Publicado em 24 de agosto de 2020 às 06:00
Acordar de madrugada, se arrumar, pegar a bicicleta e pedalar por cerca de 40 minutos de casa até o trabalho para encarar uma jornada na operação de máquinas pesadas. É assim a rotina de Uanderson Miranda Correia, de 40 anos. Morador do bairro São Judas Tadeu, na Serra, ele trabalha em Civit II, no mesmo município. >
Para fugir da aglomeração e do risco por contágio do coronavírus nos ônibus do Sistema Transcol, Uanderson e diversos outros profissionais da Grande Vitória estão optando seguir o trajeto de casa até o trabalho em um veículo de locomoção alternativo aos ônibus.>
Em julho, A Gazeta mostrou relatos, fotos e vídeos enviados pelos passageiros que utilizam os ônibus do Transcol diariamente. Eles narraram a dificuldade de manter o distanciamento social, reclamaram da aglomeração e de organização nos terminais. >
A preocupação tem fundamento porque a quarta fase do inquérito sorológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) apontou que 29,1% dos capixabas que testaram positivo passaram mais de 30 minutos dentro dos ônibus, onde quase nunca é possível respeitar a distância mínima de um metro, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). >
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Quando opta pelo Transcol, Uanderson pega o ônibus que faz a linha 828 (São Marcos - Terminal de Laranjeiras) perto da casa dele às 5h50. Quando chega no terminal, segue caminhando até o trabalho. A viagem dura em torno de 60 minutos. Segundo ele, o período não é o problema, mas sim as condições da viagem.>
Uanderson Correia Miranda
Operador de máquinasHá cerca de dois meses, o operador de máquinas pesadas foi diagnosticado com Covid-19. Após cumprir o isolamento, foi considerado curado. Mesmo após esse período, ele reclama que ainda não conseguiu recuperar o paladar. Das comidas e bebidas, consegue distinguir o que é doce e salgado. O sabor, sente somente o de refrigerante.>
Não sei como, onde e nem quando fui infectado. Mas me preocupo muito com minha família. De bicicleta, também é arriscado porque é preciso dividir espaço com os carros, ônibus e pontos sem estrutura adequada para receber ciclistas. Mesmo diante das dificuldades, prefiro seguir meus 40 minutos pedalando>
De acordo com Marcos Paulo Silva Duarte, presidente da Federação Espírito Santense de Ciclismo (Fesc) a comercialização e o uso de bicicletas durante a pandemia cresceram cerca de 40% na Grande Vitória. No Brasil, a partir da análise de publicações nacionais, ele estima um crescimento entre 50% a 70% na comercialização.>
Marcos Paulo Silva Duarte
Presidente da Federação Espírito Santense de Ciclismo (Fesc)Além de desafogar o trânsito, o presidente da Fesc também relaciona a prática do ciclismo ao melhor desenvolvimento físico e mental. Segundo ele, algumas empresas capixabas também estão estimulando o uso do veículo com a adequação de espaços para os colaboradores ciclistas.>
Marcos Paulo
Presidente da FescMarcos Paulo defende a ampliação local e a integração da malha cicloviária da região metropolitana. Uma das propostas da Federação é a instalação de espaços públicos onde os ciclistas tenham acesso a ferramentas que facilitem o reparo dos veículos que apresentarem problemas no deslocamento diário.>
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