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Temporada de gripe entre crianças chega mais cedo ao ES; saiba evitar doença

Temporada de gripe entre crianças chega mais cedo ao ES; saiba evitar doença

Confira quais são os vírus mais comuns que afetam as crianças nesse período e entenda como identificar os sintomas e reduzir os riscos

Publicado em 30 de abril de 2024 às 18:15

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Ainda faltam cerca de 50 dias para a chegada do inverno, mas o Espírito Santo já enfrenta um aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças. Uma das principais causas é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que é o responsável, na maioria das vezes, pelo surgimento da bronquiolite aguda. Mas também houve aumento nos casos de gripe.

Apenas na rede estadual, foram registrados 453 casos de síndrome respiratória causados pelo VSR até o dia 20 de abril, sendo 403 na faixa etária de 0 a 4 anos, conforme explicou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Para se ter ideia, ao longo de 2023 inteiro, foram 570 casos. Em 2022, houve 509 registros.

“A Sesa pontua que houve antecipação do ciclo no Estado, e que a rede de saúde tem conseguido absorver a demanda de atendimento da população”, informa a secretaria, por meio de nota.

Um esclarecimento sobre a antecipação do ciclo viral foi solicitado à Sesa na sexta-feira (26). Entretanto, a pasta apenas informou, na manhã desta segunda-feira (29), que não tem fontes disponíveis. Uma nota complementar foi solicitada então, mas a secretaria não se manifestou acerca disso.

Temporada de gripe entre crianças chega mais cedo ao ES; saiba evitar doença

O aumento de casos do VSR em crianças de até 4 anos é indicado no último boletim do InfoGripe, que monitora os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no país. O crescimento de infecções é mais expressivo entre as crianças de até dois anos. Em menor escala, também há crescimento nas contaminações pelo VSR na faixa etária a partir dos 5 anos, em que os casos de gripe também dispararam.

“A Secretaria da Saúde explica que casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave por Vírus Sincicial Respiratório (VSR), conhecida por bronquiolite, não são de notificação compulsória e, por isso, os números de casos (reais) podem ser diferentes (maiores) dos registrados”, reforça a Sesa, apontando ainda que a porta de entrada no atendimento é na Atenção Primária em Saúde, ou seja, por meio das Unidades Básicas de Saúde dos municípios.

Em Vila Velha, por exemplo, a Secretaria de Saúde municipal informou que houve aumento nos atendimentos de crianças com crises respiratórias nas unidades de saúde e nos pronto-atendimentos da cidade. "No último mês, foram notificados 13 casos de crianças de até 12 anos com Síndrome Respiratória Aguda Grave, com necessidade de internação”, aponta a nota enviada pela secretaria.

A pasta destaca ainda que as unidades de saúde de Vila Velha estão adequadas para cumprir o protocolo de atendimento ao público afetado pela doença.

Na Serra, também houve aumento de casos, com predomínio dos vírus Influenza e sincicial respiratório, a partir de amostras semanais aleatórias que são enviadas ao Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen).

“Entre as semanas epidemiológicas 13 a 16 (de 24 de março a 20 de abril), houve o predomínio de vírus sincicial respiratório (62%), na faixa etária infantil (menores de 7 anos), seguido do vírus da Influenza (31%), em todas as faixas etárias, e, em menor proporção, o vírus da covid-19 (7%), em faixas etárias variadas”, informa a prefeitura.

Ainda de acordo com levantamento realizado pelo Atenção Básica da Serra, de janeiro a março de 2023 foram realizados 1.389 atendimentos para casos de sintomas gripais. Já de janeiro a março de 2024, foram 1.700 casos de sintomas gripais.

Em Vitória e Viana, não houve registro, até o momento, de aumento no atendimento a crianças com sintomas gripais nas unidades de saúde dos municípios, de acordo com as prefeituras consultadas.

Roberta Melotti, pneumopediatra da Unimed Vitória, diz que, desde fevereiro, os casos de bronquiolite têm crescido. Ela cita que uma das causas para isso pode estar ligada ao período de isolamento em função da covid-19, que pode ter alterado o comportamento de outros vírus, além de ter ocasionado atraso vacinal.

"A vacinação tem deixado muito a desejar. Temos visto crianças com cartões cada vez menos completos, mães com receio de vacinar crianças. Nisso, a covid nos prejudicou um pouco também. Parece que há medo de tudo causar efeito adverso e é um comportamento que prejudica tanto a proteção da criança quanto a proteção coletiva", observa Roberta.

A pneumopediatra reforça que os casos de bronquiolite, especificamente, podem ser fatais para bebês e que é importante que os pais se atenham aos sinais de alerta da doença. "Começa como se fosse um resfriado comum: nariz escorrendo, tosse, talvez uma febrezinha. Mas, por volta do segundo ou terceiro dia, começa a piorar. A criança fica com dificuldade de respirar, tem queda no quadro geral, não quer se alimentar", detalha a médica.

Roberta orienta que, diante de qualquer sinal de alerta, inclusive respiração rápida e a barriga do bebê marcada ao respirar,  é essencial procurar um médico para avaliar se a criança precisa ser hospitalizada ou se pode ser tratada em casa.

Alguns cuidados, porém, podem ajudar a prevenir as doenças, que também afetam outros grupos etários. A pneumologista infantil Lais Fraga destaca, por exemplo, que os vírus são comuns neste período do ano e que todas as pessoas podem ser afetadas. Mas lembra que as crianças e os idosos tendem a ser os mais prejudicados.

“O grande problema são aquelas crianças muito novinhas, às vezes prematuras, ou que têm algum problema pulmonar ou cardíaco. O VSR é um vírus, mas pode levar a uma síndrome respiratória, que é a bronquiolite. Em adultos, geralmente causa um resfriado ou algo semelhante. Mas, em crianças, pode deixar com dificuldade de respirar, tendo que usar muito o pulmãozinho. Às vezes, tem que internar. Mas existem algumas formas de reduzir o risco de contaminação”, aponta Lais Fraga.

Bebês estão entre os grupos mais afetados por vírus respiratórios
Bebês estão entre os grupos mais afetados por vírus respiratórios. (Pexels)

Nesse sentido, ela orienta que as famílias evitem levar bebês para locais fechados ou com aglomeração de pessoas, como festas, shoppings, entre outros.

A médica também indica que as famílias evitem contato com pessoas que manifestem sintomas gripais ou diarreia. Em casos de bebês, que restrinjam o contato com crianças mais velhas, em fase escolar, que têm contato frequente com outras pessoas, uma vez que o sistema imunológico deles ainda é frágil.

“É um vírus comum. A gente tem maior circulação nessa época do ano, mas é um vírus comum. Vamos lembrar que agora vai sair a vacina contra o vírus sincicial para gestantes e que vacinar a gestante aumenta a imunidade da criança, porque passa da mãe para o recém-nascido", afirma a pneumologista.

O registro da vacina Abrysvo, da farmacêutica Pfizer, foi autorizado no início deste mês pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como forma de prevenção contra o vírus sincicial respiratório (VSR).

“Para a proteção das crianças, a aplicação da vacina deve ser feita nas mães, durante a gestação. A vacina não é aplicada diretamente nos bebês”, frisa a Anvisa.

Além disso, a Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe já está em andamento e vai até o dia 31 de maio. Além das gestantes e puérperas, crianças de 6 meses a menores de 6 anos também podem ser imunizados nos pontos de saúde. Confira a lista completa dos grupos prioritários aqui.

Os vírus mais comuns

  • Vírus Sincicial Respiratório (VSR): pode afetar os brônquios e os pulmões, afetando principalmente recém-nascidos e crianças. É o responsável, na maioria das vezes, pelo aparecimento da bronquiolite (inflamação dos bronquíolos) e pneumonia, especialmente em bebês prematuros. 
  • Adenovírus: infectam preferencialmente as células das vias aéreas e causam doenças como gripes e resfriados, conjuntivite, bronquite, pneumonia e algumas enfermidades do trato intestinal. 
  • Influenza: vírus causador da gripe, doença que acomete as vias respiratórias. De fácil transmissão, costuma ter recuperação rápida. Crianças menores de 2 anos, porém, estão entre os grupos que costumam apresentar mais complicações, como pneumonia.

Sinais de alerta para bronquiolite

  • Sintomas persistentes;
  • Respiração rápida;
  • A barriga do bebê ou da criança fica marcada ao respirar;
  • A tosse fica mais intensa;
  • A criança não quer se alimentar;
  • Há alteração na produção de urina.

Como reduzir os riscos de infecções respiratórias em crianças

Sobretudo durante o outono e o inverno, quando os vírus respiratórios são mais frequentes, alguns cuidados devem ser reforçados:

  • Mantenha o cartão de vacinação em dia;
  • Evite o contato com pessoas doentes;
  • Mantenha os ambientes arejados;
  • Lave sempre as mãos;
  • Não coloque a mão na boca ou no nariz sem higiene prévia;
  • Evite levar bebês ou crianças para ambientes fechados ou com aglomerações de pessoas;
  • Restrinja o contato com pessoas que circulam nestes ambientes;
  • Evite introduzir bebês em creches antes dos seis meses neste período;
  • Faça lavagens nasais frequentes;
  • Evite beijar o rosto ou as mãos de bebês.

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