Oropouche, maruim, pólvora: que mosquito é esse, onde vive e como combatê-lo
Responsável pela Febre do Oropouche, diagnosticada esta semana no Espírito Santo, inseto tem preferência por ambientes úmidos e com materiais orgânicos, como mangues
O mosquito-pólvora, também chamado de maruim, é o transmissor da febre do oropouche Crédito: Divulgação
A detecção da Febre do Oropouche no Espírito Santo chamou a atenção para o Culicoides paraensis, transmissor da doença que popularmente é conhecido como "maruim" ou "mosquito-pólvora". Desconhecido para algumas pessoas, o mosquito possui características importantes de serem conhecidas, com o objetivo de que as pessoas possam identificá-lo e combatê-lo. O site A Gazeta foi atrás de especialistas para responder sobre os principais questionamentos ao redor do inseto. >
Uma das maiores dúvidas é sobre a ocorrência do mosquito e, consequentemente, da oropouche. Afinal, antes de surgir em terras capixabas, não era comum ouvir acerca do vírus. Para o infectologista Lauro Pinto, o aumento dessas doenças 'incomuns' pode ter uma explicação. >
"Nós vamos ver algumas doenças infecciosas, que antes não aconteciam, passarem a ocorrer com maior intensidade, em expansão para fora de seus nichos habituais. Tanto pelo fato de estarmos vivendo temperaturas anormais quanto pelas migrações e pelos deslocamentos típicos do país, que facilitam a chegada dessas doenças", explica.>
Sobre o comportamento do mosquito – por exemplo, o que come, onde vive e como se reproduz –, o biólogo Daniel Gosser Motta também deu algumas respostas. Confira abaixo.>
>
00:00/02:29
Oropouche, maruim, pólvora: que mosquito é esse, onde vive e como combatê-lo
Quais as características do maruim?>
Trata-se de um inseto de cor cinza ou castanho-claro, com asas curtas e largas. Pica sem horário específico e, em geral, habita áreas mais baixas, úmidas e com presença de matéria orgânica.
>
Onde é mais fácil encontrá-lo? >
São mosquitos comuns de serem encontrados no cotidiano de quem mora próximo a lugares como manguezais, rios, cachoeiras e brejos, pois necessitam da umidade, sombra e matéria orgânica para criar um habitat perfeito se reproduzir.
>
Costumam se reproduzir em água parada também, assim como o Aedes aegypti, causador da dengue? >
Normalmente, também preferem água parada com muita matéria orgânica, já que pode servir como alimento para as larvas. Além disso, se reproduzem em diversos tipos de ambiente: frutas podres, estrume com água, buracos em árvores e áreas de bananais, pois as folhas, quando estão caídas, viram depósito de água, tornando-se criadouros deles.
>
Como combater?>
Algumas das ações que a população deve ter para evitar o mosquito são: manter árvores e arbustos podados, para aumentar a insolação no solo e retirar o excesso de matéria orgânica (folhas, frutos, madeira apodrecida, lama, etc.). Também é necessário manter terrenos baldios livre de matos; dependendo da situação, plantar grama para manter os maruins sob controle; além de sempre limpar abrigos de animais (aves, suínos, bovinos e outros).
Com relação às medidas de proteção individual, o uso de repelentes e roupas compridas pode ajudar a diminuir as picadas. Já o uso de telas em portas e janelas, como barreiras físicas, não surtem muito efeito devido à necessidade dessas telas terem uma gramatura muito pequena. Esse fato acaba por reduzir a circulação de ar dentro dos imóveis.
>
Do que se alimentam?>
Esses mosquitos se alimentam de seiva vegetal, líquido que circula dentro dos caules das plantas, porém as fêmeas precisam do sangue de animais para produzir os ovos.
>
Deixam algum tipo de 'marca' em quem é picado?>
Devido à probóscide (aparelho sugador) ser menor do que das outras espécies de mosquito, eles precisam rasgar a pele para ter acessos aos vasos sanguíneos, deixando o ponto vermelho de sangue.
Ou seja, ao identificar esses sinais, é preciso ficar atento aos sintomas da Febre Oropouche (dor de cabeça, dor muscular, dor articular, tontura, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos).
>
Entre as características da infecção, destaca-se o elevado potencial de transmissão e disseminação, com capacidade de causar surtos e epidemias em áreas urbanas. Não há vacina e tratamento específico disponíveis. >