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Infectologistas analisam cenário do ES, após bater 200 mil casos de Covid

Infectologistas analisam cenário do ES, após bater 200 mil casos de Covid

No domingo (06), total de casos infectados chegou a 200.257, e 4.397 mortos. Para especialistas, número vem subindo devido à falta dos cuidados da população

Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 10:36

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Uso de máscara nas ruas de Vitória
Uso de máscara nas ruas de Vitória: nova alta de casos da Covid no ES já ultrapassa primeiro pico da doença. (Carlos Alberto Silva)

Com a ultrapassagem da marca de mais de 200 mil casos de pessoas infectadas pela Covid-19 até  domingo (6), os dados da pandemia no Espírito Santo acendem um alerta para a população reforçar os cuidados de prevenção contra o novo coronavírus, especialmente neste período de festas de fim de ano que se inicia, segundo especialistas. Com este número, significa que cerca de 5% da população capixaba teve o contágio confirmado para a doença. O dado pode ser ainda maior, ao considerar os grupos que não foram testados ou são assintomáticos. 

O Estado também ultrapassou o pico da primeira curva de casos, que havia ocorrido no final de junho e início do mês de julho. O secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, detalhou que na semana epidemiológica que foi de 28 de junho a 4 de julho, houve 9.035 casos, e 20 semanas depois, de 15 a 21 de novembro, foram 9.219 casos.

Porém, projeções estatísticas apontam que até o final de dezembro outras 22 mil pessoas podem ser infectadas e 500 doentes devem perder a vida no Espírito Santo para a Covid-19. A estimativa de casos, feita pelo Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), já considera as aglomerações ocorridas em novembro, nas comemorações do segundo turno das eleições municipais. Neste domingo, o total de óbitos chegou a 4.397 no Estado. 

Para especialistas, o comportamento da sociedade nas festas de fim de ano vai ser determinante para o próximo estágio da doença no Estado. O impacto das festas será sentido nas estatísticas de janeiro, considerando uma margem de uma a duas semanas após as celebrações para as pessoas apresentarem os sintomas e terem a confirmação da doença.

A partir do final de setembro, com mais força em outubro, o comportamento da pandemia - que vinha registrando queda nos indicadores no Estado - mudou, com casos e óbitos voltando a apresentar crescimento. Na maioria dos municípios, as aglomerações em bares, boates, praias e festas na rua nos finais de semana voltou a ser comum. Além de haver uma maior circulação de pessoas, observou-se um relaxamento da população em relação ao uso de máscaras e medidas de higienização, o que contribuiu para este aumento.  

O médico infectologista Paulo Peçanha pontuou que esse número de casos diagnosticados é alto, mas infelizmente ainda não significa o número total, que é ainda maior. "Há estudos que mostram que o número de casos pode ser até 5 vezes maior, já que esse registro que temos é o número de casos positivos entre as pessoas que testaram. O número é preocupante, porque ele pode continuar subindo. Estávamos em uma curva descendente, e estamos vivendo uma reversão", explica.

Ele observa que a população não está cumprindo com o rigor necessário os protocolos de prevenção, como o uso de máscara e as medidas de higiene. Destacou também que, mesmo havendo um novo pico, o número de internações e mortes está abaixo daquele registrado durante o primeiro pico, há 20 semanas. Isso se explica pelo fato de que a maioria dos infectados nas últimas semanas sejam os mais jovens, que em geral, apresenta menos complicações e sintomas leves.

"Os trabalhos no Estado têm mostrado que há mais infecções em pessoas mais jovens. E esse fator já é determinante para ter menos complicações.  Eles complicam menos, mas não são invulneráveis. Além disso, eles levam a infecção para suas casas, que podem ter pessoas mais velhas, do grupo de risco. Por isso, é fundamental o compromisso das pessoas com a prevenção, para evitar que a doença chegue às pessoas de seu convívio", frisou.

De acordo com dados do governo estadual, os jovens são atualmente os grupos que mais se contaminam e transmitem coronavírus no Estado. Pessoas com idade média de 29 anos representam 60% dos infectados. 

A infectologista e professora da UVV Jaqueline Oliveira Roeda também destacou que há muitas pessoas que, por já terem sido infectadas, abandonaram os cuidados com a doença. Esse comportamento é danoso, pois além de ainda não estar descartada a possibilidade de reinfecção, essas pessoas também continuam podendo ser transmissoras do vírus.

"Mesmo que a pessoa não esteja transmitindo por gotículas, pode transmitir por contato, com as mãos infectadas. Então mesmo as pessoas que já tiveram a infecção devem continuar aderindo ao distanciamento social, e aumentar a frequência de higienização das mãos. Lembrando que, se eu uso máscara, eu sou exemplo para os meus pares", ressalta.

O médico Paulo Peçanha também complementa que a boa notícia dos avanços para a chegada de uma vacina, em breve, ainda não significa que podemos abrir mão dos protocolos de proteção. "Com essa chegada da vacina, parece que muitas pessoas desistiram de se proteger. Mas temos que lembrar que ela ainda não está disponível, e no momento que chegar, ela será distribuída de forma gradativa", completou.  

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