Augusto Lins, presidente da Stone
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Augusto Lins

"Maior desafio para a economia brasileira é a execução de reformas"

Avaliação é do presidente da fintech de pagamentos Stone, Augusto Lins, que se diz confiante na retomada da economia, apesar dos percalços envolvendo a discussão das reformas no Congresso

Augusto Lins, presidente da Stone
Vitória / Rede Gazeta
Publicado em 19/09/2021 às 11h20

Em meio ao avanço da vacinação contra o coronavírus no país, que tem permitido a flexibilização das atividades, há quem avalie que o maior desafio para a continuidade da recuperação da economia brasileira é o andamento das reformas estruturais em tramitação no Congresso.

A reportagem conversou com Augusto Lins, presidente da Stone, fintech brasileira de meios de pagamentos, sobre o cenário macroeconômico do Brasil, e sobre como a crise tem impactado pequenos e grandes negócios. Para ele, o que deve ser feito está claro, mas existem ainda dificuldades em relação à execução.

Augusto Lins

Presidente da Stone

"O cenário está muito claro. Estamos debatendo reforma administrativa, reforma tributária. Já se sabe o que precisa ser feito para que a economia possa continuar a avançar. Mas precisamos finalizar esses projetos, deixá-los bem amarrados e então aprovar. É um desafio de execução"

A segunda fase da reforma tributária, apresentada pela equipe econômica do governo federal à Câmara dos Deputados no dia 25 de junho já está em discussão. A proposta altera regras de tributação de renda de pessoas físicas e jurídicas, assim como investimentos. Contudo, a primeira etapa, enviada no ano passado, pouco avançou desde então.

reforma administrativa, que tem como objetivo alterar as regras para futuros funcionários públicos, também caminha a passos lentos, embora o governo estime que a aprovação da primeira etapa, que cria normas gerais para o funcionalismo, deva ocorrer ao final deste ano.

Confira a seguir a entrevista completa com o empresário Augusto Lins, presidente da Stone.

Como a pandemia afetou os negócios da Stone?

Trata-se de um negócio digital, mas que sofreu um grande baque nos momentos mais críticos da pandemia, porque, diante das restrições, os consumidores param de comprar, os lojistas param de vender, as transações caem, e como vivemos de vendas, houve um impacto no volume de negociações. Essa mesma situação foi enfrentada por empresas de todo o país, que tiveram que se adequar a novas formas de fazer negócios durante a pandemia.

Esse cenário mudou a relação com os empreendedores de alguma forma?

Montamos um fundo de mais R$ 100 milhões para dar crédito aos nosso clientes, depois um fundo de R$ 30 milhões para dar alívio. Criamos soluções, ensinamos a vender via redes sociais, a se conectar em marketplace. Então, houve um trabalho importante de treinamento, compartilhar conhecimento.

Como essa migração para o mercado virtual beneficiou os negócios?

Quando a retomada das atividades teve início, após a primeira onda, veio com muita venda on-line porque as lojas ainda faziam um exercício de abre e fecha. Durante o segundo semestre tivemos uma recuperação legal. Depois veio a segunda onda, os negócios sentiram um tranco novamente, mas menos porque os clientes passaram a consumir on-line e o lojista aprendeu a vender dessa forma. Quem dita para onde vai esse mercado é o consumidor.

Quais são as perspectivas atuais?

Hoje, o cenário é totalmente diferente daquele vivenciado no ano passado. Naquela época, contivemos investimentos, com receio pelo que estava por vir, assim como muitas empresas também fizeram. Agora não. Entendemos a crise, a vacinação está chegando, é um momento positivo, vemos uma luz no fim do túnel. Vislumbramos um momento positivo na economia, não apenas no país, mas no Espírito Santo.

Há investimentos previstos para o Espírito Santo?

Nosso investimento aqui é em talentos, trazer gente, ampliar os escritórios. Atender bem os clientes e garantir que tenhamos um serviço de qualidade. Hoje, temos cerca de 120 colaboradores e pretendemos chegar a 200 até o final do ano, então vamos praticamente dobrar.

Como avalia o cenário econômico do país atualmente?

Há alguns motivos para estar otimista. Durantes vários meses tivemos taxas de juros muito baixas, que beneficiaram as empresas, facilitaram tomar crédito. Temos visto empresas que conseguiram expandir por causa disso, inclusive no Espírito Santo. A vacinação também está avançando, e isso nos dá mais segurança, inclusive quanto ao fortalecimento das pequenas e médias empresas, que, retomando, ajudam a retomar a economia. A economia internacional também tem nos beneficiado. Temos visto várias commodities se valorizando após a primeira onda da pandemia, e, salvo alguns momentos pontuais, o mercado também tem dado sinais de otimismo, as projeções estão melhores.

Mas ainda há desafios, certo? O que precisa melhorar?

O cenário está muito claro. Estamos debatendo reforma administrativa, reforma tributária. Já se sabe o que precisa ser feito para que a economia possa continuar a avançar. Mas precisamos finalizar esses projetos, deixá-los bem amarrados e então aprovar. É um desafio de execução. Ainda assim, estou bastante confiante de que conseguiremos aprovar o quanto antes. O que precisamos é continuar avançando com a vacinação e com as reformas, para que as empresas consigam se reerguer. Com as pequenos e médios negócios, principalmente, retomando, a economia como um todo aquece.

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