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Naufrágio no ES: 'Foi encontrado onde nasceu', diz família de tripulante

Naufrágio no ES: "Foi encontrado onde nasceu", diz família de tripulante

O corpo do marítimo foi identificado nessa quarta-feira (25), após ter sido encontrado no litoral de Aracruz, município onde Eric nasceu

Publicado em 26 de novembro de 2020 às 22:39

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Eric e a esposa Rosângela comemorando aniversário de casamento. (Arquivo da Família)

Uma figura que sorria com os olhos, carismática e generosa: este foi o Eric Barcelos Rangel, de 56 anos, chefe de máquinas que desapareceu após um rebocador afundar em Guarapari, na noite de 1º de novembro. Depois de 24 dias, que contaram com buscas realizadas pela Capitania dos Portos, pela família e por amigos, o corpo do marítimo foi identificado nessa quarta-feira (25), após ter sido encontrado no litoral de Aracruz, município onde Eric nasceu.

Para a esposa dele, Rosângela Maria Rosa Barcelos Rangel, há agora um misto de sentimentos. "Sinto alívio por tê-lo encontrado e ao mesmo tempo ainda tinha esperanças de encontrá-lo vivo, pela experiência que ele tem e pelo tempo de embarque. Mas se Deus quis assim, assim seja. Muitos amigos estiveram hoje (26) no sepultamento, e colegas de faculdade. Agradecemos todo o carinho por ele e a vida segue", lamentou.

Sobre ter sido encontrado em Aracruz, a esposa comenta que a família já imaginava que ele poderia estar lá. "Nós, em família, fizemos as buscas lá mesmo onde ele foi encontrado. Estivemos na região de carro, parece até mentira. A família estava no lado certo e a Marinha estava procurando para o outro lado. E ele nasceu em Aracruz", disse.

Para a filha mais nova do casal, Erica Rosa Rangel, a maior angústia passou. "Passou porque conseguimos dar algo digno ao meu pai. Claro que queria ter encontrado com vida, mas saber que poderíamos não dar uma despedida à altura era muito ruim. Os marítimos estavam afoitos e acabou sendo um alívio para todos. Foram 24 dias de buscas", afirmou.

Eric com o neto Davi Vieira Rangel, de 5 anos
Eric com o neto Davi Vieira Rangel, de 5 anos. (Arquivo da família)

Para ela, as últimas lembranças do pai estão ligadas à generosidade dele. "Ele não dizia não para nada, era muito generoso. E ouvimos de todos isso, então o que ele era dentro de casa, era na rua também. E foi encontrado na terra dele, em Aracruz. As autoridades passaram a procurar mais ao sul e nós passamos por lá, na colônia dos pescadores de Aracruz, antes de ele vir a ser encontrado. Ficamos muito emocionados, ele gostava tanto de lá", contou.

"AGORA É SÓ SAUDADE DO MEU ETERNO NAMORADO"

Rosângela conta ainda que em menos de um mês ela e Eric completariam 34 anos de casados. "Agora é só saudade do meu eterno namorado. Vamos conviver com a dor e com a saudade. Iríamos fazer 34 anos de casados em 19 de dezembro. A última lembrança que tenho com ele foi no aniversário da nossa filha, ele se despedindo, entregando a camisa do Flamengo para ela. Ele era flamenguista doente. Ele se despediu falando que não ia viajar, porque nesse último embarque ele nem ia, mas precisou. Então ele a acordou, entregou a camisa do time, que ele tinha coleção. Ele era conhecido por isso, até no cemitério estavam falando", relembrou.

Eric e a esposa Rosângela juntos em casamento de amigos
Eric e a esposa Rosângela juntos em casamento de amigos. (Arquivo da família)

RELEMBRE O CASO

Um chefe de máquinas desapareceu após um rebocador afundar em Guarapari, no início da noite do dia 1º de novembro. A embarcação naufragou depois de bater em uma pedra, segundo informações dos familiares da vítima. Dois outros tripulantes foram resgatados com vida na tarde de segunda-feira (02), após passarem várias horas em alto-mar, mas Eric não foi mais visto. O rebocador havia embarcado com destino ao Porto de Açu, no Rio de Janeiro.

Os dois colegas foram resgatados em alto-mar no dia seguinte, 2 de novembro. Ambos estavam bem debilitados, desnorteados e foram levados para o Hospital de Urgência e Emergência de Vitória. Um deles apresentava também hipotermia. No entanto, Eric não foi encontrado.

A Marinha do Brasil abriu um inquérito para investigar o acidente. Nas primeiras buscas, a entidade utilizou um navio-patrulha, duas embarcações da Capitania dos Portos do Espírito Santo e contou até com um helicóptero do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer).

No dia 11 de novembro, exatamente dez dias depois do naufrágio, a Marinha informou que suspendeu as buscas, mas que o serviço poderia ser retomado "se surgissem novas informações" e lamentou o ocorrido. Na ocasião, familiares se disseram decepcionados. O Ministério Público do Trabalho também investiga o caso.

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