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Alimentos estão mais caros e supermercados culpam indústria

Alimentos estão mais caros e supermercados culpam indústria

Produtos como arroz, feijão, óleo e carne também estão chegando em menor quantidade às prateleiras no ES. Aumento do consumo na pandemia influenciou alta, mas não é o único fator

Publicado em 5 de setembro de 2020 às 08:12

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Pandemia de coronavírus: supermercados amanhecem lotados em Vitória
Foto de 02/03/2020 mostra clientes no supermercado no início da pandemia. (Ricardo Medeiros)

Arroz, feijão, óleo e carne. Esses são apenas alguns dos alimentos que têm sido vendidos com preços mais "salgados" nos supermercados do Espírito Santo. De um lado, consumidores reclamam da alta dos preços. De outro, donos de supermercados culpam a indústria. Eles afirmam que os produtos já estão chegando aos estabelecimentos com valores elevados, e, muitas vezes, em menor quantidade do que a encomendada.

Empresários afirmam que além do aumento do consumo durante o período de isolamento social, em que mais pessoas passaram a se aventurar na cozinha, somaram-se ainda outros fatores, como a alta do dólar e o período de safra dos alimentos.

O presidente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), João Falqueto, explicou que, aliado a esses pontos, existe o fato de que, até pouco tempo atrás, os produtores de determinadas culturas, como o arroz, estavam desestimulados com o valor da mercadoria no país, e, por isso, produziram menos do que poderiam. E, do pouco que produziram, a maioria tem sido exportada.

“As commodities nunca estiveram tão favoráveis ao produtor, principalmente o arroz, que, nos últimos anos, estava apresentando queda na produção porque os agricultores estavam indo mais para a soja, que pagava melhor. Com a pandemia, a soja, que já vinha ganhando em volume, passou a ser ainda mais demandada pelo mercado exterior, e, pela alta do dólar, os produtores têm preferido exportar”, explicou Falqueto.

Com isso, sobe o preço do óleo de cozinha, cujo litro já custa, em média, R$ 5,30. O pacote de cinco quilos de arroz já chega a R$ 17, em média. O trigo, que é fortemente importado, já se aproxima dos R$ 4 por quilo. O feijão, em torno de R$ 8. O leite e as carnes bovina, suína e de aves também têm apresentado aumento, tanto pelo período de entressafra, quanto pelo aumento das exportações.

Diante desse cenário, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) comunicou à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, sobre reajustes generalizados praticados pela indústria e disse que o setor tem sofrido “forte pressão” por aumentos de preços de itens da cesta básica. O órgão alertou ainda para o risco de desequilíbrio entre a oferta e a demanda num momento de crise sanitária.

O vice-presidente da Abras, João Devens, explicou que uma reunião entre o presidente da Associação e o presidente Jair Bolsonaro está marcada para a próxima semana para discutir a questão.

“É uma situação complicada e pode piorar ainda mais. Em alguns casos, o preço da indústria hoje é maior do que estamos vendendo nos supermercados. Então pode ser que ainda venha mais aumento por aí. Os empresários estão segurando parte dos preços, mas, uma hora, vão ter que repassar.”

VENDAS LIMITADAS

O vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Devens destacou que não existe, no momento, risco de desabastecimento, mas que os alimentos de fato têm demorado a chegar, e às vezes não chegam nas quantidades necessárias.

“Diante disso, algumas redes têm limitado, pontualmente, a venda de certos produtos porque, mesmo comprando, não conseguem oferta rápida. Não está faltando, é só mesmo uma forma de continuar abastecido até que o próximo carregamento chegue.”

O proprietário das redes Carone, William Carone Júnior, explicou que a medida tem sido adotada em seus estabelecimentos, como em outros, para contornar a situação.

“Como estamos demorando a receber certos produtos, há gente de mercearia, padaria, indo para dentro do supermercado comprar para vender mais caro ali na frente. Estamos limitando, vendendo só para o consumidor final, para que possamos vender para o maior número de pessoas. É uma forma que a gente tem de atender todo mundo da melhor forma possível.”

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A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) foi questionada a respeito da situação, mas não respondeu até a conclusão desta reportagem, que poderá ser atualizada posteriormente.

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