitcoin nos últimos meses vinha atraindo os olhares de investidores, principalmente pessoas físicas, que buscam ganhos maiores diante de uma taxa de juros básica tão baixa. Como a Selic estava no seu menor patamar histórico até alguns meses atrás, a rentabilidade de ativos mais tradicionais, de renda fixa, estava menos atrativa.

Contudo, especialistas apontam que é preciso atenção redobrada. Além de extremamente volátil - com preços que variam rapidamente -, o Bitcoin não é regulamentado. Isso significa que não há qualquer proteção sobre o recurso investido.

Ademais, as exchanges, que são as casas de câmbio de criptomoedas, não têm registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade que regula o mercado de capitais no Brasil.

Criado em 2008 por alguém que assinava Satoshi Nakamoto, mas cuja real identidade é, até hoje, ignorada, o BTC (sigla para bitcoin) só registrou suas primeiras transações em 2009. Em sua primeira década (2010-2020), a criptomoeda se valorizou 6.000.000%. No ano passado, o crescimento foi de 300%.

O bitcoin não é regulamentado por nenhuma autoridade monetária, nem pode ser rastreada graças à tecnologia blockchain. A mesma tecnologia, estruturada de forma descentralizada, ou seja, sem uma entidade administradora central, impede que governos ou outros órgãos oficiais manipulem a emissão da moeda ou seu valor, como ocorre com o câmbio tradicional.

Contudo, nada impede que haja manipulação nos preços por parte dos próprios investidores. "Nenhum órgão regulador vai proteger se um investidor muito grande quiser aumentar ou reduzir o preço de propósito e prejudicar os menores", diz Mutzig.

O bitcoin é considerado um investimento alternativo e vem sedo utilizado como reserva de valor, como o ouro. Da mesma forma, há uma quantidade limite de bitcoins no mercado. "Cerca de 20% estão perdidos por aí. Porque, no começo, as pessoas guardavam muito em carteiras físicas, como um HD externo, por exemplo, e hoje não se sabe onde estão", conta Paulo Luivez.

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