Publicado em 8 de julho de 2020 às 21:00
Considerada uma importante ferramenta na interrupção do ciclo de transmissão do novo coronavírus (Sars-CoV-2), uma das vacinas contra a doença que estão em desenvolvimento pelo mundo tem sido testada no Brasil desde o início do mês de junho. O estudo está na Fase 3, quando os cientistas avaliam a segurança, a eficácia e a capacidade de imunização do composto. >
Trata-se de uma parceria entre o Brasil, a Universidade de Oxford, na Inglaterra, e o laboratório AstraZeneca. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) terá capacidade de produzir a vacina para toda a população brasileira ainda no primeiro semestre de 2021. Esta é a expectativa do pesquisador-titular e vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fundação, Marco Aurélio Krieger.>
Em entrevista à rádio CBN Vitória na última segunda-feira (06), Krieger explicou que o acordo com a biofarmacêutica prevê duas etapas de produção. A primeira consiste na fabricação de 30 milhões de doses entre os meses de dezembro deste ano e janeiro de 2021. Liberada a aplicação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quem deve receber as primeiras doses?>
De acordo com o pesquisador da Fiocruz, há previsão, ainda que no primeiro trimestre de 2021, de que outras 70 milhões de vacinas estejam disponíveis. Após incorporada a tecnologia, o Brasil terá capacidade de produzir 40 milhões de vacinas por mês. Segundo ele, a estratégia de vacinação será baseada nos dados epidemiológicos que indicam os índices de circulação do vírus por região.>
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Krieger detalhou que seriam priorizadas as populações mais vulneráveis, quer seja pela exposição, quer sejam pelas condições que estão associadas a uma maior gravidade da doença. Assim profissionais de atividades essenciais como os das áreas de saúde e segurança, idosos e quem tem comorbidades receberiam primeiro as doses da vacina. >
Marco Aurélio Krieger
Pesquisador-titular e vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da FiocruzEstudos preliminares das fases 1 e 2 demonstraram que a vacina apresenta respostas imunológicas promissoras. Na fase 3, a vacina tem sido testada em diversos países. No Brasil, o protocolo prevê 2 mil participantes recrutados em São Paulo, pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp); e no Rio de Janeiro, pelo Instituto D'Or. >
Um grupo recebe uma dose da vacina e outro recebe duas doses, sendo a segunda dose administrada quatro semanas após a primeira. O estudo deve ser ampliado no Brasil para 5.000 participantes. Há uma expectativa de que já hajam resultados preliminares dessa fase em outubro ou novembro deste ano. >
A gente precisa avaliar nos próximos dois meses a capacidade de resposta da quantidade de anticorpos e da produção de células de defesa. Por isso, a escolha dos profissionais de saúde para participar do estudo, já que eles estão no alto nível de exposição. Os dados são muito promissores. Tendo uma resposta positiva de 80% das pessoas, vamos conseguir bloquear a transmissão, avalia.>
Uma outra possibilidade de vacina pode surgir do Instituto Butantan até o fim deste ano. No último dia 11, o governador do Estado, João Doria (PSDB), anunciou uma parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac para a produção de um antígeno. Caso o estudo clínico seja aprovado, provavelmente, até o fim de outubro, a produção será feita no início do próximo ano.>
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), durante a fase 1, pequenos grupos de indivíduos, normalmente adultos saudáveis, são avaliados para verificação da segurança e determinação do tipo de resposta imune provocada pela vacina. Nessa fase também podem ser realizados estudos de desafio, a fim de selecionar os melhores projetos de vacina para seguirem à fase seguinte. >
Na fase 2, há a inclusão de um maior número de indivíduos e a vacina já é administrada a indivíduos representativos da população-alvo da vacina (bebês, crianças, adolescentes, adultos, idosos ou imunocomprometidos). Nessa fase, é avaliada a segurança da vacina, imunogenicidade, posologia e modo de administração. >
Na fase 3, na qual está o estudo da Universidade de Oxford, a vacina é administrada a uma grande quantidade de indivíduos, normalmente milhares de pessoas, para que seja demonstrada a sua eficácia e segurança, ou seja, que a vacina é capaz de proteger os indivíduos com o mínimo possível de reações adversas. >
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