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Tromba d’água ou cabeça d’água? Entenda a diferença entre os fenômenos

Tromba d’água ou cabeça d’água? Entenda a diferença entre os fenômenos

Meteorologista explica como surgem, onde ocorrem e por que os dois fenômenos naturais representam riscos

Publicado em 7 de abril de 2025 às 16:38

Diferença entre tromba d'água e cabeça d'água
Tromba d'água e cabeça d'água: fenômenos naturais podem ocorrer em períodos de chuva Crédito: Reprodução de vídeo

Nos últimos dias, o Espírito Santo foi atingido por chuvas intensas e ventos fortes. Além de enxurradas, alagamentos, quedas de árvores e outros transtornos, o período chuvoso também pode levar ao surgimento de fenômenos naturais incomuns.

Foi o que ocorreu no último sábado (5), quando um redemoinho sobre o mar chamou a atenção de banhistas na Praia de Putiri, em Aracruz, no Norte do Estado. O fenômeno, conhecido como tromba d’água, costuma ser confundido com a cabeça d’água. Apesar dos nomes parecidos, ambos têm origens e características diferentes. A Gazeta ouviu um especialista para explicar essas diferenças.

"Muitas pessoas confundem cabeça d’água com tromba d’água, achando que ambas envolvem 'colunas de água' ou ocorrem da mesma forma. A confusão é comum, especialmente em áreas de turismo de natureza."

Mauro Bernasconi

Meteorologista do Simepar, a serviço da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (Cepdec)
O fenômeno natural acontece quando uma nuvem pesada de chuva forma um funil

Diferença dos fenômenos

De acordo com o meteorologista Mauro Bernasconi, a tromba d’água é um fenômeno meteorológico semelhante a um tornado, mas que ocorre sobre o mar ou outros corpos d'água. O evento é caracterizado por uma coluna de ar em rotação que se estende da base de uma nuvem até a superfície da água. A formação ocorre quando há grande instabilidade atmosférica, alta umidade e diferenças de temperatura entre o ar e a superfície da água, com correntes ascendentes fortes que geram rotação e conexão entre a nuvem e o mar.

Já a cabeça d’água é o nome popular dado a uma enchente repentina e violenta que ocorre em rios ou córregos e cachoeiras. O volume de água aumenta abruptamente devido a chuvas intensas, geralmente em áreas distantes do ponto onde o fenômeno é observado. O escoamento da água acaba elevando a vazão de forma súbita e perigosa.

PRINCIPAIS DIFERENÇAS

  • Tromba d’água: fenômeno meteorológico (semelhante a um tornado) ocorre sobre superfícies de água (mares, rios etc.) e possui aparência de coluna giratória de vento e água, que pode ser visto a distância.
  • Cabeça d’água: fenômeno hidrológico (associado à enxurrada) ocorre em rios, córregos e cachoeiras; atua como uma enchente súbita com aumento rápido do nível da água e muitas vezes não perceptível de imediato. Um exemplo pôde ser visto no ano passado, com um grande volume de água registrado na Cachoeira de Matilde (veja no vídeo abaixo).
Cenário impressionou até quem é acostumado a frequentar o local. O registro foi feito neste sábado (23)

Como se proteger?

A cabeça d’água ocorre de forma repentina e, por isso, representa grande risco a banhistas em rios e cachoeiras. Bernasconi recomenda que as pessoas evitem permanecer nesses locais durante ou após chuvas. É importante também estar atento a sinais, como aumento repentino no barulho da água, alteração na cor (água turva) e presença de galhos descendo o rio. Além disso, é essencial buscar informações com guias locais e acompanhar a previsão do tempo antes de trilhas ou banhos em áreas naturais.

No caso da tromba d’água, a orientação é evitar navegar em dias com formação de nuvens de tempestade, afastar-se da região caso observe uma coluna de água se formando e acompanhar as previsões meteorológicas, especialmente em regiões costeiras ou próximas a grandes lagos.

É possível prever os fenômenos?

Segundo o meteorologista, entre os dois, a cabeça d’água é mais difícil de prever, pois depende da intensidade e localização exata da chuva. Podem haver alertas preventivos emitidos por sistemas de monitoramento hidrológico e pluviométrico, mas o aviso em campo, principalmente em áreas sem cobertura tecnológica, ainda é um desafio.

A tromba d’água, por sua vez, pode ser monitorada por radares meteorológicos. Apesar disso, a previsão exata do local de formação ainda é bastante limitada, sendo possível apenas indicar condições favoráveis a sua ocorrência.

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