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Um mês após denúncia de A Gazeta, plataforma abandonada desaba em Vitória

Um mês após denúncia de A Gazeta, plataforma abandonada desaba em Vitória

Estrutura localizada na Avenida Beira-Mar desabou nesta terça-feira (17) e oferece riscos a quem passa pela calçada. Mau estado de conservação foi denunciado em reportagem no início de julho

Publicado em 17 de agosto de 2021 às 18:07

 - Atualizado há 4 anos

Plataforma em Vitória veio abaixo cerca de um mês depois de denúncia
Plataforma em Vitória veio abaixo cerca de um mês depois de denúncia Crédito: Fernando Madeira

No início de julho, A Gazeta denunciou o abandono e mau estado de conservação da plataforma que era utilizada para embarque e desembarque dos antigos catraieiros — condutores de embarcações que faziam a travessia entre Vitória e Vila Velha. Agora, pouco mais de um mês depois, ela veio abaixo.

Nesta terça-feira (17), o fotógrafo Fernando Madeira registrou a estrutura metálica caída, com os pilares de sustentação enferrujados e levantados, invadindo parte da calçada da Avenida Beira-Mar, no Centro da Capital. A estrutura oferece riscos a quem passa pela calçada. Veja vídeo do local:

Na ocasião da primeira reportagem já dava para perceber vários sinais de deterioração da plataforma: o metal estava corroído em vários pontos, de cima a baixo; o chão de concreto apresentava buracos e desníveis; o telhado tinha furos e parte dos corrimões e parapeitos estavam soltos.

Outro agravante da situação é que o espaço, embora já não fosse utilizado com a finalidade inicialmente proposta, é totalmente acessível a pedestres. Como fica na região do Porto de Vitória, com vista para o Morro do Penedo, muitas pessoas paravam no local para apreciar a vista, fotografar ou pescar.

Ex-presidente da Associação de Catraieiros, Aderaldo Francisco Alves relatou que pelo menos até junho de 2015 — quando a atividade da categoria foi interrompida — a estrutura era de responsabilidade da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), que também fazia a manutenção.

"Enquanto nós estávamos lá, a Codesa fazia manutenção. Depois, abandonaram. Isso é um risco para a população, já que a estrutura é de ferro e qualquer problema pode cortar e causar dano"

Aderaldo Francisco Alves

Antigo presidente da Associação de Catraieiros

No mês passado, diante dos problemas evidentes, a reportagem de A Gazeta acionou a Codesa por cinco dias e, apesar da insistência, não obteve nenhuma resposta. Na ocasião, a Prefeitura de Vitória também foi demandada, já que a entrada da estrutura fica na calçada, sem qualquer tipo de sinalização ou interdição, e disse apenas que a plataforma não era de responsabilidade do município.

Plataforma em Vitória veio abaixo cerca de um mês depois de denúncia por Fernando Madeira

Apesar da queda da plataforma na tarde desta terça-feira, o Corpo de Bombeiros esclareceu que não foi acionado para atender ocorrências no local. Até o momento, felizmente, não há informações de que alguém tenha se ferido com o desabamento.

SOBRE AS PROVIDÊNCIAS

Novamente questionada, a prefeitura informou que "o empreendimento foi construído pela Codesa" e, mais uma vez, não se posicionou a respeito da estrutura oferecer risco a quem passa por uma das principais avenidas da cidade. O município também não esclareceu se tomou alguma providência.

A Marinha manteve o posicionamento, garantindo que "realiza fiscalização no mar aberto e em hidrovias interiores a fim de garantir a segurança da navegação, a salvaguarda da vida humana no mar e a prevenção da poluição hídrica causada por embarcações, plataformas ou instalações de apoio".

Plataforma que era usada por catraieiros na Beira-Mar está em visível situação de abandono por Fernando Madeira

A Capitania dos Portos do Espírito Santo também esclareceu que lhe cabe "conceder o parecer para casos de reforma ou manutenção de obras realizadas que acarretem mudanças de traçados ou projetos que possam provocar novas interferências ao tráfego aquaviário ou à segurança da navegação", quando comunicada formalmente pelo responsável.

Apontada pela Prefeitura de Vitória e pela antiga Associação dos Catraieiros como a responsável pela estrutura, a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) respondeu, por meio de nota, que "nunca explorou este equipamento e a operação e manutenção sempre foi de responsabilidade dos próprios catraieiros que exerciam atividades de transporte público no Canal de Vitória".  A companhia afirmou ainda  que "como gesto de demonstração de respeito à cidade, fará, imediatamente, o isolamento da área e, em 30 dias, executará a remoção" da estrutura".

CANAL PARA DENÚNCIA

A Marinha do Brasil defende a participação da sociedade, que pode fazer denúncia diretamente com a Capitania dos Portos do Espírito Santo pelo telefone (27) 2124-6526 ou pelo e-mail cpes.denuncia@marinha.mil.br. Há ainda a possibilidade de usar o aplicativo "Praia Segura" em celulares Android e iOS.

Atualização
18/08/2021 - 13:15hrs
A Codesa enviou nota informando que não é responsável pela plataforma, mas que fará o isolamento e remoção da estrutura. O texto foi atualizado.
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