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Publicado em 5 de março de 2021 às 09:40
- Atualizado há 5 anos
Em questão de segundos, tudo pode mudar. A frase é clichê, mas expressa bem a transformação que o estudante de Fonoaudiologia Matheus Pinheiro Ferreira, de 22 anos, convive desde o último dia 2 de janeiro. Nesta data, após passar a tarde na Praia da Curva da Jurema, em Vitória, o jovem voltava, de bicicleta, para casa no bairro Santos Dumont e quando passava pela Rua Amélia da Cunha Ornelas, em Bento Ferreira, um pequeno descuido ocasionou um grave acidente. >
Por volta das 17h30, ao olhar para baixo enquanto pedalava para ver algo na bicicleta, Matheus, sem perceber, mudou levemente a direção e foi de encontro a uma árvore na calçada. No impacto, ele bateu com a cabeça contra o tronco, provocando um efeito "chicote" no pescoço. A batida causou uma lesão medular nas vértebras C5 e C6 e, desde então, o jovem perdeu os movimentos e a sensibilidade nos membros inferiores, em um quadro de paraplegia. Com a "chicotada", o boné que Matheus usava foi parar longe e o rapaz caiu inconsciente. >
O estudante de Fonoaudiologia foi socorrido inicialmente por uma pessoa que mora na rua e assim que retomou a consciência Matheus relatou não sentir as pernas, como dito pela namorada dele, a estudante de Enfermagem Gabrielle Rodrigues Bermudes, de 22 anos, que desde o dia do incidente acompanha o companheiro na recuperação.>
"A gente não sabe se ele foi ver algo na corrente ou no pedal, mas infelizmente ele acabou batendo forte com a cabeça na árvore. Assim que ele acordou, o Matheus logo disse que não conseguia mexer as pernas. A pessoa que o socorreu,de imediato ligou para os pais dele e depois o Samu o resgatou. Depois ele deu entrada no Hospital de Urgência e Emergência, onde foi internado. Até hoje ele não se recorda do que aconteceu naquele dia", contou a jovem.>
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Já no hospital, Matheus passaria por uma cirurgia na terça-feira seguinte ao acidente, mas uma broncoaspiração fez o quadro clínico do jovem, que também é músico, piorar e ter de passar por uma intervenção de emergência. >
"Estava tudo certo para ele ser operado, mas acabou aspirando líquido e precisou de intervenção. Ele só operou na quarta (6), mas teve de passar por uma traqueostomia (procedimento no qual um orifício é aberto emergencialmente na região do pescoço em pessoas com dificuldades para respirar) e acabou desenvolvendo três pneumonias e outras complicações. Foram 16 dias intubados na UTI desde a cirurgia", explicou Gabrielle. >
Nos 48 dias internados na UTI, além do apoio da família e da namorada, Matheus não se afastou da música. Ainda que não pudesse ouvi-la enquanto em como induzido, muitas canções foram colocadas na tentativa de um escape para o momento novo e difícil. >
"A música é algo que ele ama e sempre colocava algumas para ajudar ele de algum jeito. Além de cantar, ele também é compositor. Depois que ele melhorou e foi transferido para uma clínica de desospitalização (na Serra) a música é uma constante na recuperação dele e o alegra", detalhou a namorada. >
Evoluindo a cada dia, Matheus deve deixar a clínica entre o fim deste mês e o início de abril, quando retornará para casa. Embora em um local particular, todos os custos são arcados pelo SUS, o que não ocorrerá quando retornar até o próprio lar. Até por isto ele, a família e a namorada contam com o apoio de pessoas próximas para que siga em evolução.>
"Ele tem sido muito bem atendido na clínica, mas quando sair, vai ter de fazer fisioterapia, principalmente para não atrofiar a musculatura das partes que ele manteve a sensibilidade e os movimentos, além das sessões de fono. Por conta da traqueostomia, a voz fica prejudicada e para recuperá-la ele terá que fazê-la (fisioterapia). É um momento muito delicado, mas vamos superando diariamente", disse Gabrielle.>
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