Edmilson Francisco Anselmo, de 67 anos, natural de Maceió, em Alagoas, é um querido vendedor de pipoca que trabalha há 19 anos em uma faculdade particular de Vitória. Devido ao isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus, o "Tio Riqueza", como é conhecido, ficou sem sua única fonte de renda. Para tentar ajudar neste momento difícil, a instituição de ensino teve a iniciativa de criar um voucher para que alunos pudessem comprar antecipadamente um combo de pipocas, ao qual teriam acesso na volta às aulas presenciais.
O sucesso da campanha iniciada em 16 de abril foi tão grande que já arrecadou mais de R$ 1,8 mil, além de ter mobilizado também pessoas de fora da faculdade. A ideia agora é manter a ação enquanto durar a pandemia, já que o Tio Riqueza continua sem trabalhar.
De acordo com a gestora do Núcleo de Comunicação e Marketing do Centro Universitário, Carol Bento, a proposta surgiu da lembrança, em momento de home office, do sorriso e da pipoca feita por Edmilson. "E sabemos que a única fonte de renda dele é essa. Fomos falar com ele e ele estava sem perspectivas de receber o que geralmente recebe. Decidimos então criar a campanha e mobilizar as pessoas, inicialmente pela comunidade acadêmica, mas acabou indo além, todo mundo se compadeceu", disse.
Com o valor já arrecadado, Riqueza conseguiu pagar contas em atraso, como água, telefone e aluguel, além de garantir a alimentação da família. "Isso me ajudou muito, foi fenomenal, excelente, sem dúvidas. Ainda tenho dívidas, já que as coisas vão apertando. Mas só tenho a agradecer. Foi difícil, porque juntou o período de férias escolares, no fim do ano, voltamos a trabalhar e logo veio a paralisação, tínhamos coisas pendentes", desabafou.
Quem quiser comprar um combo de pipocas ou simplesmente fazer uma doação para ajudar o Tio Riqueza, é só transferir o valor de R$ 10,00 para o vale-pipoca, ou o quanto desejar, em caso de doação, para a conta dele no Picpay, @pipoca.faesa.
Apesar das dificuldades, Edmilson agradece com carinho a quem teve a possibilidade de ajudá-lo de alguma forma. "Agradeço aqueles que puderem fazer algo por mim, para sobrar um dinheiro para comprar um pãozinho, tomar um café. Mas eu não sei muito me lamentar. Às vezes minha esposa reclama de mim e eu digo que não consigo, não sei o que é lamentação. Sou humano e sei que existe a dor, mas nem sempre sei expressar onde ela está", disse.
O alagoano Edmilson contou que vender pipoca foi uma consequência e um milagre da vida, que se apresentou como alternativa quando viu seu comércio fechar. "Eu tinha 42 anos quando vim para o Espírito Santo. Abri um bar e restaurante, chamado Riqueza, em Laranjeiras, na Serra, junto a uma associação. Um dia, a instituição vendeu nosso espaço para um shopping. Recebemos uma pequena indenização e comprei uma casinha, mas logo tive que vender porque as coisas apertaram", afirmou.
Foi aí que o Tio Riqueza precisou se reinventar e hoje mora em Vitória, de aluguel. Um detalhe que poucos conhecem é que ele também é artista e tem um livro publicado sobre a história dele: "É tempo de poesia, Tio Riqueza". Ele conta que gosta de compor e tem diversas canções de forró e música sertaneja. Revelou também que tem um sonho que o move: o de ver a música dele sendo cantada e que o dinheiro o possibilite comprar uma casa para morar. "Quando dizem que sou brega, eu acho é bom, aí que o bicho pega", cantou sorridente.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta