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Inflação alta se manterá como vilã das famílias e das empresas em 2022

Inflação alta se manterá como vilã das famílias e das empresas em 2022

Especialistas avaliam que a economia surpreendeu positivamente em alguns momentos deste ano, após a segunda onda da pandemia da Covid-19, mas destacam que o cenário futuro ainda é de muitas incertezas

Publicado em 17 de setembro de 2021 às 17:56

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Evento Fucape Open realizado no auditório da faculdade
Evento Fucape Open realizado no auditório da faculdade. (Vitor Jubini)

O aumento generalizado de preços, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), deve continuar a ser um dos principais desafios para as famílias e as empresas no próximo ano.  O panorama foi apresentado durante o Fucape Open - "Cenários Econômicos, reformas e perspectivas para 2022", realizando nesta sexta-feira (17), em Vitória. O encontro, promovido pela Fucape, com apoio da Rede Gazeta, reuniu nomes de peso na economia nacional.

Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos e ex-integrante da equipe do ministro Paulo Guedes, avalia que a economia surpreendeu positivamente em alguns momentos deste ano, após a segunda onda da pandemia da Covid-19, no primeiro trimestre. Apesar disso, destaca que o cenário futuro ainda é de muitas desafios.

"A economia brasileira continua se recuperando da recessão do ano passado, com a vacinação, com a reabertura da economia. Mas os desafios para o ano que vem estão crescendo. A inflação tem subido e o Banco Central (BC) está sendo obrigado a subir a taxa de juros até mais do que se esperava inicialmente", observa. 

Junto à recuperação da economia veio uma expansão da inflação, ligada ao aumento de custos de produção, interrupção de cadeias globais e a desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar. Além disso, com maior injeção de recursos na economia, por meio de programas de transferência de renda criados durante a pandemia, como o auxílio emergencial, houve um aumento da demanda interna, que favoreceu a elevação dos preços.

Para tentar conter esse avanço da inflação, o BC vem aumentando gradualmente as taxas de juros. A medida tem como "efeito colateral" dificultar ainda mais a tomada de crédito no mercado, e faz com que mais empresas "puxem o freio" nos investimentos. 

Após passar seis meses em 2%, menor patamar da história, a Selic começou a ser reajustada em março e, hoje, já alcança 5,25%. O próprio BC já sinalizou que pode aumentar ainda mais este percentual até o final do ano. A alta da taxa básica de juros acaba impactando também nas contas públicas.

“Um dos problemas mais imediatos é como a gente vai fechar as contas. A gente vem desde 2013, 2014 rodando no vermelho, com a relação dívida/PIB subindo, e isso é um problema. Dívida pública grande afeta as taxas de juros, e as taxas de juros subindo afetam as condições das empresas e a capacidade da economia de girar”, pontuou Megale.

O sócio diretor Institucional da XP Investimentos, Rafael Furlanetti, observa que embora o momento seja de cautela, o país enfrenta uma sucessão de crises que fazem da incerteza praticamente uma regra do jogo. Assim, é preciso também aprender a lidar com essa volatilidade e continuar investindo e inovando, de modo que os negócios continuem crescendo e gerando emprego e renda.

Contudo, o executivo reforça que o momento pede por uma boa gestão fiscal, não apenas para que as empresas possam continuar prosperando, mas também por conta do impacto que as consequências do desequilíbrio nas contas públicas exerce no dia a dia das famílias, a exemplo das taxas de juros e da inflação.

“A boa gestão fiscal, quem ela mais ajuda? Ajuda a dona Maria, lá em Barra de São Francisco, Ecoporanga, Domingos Martins, que não consegue comprar um título atrelado à inflação para se proteger do descontrole fiscal do país. Ela não consegue comprar dólar para se ‘rediar’ da alta do dólar. Ela vai pagar isso mais caro na conta de energia, no custo do alimento. A vida dela fica pior.”

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A boa política pública é mais importante sobretudo para a população lá na ponta, porque a gente faz chegar o dinheiro, faz ter juros mais baixos e melhora a vida das pessoas. No final, é a gente que paga essa conta

Rafael Furlanetti
Sócio diretor Institucional da XP Investimentos
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Na visão do economista capixaba Bruno Funchal, que comanda a Secretaria do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, o grande desafio envolvendo as contas públicas, no momento, é equacionar o Orçamento, considerando o crescimento de despesas obrigatórias e a expansão de políticas sociais.

Um dos principais dilemas atuais envolve a criação do novo Bolsa Família, que deve começar a ser pago ainda neste ano, após o fim do auxílio emergencial. Para financiar a expansão do programa social, o governo federal a elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

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A lógica é: terminando o auxílio emergencial, cai no novo programa, ou seja, nos últimos dois meses, e para isso tem que ter compensação. A gente tem a compensação, aprovando (a reforma do) Imposto de Renda, para 2022 e 2023, e precisa para novembro e dezembro. O IOF, uma parte da explicação, é para compensação do Auxílio Brasil de R$ 300

Bruno Funchal
Economista e secretário do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia
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O governo também trabalha com uma tentativa de flexibilização do pagamento de precatórios a partir do próximo ano, para abrir espaço para outras despesas.

“Acho que resolvendo essas questões, no ano que vem o cenário melhora bastante para o Brasil, e isso acaba se refletindo nos negócios. Em relação ao Espírito Santo, acho que tem um caminho bom pela frente, o município de Vitória também, as contas estão organizadas então o que resta é isso: olhar para essa trajetória da economia e voltar a gerar negócios, gerar empregos.”

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