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Menina que caiu de brinquedo em Alegre queria ter ido em outro assento

Menina que caiu de brinquedo em Alegre queria ter ido em outro assento

Segundo a mãe, Laura, de 9 anos, disse para ela no hospital que queria ter se sentado na "sombrinha" rosa, mas acabou escolhendo a verde (que se soltou e caiu) por estar mais perto

Publicado em 9 de junho de 2022 às 20:35

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Lúcida e apresentando melhora, a pequena Laura Serafim, de 9 anos — que, no último domingo (5), sofreu traumatismo cranioencefálico grave após ela e outra menina, de 10 anos, serem arremessadas de um brinquedo de um parque de diversões instalado em Alegre — contou para a mãe, no hospital onde está internada, que queria ter ido em outra "sombrinha" (assento da atração). O banco onde estavam as duas crianças, no brinquedo chamado Twister, se soltou e foi ao chão. A outra criança, que também foi socorrida logo após o acidente, teve alta no mesmo dia.

Acidente em parque de Alegre: menina queria ir em outra sombrinha
Laura Serafim, de 9 anos, disse à mãe que queria ter escolhido outro assento. (Arquivo pessoal)

A mãe de Laura conversou com a reportagem de A Gazeta e disse que a filha está consciente e conversando. Segundo ela, no hospital, a menina contou que, no momento em que foi ao brinquedo, queria ter escolhido outro lugar para sentar. “Ela diz lembrar que queria ter escolhido a sombrinha rosa do brinquedo, mas escolheu a verde, pois estava mais perto dela”, falou a mãe, que pediu para não ter o nome divulgado. A sombrinha verde, citada pela criança, é a do assento onde Laura e outra menina se sentaram e sofreram o acidente.

Segundo ela, a menina segue internada na Unidade de Terapia Semi-Intensiva do Hospital Estadual Infantil Drª Milena Gottardi, em Vitória. A mãe disse ainda que Laura terá que ser submetida a uma cirurgia. “O médico disse que ela vai fazer uma cirurgia no globo ocular, pois houve uma ruptura no osso do crânio", relatou.

Ainda de acordo com ela, a menina está enxergando as coisas duplicadas e a cirurgia seria necessária para não causar problemas no futuro. "Ela está apresentando melhoras. Graças a Deus", afirmou. 

"TEM UM MONTE DE CRIANÇAS AQUI, FIZ MUITOS AMIGOS", DIZ LAURA

Laura surpreendeu a reportagem ao atender o telefone na tarde desta quinta-feira (9) e falar sobre como está se sentindo. Somente pela voz, deu para perceber que ela é uma menina doce, carinhosa e amável. Para a reportagem, ela contou que está bem. "Eu sentia dor no olho, mas parou", iniciou.

Ao ser questionada se já está com vontade de deixar o hospital, Laura surpreendeu com a resposta. "Estou com um pouquinho de vontade de sair daqui. A comida é muito boa e tem um monte de crianças, fiz muitos amigos", explicou.

Sobre o acidente, a menina contou que não se lembra de muita coisa. "Não me lembro da batida", disse, ao se referir à queda do brinquedo. Já sobre a cirurgia a qual precisará ser submetida, a menina demonstrou ser muito corajosa. "Ele disse (o médico) que vou ter que fazer uma cirurgia, não é nada de mais, vai abrir um negocinho, colocar uma tela e eu vou ficar bem", contou, confiante.

Acidente em parque de Alegre: menina queria ir em outra sombrinha
Laura Serafim, de 9 anos, contou que está se sentindo bem. (Arquivo pessoal)

RELEMBRE O ACIDENTE

O acidente aconteceu por volta das 15h40 do último domingo (5), em um parque de diversões instalado em Alegre. Uma das cadeiras do equipamento chamado Twister, onde estavam duas meninas de 9 e 10 anos, se desprendeu e foi ao chão. A criança de 9 anos precisou ser transferida de helicóptero para uma unidade de saúde na Grande Vitória. Segundo o Corpo de Bombeiros, militares identificaram que o pino de fixação do brinquedo se soltou, fazendo com que a cadeira fosse arremessada.

Acidente em parque de Alegre: menina queria ir em outra sombrinha
O assento de cor verde foi arremessado para fora do brinquedo. (Divulgação \ Crea-ES)

As meninas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e encaminhadas ao Pronto Atendimento de Guaçuí. A criança de 9 anos sofreu traumatismo cranioencefálico grave e foi transferida pelo Samu. No meio do caminho, em Piúma, a aeronave do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) deu apoio à ocorrência e encaminhou a menina ao Hospital Estadual Infantil Drª Milena Gottardi, em Vitória. A outra criança, segundo familiares, recebeu alta médica e se recupera em casa.

VÍDEO MOSTRA BRINQUEDO COM PEÇA SOLTA

O QUE DIZ O DONO DO PARQUE

Um dia após o acidente, na segunda-feira (6), o dono do Parque Charles Entretenimentos, José Ferreira de Carvalho Neto disse que a estrutura tinha autorização da Prefeitura de Alegre e alvará de licença do Corpo de Bombeiros para atuar no local. Segundo ele, um engenheiro acompanhou a montagem dos brinquedos.

O empresário, que é do município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, informou que o parque existe há sete anos. “Nunca deu problema com acidente. Antes da pandemia, já trabalhei em três anos consecutivos em Alegre, sem ter problemas”, falou.

O dono do parque explicou o brinquedo onde foi registrado o acidente funcionava muito bem desde a última quinta-feira (2). “Em média, 450 pessoas andaram nele. O brinquedo era de 1994, mas passou por inspeção. Anualmente passa”, explicou.

O dono do parque também contou que aguarda resultado de laudo da perícia da Polícia Civil, que apontará se a causa do acidente foi criminal. “O lado vai dizer se alguém abriu, porque não tem como soltar o pino e o contrapino do brinquedo, que não estava danificado”, disse.

POLÍCIA E CREA-ES FAZEM PERÍCIA

Por meio da Delegacia Regional de Alegre, a Polícia Civil informou que não há prazo definido para o laudo da perícia ficar pronto. “As diligências sobre o caso estão em andamento e outras informações não serão passadas para não atrapalhar a investigação”, disse, em nota.

Já o Crea-ES, por meio das informações da Unidade de Fiscalização do Conselho, comunicou que a empresa contratada para executar os serviços no parque não possui registro no conselho e o profissional que executou as atividades não é engenheiro. "Dessa forma autuamos o proprietário do parque e o técnico em mecânica que executou os serviços, ambos enquadrados no artigo 6º alínea A da lei 5.194/66 por exercício ilegal da profissão", pronunciou.

Engenheiros do Crea-ES realizaram perícia no brinquedo nessa terça-feira (7), em Alegre(Divulgação \ Crea-ES)

O QUE DIZ O CRT-ES

O Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Espírito Santo (CRT-ES) comunicou uma nota, nesta quinta-feira (9), sobre o responsável técnico pelo parque. Veja a nota na íntegra: 

Em face do ocorrido no Município de Alegre-ES, onde vitimou-se duas crianças, que desde já nos solidarizamos, desejando pronta recuperação, vimos por meio desta nota, esclarecer que o responsável técnico pelo parque, Wagner de Oliveira, está devidamente registrado neste CRT-ES. O CRT-ES desconhece qualquer laudo que fora emitido para este fato, e reafirma que o CRT-ES não periciou o local, tampouco emitiu qualquer laudo técnico sobre o ocorrido. O CRT-ES ainda afirma que, após o acesso ao inquérito policial, que, inclusive, ainda não foi concluído, estará instaurando, caso necessário, o procedimento para a apuração dos fatos, e consequentemente tomar as devidas providências cabíveis, atuando na defesa da Sociedade, na fiscalização dos profissionais Técnicos Industriais.

POLÍCIA CIVIL

Também nesta quinta-feira, a Polícia Civil informou que "o fato segue sob investigação da Delegacia de Polícia de Alegre e, para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada".

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