Publicado em 27 de dezembro de 2020 às 18:28
Um peixe Meca encalhou nas areias da Praia de Manguinhos, na Serra, na manhã desde domingo (27). O incidente aconteceu por volta das 8h e foi acompanhado por vários banhistas presentes no local. Após se debater, lutando pela vida, o animal não resistiu e acabou morrendo. Curiosos chegaram a puxar o peixe para a areia, que foi repartido entre algumas pessoas presentes. >
Inicialmente, a informação, segundo a Associação de Moradores de Manguinhos, era de que se tratava de um Marlim Azul, que é ameaçado de extinção. Nesta segunda-feira (28), especialistas procurados por A Gazeta informaram que trata-se de um Meca.>
O supervisor de vendas Deivisson Krettli Poltronieri, que cedeu um dos vídeos à reportagem de A Gazeta em caráter colaborativo, acompanhou a saga do animal. "Estava chegando para surfar e vi uma aglomeração próxima à areia. Aparentemente, o peixe estava com um ferimento na parte lateral. Acredito que possa ter sido atingido por uma lança. Alguns pescadores ainda o empurraram, na tentativa de levá-lo de volta para o mar, mas, infelizmente, não conseguiram", lamenta.>
Apesar da semelhança devido ao bico longo e afinado, a bióloga Giovanna Cypriano Lage confirmou à reportagem de A Gazeta nesta segunda-feira (28) que o peixe que encalhou é um Meca e não um Marlim-Azul, espécie muito comum no litoral capixaba e que atrai pescadores esportivos de muitos locais. O Espírito Santo ostenta, inclusive, o recorde de maior exemplar já pescado e reconhecido do mundo.>
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De acordo com o presidente da Associação de Moradores de Manguinhos, Guilherme Lima, a Polícia Militar Ambiental foi acionada por alguns banhistas, mas, quando chegou à praia, o animal já estava sem vida. "Algumas pessoas chegaram a dizer que se tratava de dois peixes, mas era somente um. Como ele estava se contorcendo e possui uma barbatana bem longa, dá essa impressão", explica. >
Guilherme Lima também afirma que a partilha do peixe não foi feita por moradores de Manguinhos, mas sim por curiosos presentes na praia. "Quem mora no bairro está acostumado a encontrar animais por aqui e sabe respeitá-los. Há duas semanas, encontramos um jacaré de quase dois metros andando pela rua. Nós o carregamos e o devolvemos para a natureza, colocando em uma lagoa de Manguinhos, a Recanto dos Profetas", complementa. >
Embora a anatomia do Meca seja parecida com a do Marlim-Azul, principalmente devido ao bico alongado, as espécies são bastante diferentes, segundo o oceanógrafo Caio Ribeiro Pimentel.>
O Marlim tem uma cor mais acinzentada e apresenta manchas azul-claras na lateral do corpo também. Já o Meca tem coloração mais próxima de um marrom escuro. Além disso, os marlins possuem duas nadadeiras dorsais contíguas (unidas), sendo a anterior (primeira) muita maior/alta que a segunda. O "bico", que, na verdade, é a maxila superior modificada em forma de lança, apresenta seção transversal arredondada, similar a uma lança. O Espadarte como o Meca também é conhecido apresenta nadadeiras dorsais separadas, e o bico é achatado dorso-ventralmente, como se fosse uma espada vista de lado", salientou o doutorando em Oceanografia.>
Já o pescador esportivo e ambientalista Rafael Braga explicou que as diferenças vão além da cor e passam também por outras partes da anatomia das espécies. >
O bico do Marlim é mais curto e tem um formato mais cilíndrico, um formato de agulha. Já o bico do Swordfish, ou Meca, tem o formato achatado, tipo uma lâmina de espada. Por isso o nome sword (espada) em inglês, explicou. >
Além do bico, o resto do corpo dos peixes também é diferente. As nadadeiras e barbatanas. O próprio formato do corpo do peixe. Na base, próximo da cauda do Meca, é bem largo. Enquanto no Marlim, o corpo vai afinando até chegar na cauda. O formato da dorsal do Swordfish é bem característico, bastante curvado, enquanto o Marlim tem uma inclinação mais sutil, disse.>
Outra diferença bem característica entre os dois é o tamanho dos olhos. O Meca, por ser um peixe que vive em águas profundas, tem eles bem grandes, diferente dos Marlins. >
Os olhos do Espadarte são gigantescos pelo fato do Meca viver em águas muito profundas, sem nenhuma luz. Eles vivem entre 600 a 800 metros de profundidade, explicou.>
O Meca também tem a característica de ser um peixe mais agressivo. De acordo com o pescador esportivo, é um animal "muito mais bravo" que os Marlins. Ele é capaz de golpear as vítimas com o bico, que é bastante afiado, ao ponto de cortá-las ao meio. Com isso, se os pescadores não tomarem cuidado, quando tentarem capturar essa espécie, podem acabar se machucando, detalha Rafael Braga.>
Outro fator que difere os dois peixes é a carne. O Meca é conhecido como um dos peixes mais saborosos. A carne do Marlim não é muito apreciada, escura, de pouco valor comercial. Já do Meca é considerada uma das melhores entre os peixes, muito valorizada por todo o mundo. Tem a variação de cor de acordo com a localidade do peixe e a alimentação, variando entre branca, rosa e até laranja, concluiu.>
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