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Publicado em 13 de dezembro de 2021 às 20:41
Algumas cidades da Bahia e de Minas Gerais enfrentaram fortes temporais com alagamentos, que deixaram muitos estragos e mais de 231 mil pessoas atingidas — 220 mil somente no Estado baiano. Especialistas afirmam que a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) causou um grande volume de chuva nessas regiões. Mas os capixabas devem se preocupar? Esse temporal pode chegar ao Espírito Santo?>
Segundo o Instituto Climatempo, a chuvarada aconteceu nessas regiões devido a uma combinação de fatores. Ao longo da semana, houve a formação de uma baixa pressão que, posteriormente, deu origem à Tempestade Subtropical Ubá. Esse sistema de baixa pressão se formou e demorou para se fortalecer. "Apesar de não atuar diretamente sobre Minas Gerais e Bahia, enquanto ele ainda estava em formação, o sistema canalizou toda a umidade sobre os Estados", explicou.>
O coordenador de meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Hugo Ramos, detalhou que a ZCAS é o principal sistema meteorológico atuante neste período de dezembro e consiste em um corredor de nuvens, que se estende entre o sul da Amazônia até o litoral do Sudeste do Brasil, onde está localizado o Espírito Santo. O fenômeno dura, no mínimo, quatro dias.>
No entanto, segundo Hugo Ramos, a Zona de Convergência do Atlântico Sul chegou a atingir o Estado capixaba. "Quando houve a formação da ZCAS, houve a chuva forte que atingiu o Norte do Espírito Santo. É lógico que não foi tão volumosa como na Bahia, mas a precipitação que ocorreu lá foi por conta deste fenômeno", explicou. >
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Chuva no ES no início de dezembro
Na primeira semana de dezembro, municípios do interior do Espírito Santo sofreram com fortes chuvas que atingiram a região. Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Itarana, Afonso Cláudio, Rio Bananal, São Mateus e Governador Lindenberg foram alguns dos municípios atingidos. A Defesa Civil Estadual divulgou diariamente boletins diários do balanço da chuva no interior.
De acordo com o Incaper, a média histórica para todo o mês dezembro apresenta as maiores alturas de chuva, de 250 mm a 300 mm, no trecho desde o Caparaó até áreas da Região Serrana. As demais áreas do Estado têm altura de chuva de 200 mm a 250 mm, exceto no trecho da Região Nordeste, onde a altura de chuva varia de 150 mm a 200 mm.
De acordo com o meteorologista do Incaper, desta vez, a Zona de Convergência do Atlântico Sul estava mais posicionada ao Norte do Brasil, por isso outros Estados foram influenciados. "Mas, em outros anos, nessa mesma época e com a proximidade do verão, é comum que venha esse grande volume de chuva com a influência da ZCAS", continuou o especialista. >
Ainda assim, o coordenador do Incaper disse haver uma possibilidade de, nos próximos dias, um novo episódio da ZCAS se formar, mas é preciso acompanhar a previsão do tempo atentamente. "Não é possível afirmar nada, nem se atingirá o Espírito Santo. O evento que causou esse temporal já se dissipou. Vamos analisar os próximos dias", disse.>
O Incaper reforçou que tudo se trata de uma previsão. "É complicado fazer alguma precisão do tempo e determinar como vai ser todo o mês. A atualização da previsão é feita diariamente, e as condições do tempo mudam a cada hora", explicou. >
O instituto informou que monitora diariamente a previsão do tempo, e reiterou que as condições climáticas mudam a cada hora. "Por isso prevemos uma média e verificamos todo dia. Não dá para determinar como vai ser o mês, se algo vai se formar ou não, porque podemos ter mudança repentina", concluiu o meteorologista.>
As chuvas fortes que atingiram a Bahia já deixaram pelo menos 10 mortos no Estado. Segundo o último balanço divulgado pela Defesa Civil Estadual no início da tarde desta segunda-feira (13), nas regiões mais afetadas cerca de 15.199 pessoas estão desalojadas e 6.371 desabrigadas. A população atingida chega a mais de 220 mil pessoas. >
Segundo a Agência Brasil, os temporais na última semana fizeram rios transbordarem. Casas foram inundadas e, com estradas e pontes destruídas, algumas cidades estão ilhadas e sem comunicação. O governador da Bahia, Rui Costa, declarou situação de emergência em pelo menos 51 municípios. Já o governo federal reconheceu, até o momento, o estado de emergência em 24 cidades baianas.>
Casas ficam submersas após ciclone em Itamaraju, na Bahia
Já no Norte de Minas Gerais, nos vales do Jequitinhonha, do Mucuri e do Rio Doce, as chuvas nos primeiros 12 dias de dezembro (274 milímetros) já superam em 47% a média histórica pluviométrica dessas regiões de todo o mês, que era de 186 milímetros. O levantamento é do meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo, que também aponta que há mais de 40 anos não era registrado volume de chuva tão elevado nas referidas regiões.>
De acordo com o Estado de Minas Gerais, a chuvarada no território mineiro acarretou destruição e mortes. Segundo o balanço da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, na atual temporada, cinco pessoas perderam a vida em consequência dos temporais no território mineiro. Até domingo (12), as enchentes haviam deixado 9.565 pessoas desalojadas e outras 1.979 desabrigadas, totalizando 11.544 atingidos.>
A medida para calcular o volume de chuva é de milímetros por metro quadrado. Um milímetro de chuva, por exemplo, corresponde a 1 litro de água por metro quadrado (1l/m²). No caso de Afonso Cláudio, onde o acumulado de chuva foi de 106,45 milímetros de chuva em 24 horas, significa que choveu 106,45 litros por metro quadrado em um dia no município. >
Quando um grande acumulado de chuva cai em um curto espaço de tempo, há a chance de alagamentos. Quem mede esse quantitativo é o pluviômetro, aparelho que pode ficar espalhado por vários pontos das cidades. Confira a explicação abaixo:>
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu, nesta segunda-feira, um aviso de perigo potencial para chuvas intensas em 41 cidades do Espírito Santo. O aviso está vigente e é válido até às 10h desta terça-feira (14). Segundo o Inmet, é esperada chuva entre 20 e 30 milímetros por hora ou até 50 milímetros por dia, com ventos intensos de até 60 quilômetros por hora.>
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