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Ações da Vale caem 15% em um mês; qual é o futuro desses papéis?

Ações da Vale caem 15% em um mês; qual é o futuro desses papéis?

Crise do mercado imobiliário e redução de investimentos em infraestrutura derrubaram a demanda por minério de ferro na China, afetando as ações da mineradora; entenda

Publicado em 30 de setembro de 2021 às 15:54

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Pilha de minério de ferro em pátio da Vale
Pilha de minério de ferro em pátio da Vale. (Vale/Divulgação - GZ)

Em meio a um cenário externo conturbado, com a redução de obras de infraestrutura e uma potencial crise no mercado imobiliário da China, que derrubaram a demanda do minério de ferro, as ações da mineradora Vale recuaram cerca de 15% nos últimos 30 dias.

Para o investidor, que viu as ações da companhia deslancharem desde o final do ano passado por causa da valorização do minério, a correção robusta em poucas semanas foi uma surpresa desanimadora. No segundo trimestre de 2021, a commodity chegou a alcançar o patamar histórico de US$ 220.

A queda está diretamente ligada às oscilações do preço do minério. Desde o mês passado, o preço do produto cedeu mais de 35%, sendo cotado, hoje, a cerca de US$ 120.

Apesar do momento delicado, analistas de mercado apontam que, até o momento, as ações da companhia são consideradas lucrativas e podem ser vistas como um bom investimento, principalmente quando respeitada a máxima de diversificação de ativos.

O sócio-fundador da Pedra Azul Investimentos, Lélio Monteiro, pontua, por exemplo, que a empresa tem apresentado lucros bilionários e tem pagado dividendos aos acionistas, o que é um bom sinal.

US$ 120
é a cotação atual do minério de ferro

“Nesse momento, nesse preço, diversas casas de análise estão até recomendando (comprar ações da) Vale. Entende-se que vai continuar lucrativa e pode continuar rendendo nos próximos anos, mesmo com o minério do jeito como está.”

Ele destaca, contudo, que é preciso observar o andamento da situação na China, e que uma eventual paralisação do mercado imobiliário daquele país pode causar novas oscilações. “Ainda não sabemos em que pé isso vai ficar. Se vão conseguir conter. Mas, até então, é considerado um investimento lucrativo.”

O especialista em renda variável da Valor Investimentos, Paulo Luives, pontua que, considerando a queda da demanda global por minério, dificilmente a commodity voltará a alcançar patamares superiores a US$ 200 em um breve intervalo de tempo.

Mas ele reforça que, mesmo cotado a cerca de US$ 120, o produto está com um preço melhor do que o observado em anos anteriores.

“Temos visto essas oscilações. O minério chegou a cair US$ 90 há alguns dias, e já voltou a US$ 120. Na média, ainda está superior aos anos anteriores e agora deve alcançar um ponto de equilíbrio. É difícil cravar o que virá pela frente, porque não é só isso que influencia na cotação das ações, mas, em condições normais, com o preço do minério voltando a subir, os papeis da Vale também tendem a se valorizar.”

ENTENDA A CRISE NA CHINA

Há alguns meses, o governo chinês vem sinalizando que não pretende mais fazer investimentos robustos em infraestrutura e importações, como vinha fazendo anteriormente. Agora, o plano é focar no mercado doméstico e, com isso, o crescimento do país tende a ocorrer de forma mais moderada, o que também impacta a demanda por commodities daqui para a frente.

Não obstante, em uma tentativa de controlar a inflação e diminuir o impacto ambiental da produção de aço, principalmente diante da proximidade das Olimpíadas de Inverno de 2022, o governo chinês impôs restrições à fabricação do metal no país.

Medidas como o fechamento de plantas de produção e tarifas sobre a exportação de aço resultaram na diminuição brusca de demanda pelo minério de ferro, insumo usado na fabricação do aço. Os impactos da decisão devem ser sentidos, pelo menos, até o próximo ano.

Somado a isso, há o risco de falência da segunda maior incorporadora imobiliária da China, a Evergrande, que colocou o mercado global em alerta. A companhia acumula mais de US$ 300 bilhões em dívidas, e o temor é de que dê um calote em seus credores, o que pode pode abalar fortemente a economia chinesa e provocar um efeito cascata, afetando os principais parceiros comerciais do país asiático, entre eles o BrasilNo Espírito Santo, a Vale e outras empresas que exportam podem ser afetadas.

Essa incerteza em relação aos desdobramentos do caso abalou os mercados mundiais na semana passada, com as Bolsas sofrendo fortes quedas em seus pregões. Havia certo temor de que o eventual colapso do grupo empresarial chinês desencadeasse um episódio semelhante ao que houve com o Lehman Brothers, o banco estadunidense que faliu e deu início à crise financeira de 2008.

Na segunda-feira (27), o banco central da China prometeu proteger os consumidores expostos ao mercado imobiliário e injetou mais dinheiro no sistema bancário, no sinal mais claro até agora de que as autoridades chinesas podem tomar medidas para conter os riscos representados pela Evergrande. A ação, entretanto, não reverte a queda na demanda por minério.

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