Publicado em 9 de maio de 2020 às 17:06
Um estudo realizado por professores do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) mostra que a velocidade de transmissão do novo coronavírus tem caído na Grande Vitória. A taxa de transmissibilidade saiu de 2,1, no início da pandemia, para 1,6. Pesquisadores apontam que a queda se deu, sobretudo, devido às medidas de isolamento adotadas pelo Estado. >
Essa redução, contudo, não significa que a pandemia esteja recuando no Estado. Enquanto a taxa for maior que 1, a doença continuará a se expandir.
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A pesquisa é liderada pelo professor Etereldes Gonçalves e analisa a velocidade de transmissão do vírus em quatro cidades da Grande Vitória: Serra, Cariacica, Vila Velha e Vitória. Os resultados são semanais e mostram como a taxa de transmissibilidade do novo coronavírus se comportou durante um período de 7 semanas. >
Essa taxa é chamada de Rt e o valor dela indica quantas pessoas um pacientes com Covid-19 pode infectar em média. Na primeira semana da pesquisa, realizada no dia 21 de março, esse número era de 2,19, ou seja, cada 10 pessoas infectadas transmitiam o vírus para outras 21. Esse valor chegou a variar durante um mês, atingindo na última semana o menor patamar até então, 1,64. Ou seja, 10 pessoas transmitindo para 16.>
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"A velocidade de crescimento da curva de transmissão diminuiu durante este período, provavelmente por causa das medidas de isolamento que foram adotadas. É uma queda expressiva, até porque essa taxa acima de 2, que foi registrada no início da pandemia aqui no Estado, é altamente perigosa. Se ela tivesse se mantido, teríamos uma situação dramática", comentou o professor Etereldes Gonçalves. >
No Brasil, atualmente, segundo estudo publicado pelo Imperial College, essa taxa é de 2,8, um número considerado alto e preocupante pelas organizações de saúde. >
O estudo realizado pelos pesquisadores da Ufes usou dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde. A metodologia é similar a dos estudos divulgados pelo Imperial College London, uma instituição britânica de pesquisa que tem analisado dados sobre o novo coronavírus em todo o mundo. >
Contudo, diferente da Europa, onde os dados utilizados para calcular a taxa de transmissibilidade são referentes ao número de infectados, no Brasil o cálculo é feito em cima dos óbitos e das pessoas hospitalizadas. >
No Brasil estamos testando pouco. Utilizar o número de pessoas infectadas para realizar este cálculo não seria confiável. Por isso, desenvolvemos a metodologia aqui usando o número de hospitalizados e mortos, que fica mais fiel a nossa realidade, explica Etereldes. >
Na Europa, as taxas de transmissibilidade têm sido utilizadas para guiar países na reabertura de comércios e outras atividades. Esta variável se tornou uma das principais para processos de tomada de decisão na Europa. Quando o índice fica abaixo de 1.0, existe uma sinalização positiva para medidas de abertura de comércios, por exemplo, explica Etereldes.>
O professor alerta, contudo, que as taxas podem voltar a subir após medidas de flexibilização. Por isso, é importante acompanhar a evolução da curva e analisar outras variáveis no processo de tomada de decisão. >
Etereldes Gonçalves
Professor do Departamento de Matemática e líder do estudoO estudo da Ufes analisa dados semanalmente, mas já planeja obter resultados diários. As informações desta pesquisa foram encaminhadas para o governo estadual. Segundo a assessoria, todos os estudos recebidos pelo governador Renato Casagrande são levados em conta para tomar decisões referente ao retorno de atividades no Estado. >
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