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PMs socorrem mulher e fazem parto em calçada de Jardim da Penha, Vitória

PMs socorrem mulher e fazem parto em calçada de Jardim da Penha, Vitória

Policiais ligaram para o Samu a fim de receberem instruções para o procedimento: "Sensação de apreensão e alívio", descreveu militar

Publicado em 7 de março de 2022 às 18:40

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
parto em via pública
O soldado Henrique conduziu o parto; de camisa branca estava a jovem que pediu socorro à gestante. (Leitor | A Gazeta)

Uma mulher deu à luz em uma calçada do bairro Jardim da Penha, em Vitória, na noite do último domingo (6), contando com ajuda de dois policiais militares da 12ª Companhia Independente. O parto realizado em via pública se deu durante um patrulhamento feito pela equipe no local.

Segundo informações da PM, o cabo Mazega e o soldado Henrique estavam em uma viatura quando foram acionados por uma mulher que pedia por socorro. Ela informava que havia uma gestante em trabalho de parto em uma calçada próxima ao local. Imediatamente os militares foram ao endereço com a finalidade de levar a mulher grávida na viatura para o hospital, o que, no entanto, acabou não sendo possível.

Por conta das fortes dores das contrações, a gestante teve muita dificuldade de conversar e informou que não tinha condições de ser transportada naquele momento. Percebendo que o parto no local era inevitável, o cabo Mazega acionou o Samu. Enquanto o socorro se deslocava até lá, o militar permaneceu ao telefone sendo orientado sobre o que fazer quanto ao cordão umbilical e sobre os cuidados com o bebê logo que nascesse.

Ainda segundo a PM, enquanto o cabo recebia as orientações, o soldado Henrique higienizou as mãos, colocou as luvas e auxiliou na condução do parto. Os policiais ainda receberam ajuda no local de um casal, que não foi identificado devido às circunstâncias.

O cabo Mazega afirmou que experimentou um misto de sensações, resumidas principalmente em apreensão e alívio. "Vou falar por mim e pelo soldado Henrique, que colocou a mão na massa enquanto eu falava com o Samu por telefone. As sensações foram de apreensão e alívio: apreensão no começo porque é uma situação incomum, coisa que acontece uma vez na vida e que nunca tinha acontecido comigo. No começo era muita dúvida, sem saber bem como fazer. Mas, quando percebemos que não tinha jeito, que o bebê já estava saindo, foi aquela coisa de buscar cumprir a missão", disse.

Aspas de citação

Depois vieram o alívio por ter dado certo e a emoção de a vida nascer ali, por nós dois estarmos passando ali exatamente naquele momento - e foi uma coincidência, não fomos acionados para ir ao bairro. O soldado Henrique não tem filhos, mas falou que ficou bem emocionado. E eu, que tenho uma filha, vi o quanto foi diferente, porque ali foi no improviso, inclusive amarramos o cordão umbilical com barbante para cessar o fluxo de sangue.

Cabo Mazega
Policial militar
Aspas de citação

Em poucos minutos, o Samu chegou e a mãe e o bebê receberam os primeiros atendimentos médicos ainda na ambulância. Em seguida, foram encaminhados a um hospital da região.

PMs socorrem mulher e fazem parto em calçada de Jardim da Penha, Vitória

PROFESSORA NARRA PARTICIPAÇÃO NO PARTO

Após a publicação da reportagem com a entrevista dos militares, a mulher que aparece na imagem registrada no momento do parto informou mais detalhes sobre como tudo aconteceu. Segundo a professora de inglês, que pediu para não ter o nome divulgado, o bebê acabou nascendo nas mãos dela, versão que foi confirmada pelos policiais. Os militares foram responsáveis por amarrar o cordão umbilical da criança. 

Aspas de citação

Eu estava com meu namorado, fomos pegar umas pizzas. Ele parou na esquina com o carro e eu fui buscar. Quando eu estava voltando, ele já estava ao telefone ligando para o Samu e tinha uma mulher na frente dele, na calçada, berrando de dor e sentindo contrações. A barriga dela era bem pequena, nem acreditei que já seria o parto. As coisas aconteceram muito rápido e não ia dar tempo de nada

X.
Professora de inglês
Aspas de citação

Segundo a professora de inglês, a pessoa que atendeu no Samu fez alguns questionamentos ao telefone, como de quantas semanas era a gestação, mas a gestante não sabia dizer. "Inclusive, depois soubemos que se tratava de uma pessoa em situação de rua. Logo chegou um flanelinha, que já estava perto dela. Esse homem sugeriu que a colocássemos no carro, mas ficamos com medo de não dar tempo. Chegou outro flanelinha e o carro da polícia estava passando. Eles, então, fizeram sinal e a polícia parou. Fomos conversando e ela já foi deitando no chão, falando para ajudar a tirar a calcinha porque a criança iria nascer. Os policiais foram colocando luvas e preparando o carro para talvez levá-la para a maternidade", disse.

Ainda de acordo com a professora, ela escutou a gestante falando que a criança já estava nascendo e, ao olhar para baixo, logo viu um dos flanelinhas colocando uma mochila na cabeça dela para servir de apoio. "Foi aí que vi a cabeça da criança para fora e nem pensei duas vezes: já coloquei minha mão embaixo dela, ela ia cair na calçada. Nem higienizei, não deu tempo nem de prender meu cabelo, coloquei a mão do jeito que estava, e falei: 'Vai que vou segurar'! Foi coisa de segundos, a menininha teria caído na calçada", acrescentou.

Aspas de citação

A criança caiu envelopada, ainda dentro da bolsa, e eu fiquei sem saber o que fazer depois. Mas a natureza se encarregou de tudo, eu só precisei segurar, a bolsa rompeu sozinha. A bebê nem chorou, fiquei com medo que morresse. Mas cheguei a ir até a Pró-Matre nesta quarta (9) para procurá-la. Me disseram que ela pesava 2,6 kg e media 46 cm

X.
Professora de inglês
Aspas de citação

Após o parto, a professora de inglês conseguiu ligar para uma amiga médica para entender que cuidados tomar, e os policiais passaram a cuidar do cordão umbilical. 

Errata Atualização
9 de março de 2022 às 21:04

Após a publicação desta matéria, amigos da mulher que aparece na imagem também auxiliando a gestante informaram o contato dela. Em entrevista, ela narrou detalhes o que vivenciou e contou que a criança nasceu nas mãos dela.

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