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Publicado em 28 de dezembro de 2022 às 14:20
Um peixe pescado nas águas do rio Itapemirim, no Litoral Sul do Espírito Santo, acendeu um alerta entre os especialistas. O peixe é uma variedade de tucunaré, que embora possa ser encontrado nas águas do Estado, é originário de outras regiões do país, como a amazônia. O problema, explicam os biólogos, é que, por se tratar de uma espécie carnívora, predadora de outros peixes, pode causar desequilíbrios ecológicos. >
O animal foi pescado no dia 23 de dezembro por um morador conhecido como Renato. O ponto onde o tucunaré foi retirado da água fica próximo à localidade de Barra Seca. >
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Itapemirim, Wagner Mendonça, que é consultor industrial em pesca e segurança alimentar, o tucunaré é um peixe originário da bacia amazônica (também encontrado no Pantanal) e, naturalmente, não habita nos rios do Sudeste do Brasil. Ele suspeita que o exemplar pescado pelo morador tenha fugido de algum cativeiro. >
“Isso acende um sinal de alerta, já que este é um peixe carnívoro e pode causar um desequilíbrio ambiental, pois consome outros peixes, e as espécies naturais da nossa região não conhecem o tucunaré e não o identificam como predador”, explicou o Mendonça. >
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O secretário de Desenvolvimento Econômico disse ainda que somente receberam este registro até o momento na região Sul capixaba. Caso mais pessoas encontrem esse tipo de peixe, ele destaca que é importante que informem aos órgãos ambientais antes que o animal se alastre na região.>
Por outro lado, o biólogo e ictiólogo – isto é, especialista em peixes – João Luiz Rosetti Gasparini, explicou que, no Estado, há a presença de ao menos duas espécies de tucunarés, conhecidas desde a década de 70. "Principalmente nos rios do Norte do ES", destacou. >
Segundo ele, nunca é muito seguro identificar espécies apenas por fotos, pois há espécies muito parecidas entre si. "Mas parece ser a espécie Cichla kelberi. Uma espécie do Brasil central, encontrada no Pantanal", apontou dizendo qual poderia ser a espécie da imagem acima. >
O biólogo também disse que é preciso planejar e executar um estudo, bem como um monitoramento de longo prazo das espécies de peixes invasoras (exóticas) nos cursos d´água no Estado. >
"Não há muito controle e as pessoas conseguem comprar alevinos e trazer de diversos locais do mundo. O Brasil tem fronteiras imensas e há traficantes de animais se prestam a esse papel ilegal. Trazem bagres da África, da Ásia – algumas espécies que ficam imensas e com potencial destrutivo de outras espécies de peixes nativos assustador", completou.>
Em dezembro de 2017, um outro tucunaré foi pescado nas águas do rio Itapemirim, porém, em Cachoeiro de Itapemirim. Na época, a ambientalista Dalva Ringuier também alertou sobre o risco do crescimento da espécie no afluente. >
“Tem boa carne, pouca espinha, porém, sua criação é proibida no Brasil. É um peixe predador e que cresce rápido, diferente das espécies comuns do rio, que têm uma reprodução um pouco mais lenta. Ela pode acabar com as espécies que aqui existem. Então, é uma preocupação muito grande porque o rio já tem 15 espécies invasoras”, comentou a ambientalista Dalva Ringuier. >
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