Publicado em 28 de abril de 2024 às 15:06
A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) vai participar do teste de um novo medicamento que já tem evidências de boa resposta para a cura da hepatite B. Para isso, pesquisadores selecionaram voluntários que serão acompanhados no tratamento inédito por dois anos. >
O estudo é realizado por uma indústria farmacêutica do Reino Unido e abrange 48 países, incluindo o Brasil. No país, a coordenação dos testes é feita pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.>
Ao todo, oito centros de pesquisas estão envolvidos na investigação, compreendendo as regiões Nordeste, Sudeste e Sul do território brasileiro.>
No Espírito Santo, cerca de 60 participantes se inscreveram como candidatos ao teste. São homens e mulheres diagnosticados com hepatite B crônica há pelo menos um ano e que tomam medicamento para a doença de forma regular por igual período.>
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Eles vão passar por triagem e exames até que sobrem os dez últimos que tomarão o medicamento.>
No estado capixaba, a pesquisa será feita pelo Centro de Infectologia do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam). A infectologista e coordenadora médica do teste no Espírito Santo, Rúbia Miossi, deu detalhes de como a seleção vai ser feita.>
“Procuramos voluntários que se encaixam perfeitamente no perfil do estudo. Para selecionar os dez, serão feitos exames de sangue, eletrocardiograma, exame físico, de pressão, levantamento do histórico clínico… Isso é o que vai dizer se o paciente é candidato ou não ao uso do remédio”, disse.>
Depois de definidos, os voluntários vão tomar o medicamento novo por um período de seis meses, e o acompanhamento dessas pessoas será feito por dois anos.>
“O remédio é uma injeção. Os pacientes vão continuar tomando o comprimido do qual já fazem uso durante parte do período e, em um dado momento, essa medicação tradicional vai ser suspensa para vermos se o novo remédio tem resposta. A ideia é potencializar a cura sem substituição do medicamento atual, inicialmente, e depois sim extinguir o vírus do fígado”, explicou Miossi.>
Segundo a infectologista, o remédio que existe hoje só controla o vírus, não cura.>
"O objetivo é que o novo remédio acabe com o vírus para que o paciente não precise mais usar qualquer medicação e também não tenha risco de câncer, porque a hepatite B pode levar à cirrose e ao câncer".>
Coordenadora do Centro de Infectologia do Hucam desde 2002, Tânia Reuter considera que a pesquisa representa um grande avanço na busca pela cura da hepatite B. Além disso, afirma que o voluntário de um estudo desta natureza tem a oportunidade de ter um acompanhamento mais constante com uma equipe especializada.>
"Os voluntários terão a oportunidade de participar do desenvolvimento de uma nova medicação que já tem evidências de boa resposta quanto à cura da hepatite B e, dessa forma, terão acesso ao medicamento em primeira mão".>
De acordo com a Tânia, o Centro de Infectologia do Hucam já participou de diversos estudos voltados para o desenvolvimento de novos medicamentos para hepatites virais.>
"Estudos como esses deram origem a medicações disponíveis hoje para o tratamento de hepatite pelo SUS. A gente já conseguiu a cura para a hepatite C, a pessoa usa o remédio por dois, três meses e fica curada. Esse que vamos testar é o primeiro medicamento que vem com essa promessa para a hepatite B", falou.>
A hepatite B é uma doença causada por um vírus que ataca o fígado e pode ser transmitida de diferentes maneiras, como a prática sexual desprotegida e o compartilhamento de seringas, lâminas de barbear e outros objetos semelhantes, além da transmissão de uma mãe infectada para o filho durante a gestação ou parto.>
Atualmente, é uma doença que não tem cura, mas há tratamentos disponíveis por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), gratuitamente, com o objetivo de diminuir o avanço dela e as complicações causadas aos indivíduos infectados.>
“A hepatite B é uma doença mais crônica, o paciente não tem sintomas, às vezes nem sabe que tem a doença. Ela é silenciosa, mas o vírus está ali, vai destruindo as células até provocar um problema mais grave”, disse Rubia Miossi.>
De acordo com a Secretaria de Saúde do Espírito Santo, mais de mil casos de hepatite B foram registrados no Estado, somando os últimos quatro anos e os primeiros meses de 2024.>
Por Ana Elisa Bassi, g1 ES>
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