Espírito Santo tem economia bastante voltada para a exportação
Espírito Santo tem economia bastante voltada para a exportação. Crédito: Vitor Jubini/Montagem

Made in ES: os produtos capixabas que conquistam o mundo

Com vocação para comércio exterior, muitas mercadorias produzidas no Estado rompem divisas e fronteiras, conquistando todos os cantos do planeta

Vitória / Rede Gazeta
Publicado em 16/09/2021 às 11h01

O Espírito Santo é reconhecidamente um Estado exportador. Com forte abertura ao comércio exterior, as relações de compra e venda com outros países representam 40% do PIB estadual, segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) relativos a 2020. Em comparação, no Brasil, este percentual é de 20%.

Apesar de ter sofrido com a crise, essa parte importante da nossa economia mostra sinais de recuperação. O comércio exterior capixaba iniciou o ano de 2021 com crescimento de 13,61% no primeiro trimestre, comparado ao mesmo trimestre do ano passado, e 19,83% frente ao trimestre imediatamente anterior.  Em termos absolutos, as exportações capixabas cresceram US$ 532,4 milhões entre o último trimestre de 2020 e o primeiro trimestre deste ano.

US$ 532,4 milhões

Foi o crescimento das exportações do ES no primeiro trimestre de 2021

Nessa dinâmica, se destacam principalmente as commodities, ou seja, as matérias-primas, como o minério de ferro, a celulose, o café, o petróleo e as rochas ornamentais. Juntos, esses itens correspondem a 70% da pauta de exportação do Estado.

Contudo, há muitos outros produtos “Made in ES” que viajam longas distâncias e são consumidos mundo afora. A carne do boi abatido em Colatina alimenta famílias no Oriente Médio. As pias esculpidas em granito na Serra embelezam cozinhas nos Estados Unidos. Mesas de jantar feitas em Linhares estão em casas das Filipinas. Já as embalagens plásticas também produzidas na Serra podem ser encontradas em mercados da Argentina.

Tratam-se de produtos manufaturados ou de consumo que, embora não representem atualmente uma parte importante da nossa pauta exportadora, têm alto valor agregado e mostram que as indústrias do Estado têm expertise e tecnologia para atender qualquer mercado.

DESDE A DÉCADA DE 70

Primiera remessa de carne da Frisa ao exterior, para a Grécia, na década de 1970
Primeira remessa de carne da Frisa ao exterior, para a Grécia, na década de 1970. Crédito: Divulgação/Frisa

Exportando carne bovina há mais de 40 anos, o frigorífico Frisa hoje destina cerca de 45% da produção para fora do Brasil. Na década de 70, a planta da empresa, em Colatina, registrou o primeiro envio de carne congelada do Estado para o exterior. A carga foi parar na Grécia.

Atualmente a unidade está habilitada para exportar para diversos outros países europeus, da América Latina, China, Estados Unidos e até para o Oriente Médio, que, por questões culturais, exige um abate diferenciado do animal.

Carne da Frisa é exportada para Europa, Estados Unidos, China e Oriente Médio
Carne da Frisa é exportada para Europa, Estados Unidos, China e Oriente Médio. Crédito: Divulgação / Frisa

Segundo a assessora da presidência da empresa, Maria Stella Coutinho, que já ocupou cargo de gerente de exportação, para estar habilitada a produzir carne para tantos locais é preciso atender a diversas exigências sanitárias e de qualidade. Por isso, no fim das contas, o processo de exportação da carne beneficia também o consumidor interno.

“O mercado interno é o que mais ganha, pois acabamos tendo um controle grande na produção, e um produto que é de ótima qualidade. Não fica no mercado interno a carne pior. Se a gente trabalha com animais melhores, parte dos cortes vai para fora e parte fica no mercado interno, mas é o mesmo animal”, aponta.

BLOCOS, PISOS, PIAS E ATÉ ESCULTURAS

Outro produto que tem a “cara” do Espírito Santo são as rochas ornamentais, que passam por um boom de exportações em 2021 com crescimento de 43% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Embora a maior parte do material que sai do Estado atualmente seja composta de blocos e placas, que são usados em outros países como matéria-prima para outros produtos, cada vez mais as empresas do Estado têm investido em um maior grau de beneficiamento da pedra.

“Tivemos a fase dos blocos na década de 80 e 90. Passamos por uma industrialização em que começamos a produzir mais chapas polidas. O próximo passo é produzir peças acabadas. Contudo, isso demanda melhora no parque fabril, expertise de fazer negociações internacionais. Já temos empresas que estão despontando nisso, mas, como um todo, o setor precisa subir a régua”, avalia o gestor de projetos do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas (Centrorochas), Rogério Ribeiro.

Bancada em granito com pia esculpida da Brasigran
Bancada em granito com pia esculpida da Brasigran. Crédito: Divulgação/ Brasigran/ Diego Morales

Uma dessas empresas é o Grupo Corcovado Brasigran, que fica na Serra. Com 45 anos no mercado de rochas, há seis anos investiu em um maquinário que consegue fazer cortes em 3D. Agora, a empresa exporta também revestimentos, pisos cortados e bancadas, além de objetos ainda mais complexos.

"Há pouco tempo a gente criou o braço na empresa para objetos, como cubas esculpidas e esculturas. Já exportamos alguma coisa para os Estados Unidos, mas vamos exportar ainda mais. Quando se tem toda a produção dentro de uma empresa só torna a negociação mais fácil e mais viável. E aí você consegue entregar produtos que até então só eram feitos pelos asiáticos, ou pelos italianos”, conta uma das diretoras da empresa, Renata Malenza.

EMBALAGENS PLÁSTICAS NA AMÉRICA LATINA

Linha de produção da Fibrasa
Linha de produção da Fibrasa. Crédito: Ricardo Medeiros

Outra companhia tradicional e que se aventurou recentemente fora das fronteiras brasileiras é a Fibrasa, que produz embalagens plásticas para alimentos, como potes de manteiga, iogurte, garrafas de água, entre outros. Há sete anos a empresa iniciou a venda dos produtos para a Bolívia.

Percebendo que os países vizinhos ao Brasil não tinham empresas que ofereciam esses produtos, notou uma possibilidade de crescimento das vendas.

“Então avançamos para o Paraguai, Uruguai e Argentina. A gente vem crescendo ano a ano nossas exportações e hoje temos carteira que gira em torno de 5% a 7% do faturamento em exportações”, aponta o diretor comercial da empresa, Marino Escudero.

Com uma fábrica na Serra e outra em Pernambuco, a Fibrasa também vende os produtos para praticamente todos os Estados brasileiros. Os planos são de expansão na América Latina para países como Colômbia, Peru e Venezuela.

ÁFRICA, FILIPINAS E GUINÉ EQUATORIAL

Fábrica da Cimol Móveis, em Linhares
Fábrica da Cimol Móveis, em Linhares. Crédito: Divulgação / Cimol Móveis

Em Linhares, os 150 funcionários da fábrica da Cimol produzem móveis de sala de jantar e de dormitório para o mercado nacional e também para o exterior. Os produtos são vendidos para países africanos, Chile, Filipinas e Guiné Equatorial.

Segundo o diretor comercial da empresa, Vitor Guidini, parte da produção sempre foi destinada ao mercado externo. A alta do dólar beneficiou o setor e hoje 15% dos 40 mil produtos fabricados mensalmente na unidade vão para fora do país.

“A questão de mandar para outros países é um ganho de conhecimento, novos mercados, e a empresa pretende investir e manter o que tem hoje. Mas temos ideia de manter de 10 a 15% da nossa produção para ser exportada”, diz.

TERRA DO PETRÓLEO, DA CELULOSE E DO SEGMENTO SIDERÚRGICO

O Espírito Santo também se destaca por ser um dos grandes produtores de commodities do país. Dentre as matérias-primas exportadas pelo Estado estão as pelotas de minério de ferro, o aço e a celulose, que tiveram grande valorização no mercado global nos últimos meses, beneficiando as indústrias capixabas. 

Também entram nesta lista produtos como café, petróleo e rochas ornamentais, que têm alta demanda mundo afora. Juntas, as commodities chegam a corresponder a mais de dois terços das exportações capixabas.

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