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Longe da badalação, moradores relatam falta d'água há 3 dias em Guarapari

Longe da badalação, moradores relatam falta d'água há 3 dias em Guarapari

O desabastecimento foi registrado em pelo menos dois bairros, conforme relatos à reportagem de A Gazeta; Cesan afirma que está investindo em melhorias

Publicado em 1 de janeiro de 2024 às 17:39

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Ludmila Bispo com pilha de roupas sem lavar devido à falta de água em Guarapari
Ludmila Bispo com pilha de roupas sem lavar devido à falta de água em Guarapari. (Acervo pessoal)

Moradores de Guarapari estão há pelo menos três dias totalmente sem água em casa, e desta forma não conseguem cozinhar, lavar louça e roupa, e até mesmo tomar banho para amenizar o calor. O desabastecimento, que começou na sexta-feira (29), virou o ano e não deixou motivos de comemoração com a chegada de 2024. Afinal, segundo eles, este é um problema que se repete todo verão. 

A situação foi registrada em pelo menos dois bairros: Setiba e Elza Nader. A dona de casa Ludmila Anjos Bispo, 37 anos, precisou pegar água da chuva para conseguir lavar um pouco da louça que estava empilhada na pia da cozinha, mas, ainda assim, sofre com o desabastecimento, principalmente porque tem quatro filhos — um menino de 13 anos, gêmeas de 6 e um bebê de sete meses. A roupa suja da família já ocupa todo o tanque e, logo, ficará difícil ter uma peça limpa para usar. 

"Todo período festivo é assim, mas, principalmente no verão, a gente fica sem água. Enche a cidade de turista, mas não tem água para nós. Eu liguei para a Cesan, fiz a queixa como muitos moradores, e eles não têm indício do problema, não tem nada entupido. Se eles não sabem o que é, quem é que vai saber?", reclama Ludmila, que mora em Elza Nader há três anos e vê o desabastecimento se repetir toda temporada. 

Da mesma região, a microempreendedora Elizabeth Capistrano Simas, 50, conta que desde sexta-feira estão 'zerados' de água, isto é, o abastecimento foi suspenso totalmente, mas os problemas começaram dias antes. "Chegava um pouco de água, parava. Não dava nem para encher a caixa direito. Mas a gente conseguia usar. A partir de sexta, ficamos sem nada."

Além do próprio consumo, Elizabeth cuida do pai, de 91 anos, e é responsável por um abrigo de cães e gatos. Ela resgata animais abandonados e está com dificuldades de manter a limpeza do local sem água. 

Ela tem improvisado, usando panos de chão molhados pela chuva, mas a higienização do espaço fica comprometida. O próprio banheiro, segundo Elizabeth, está difícil de usar pelo forte odor. A alimentação foi providenciada pela filha, que comprou comida pronta, enquanto a louça se acumula na pia da cozinha. "Nem sair de casa eu posso, se não consigo tomar banho", lamenta. 

O transtorno na casa da vendedora Rita de Cássia Pereira Amon, 58, não foi apenas para ela e o marido. A família recebeu parentes que moram fora do país para passar o réveillon e as visitas tiveram que ir embora.

"Que cidade saúde é essa, sem água?", questiona a moradora de Elza Nader, ao se referir ao título dado a Guarapari. Ela também ressalta que o problema é recorrente no verão. 

Com casa própria e para alugar na parte alta de Setiba, o empreendedor Peterson Bento, de 41 anos, reforça que o desabastecimento é comum na alta temporada e, para ele, a cada ano tem se tornado pior. "Antes, a água subia na madrugada e a gente usava ao longo do dia. Agora, nem isso. Daqui a pouco, ficaremos 30 dias sem água", estima. 

Ele observa que há um aumento de demanda por água no verão, com a chegada dos turistas, e que o poder público, sabendo desse contexto, deveria se preparar melhor, tanto para receber os visitantes quanto para garantir o atendimento aos moradores. Peterson diz que tem um reservatório de 9 mil litros de água, mas, desta vez, nem mesmo esse volume foi suficiente para manter o abastecimento de sua casa. 

Peterson, que aluga imóveis, se frustra pelos investimentos já feitos na região e os impostos pagos, pois não vislumbra solução. Mas, para ele, os problemas de abastecimento afetam não apenas o seu negócio, mas toda a economia do município. São pessoas que deixam de visitar a cidade, de comprar no comércio, enfim, de deixar recursos. 

O que diz a Cesan

Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) disse, em nota, que ampliou os serviços para atender Guarapari no verão, com substituição de geradores nas estações de bombeamento, para que a falta de energia não comprometa o abastecimento, construção de novas redes, substituição de redes existentes, manutenção preventiva em toda a infraestrutura e alocação em regime de plantão 24 horas de engenheiros, técnico e caminhões-pipa para atender à população.

A empresa detectou pontos com problemas de abastecimento e afirmou ter atuado imediatamente. "Em muitos atendimentos o problema era interno no imóvel, causado principalmente por superlotação. Nos casos de falta d'água, o abastecimento foi realizado com carros-pipa", pontuou a Cesan, na nota.

A companhia acrescentou que está preparando uma licitação de R$ 500 milhões para modernizar todo o sistema que abastece Guarapari nos próximos três anos e que, segundo a Cesan, são obras que vão garantir continuidade do fornecimento de água.

Para casos de desabastecimento, a população pode acionar a Cesan pelo telefone 115, ou pelo WhatsApp 27 3422 0115, a qualquer hora do dia ou da noite. 

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