Publicado em 6 de abril de 2020 às 15:58
Um novo estudo publicado na Nature Medicine na última sexta (3) indica que máscaras cirúrgicas limitam expressivamente a difusão do novo coronavírus por gotículas respiratórias e aerossóis (partículas minúsculas liberadas no ar pela respiração).>
Para descobrir quão eficazes são as máscaras, os pesquisadores dividiram 123 pessoas com pelo menos uma infecção respiratória confirmada em dois grupos: os que usariam máscara e os que não usariam.>
Todos tiveram o ar expirado durante 30 minutos coletado por uma máquina. Os voluntários eram posicionados dentro de uma cabine de frente para um tubo de abertura cônica, onde o ar foi armazenado para análise.>
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Dentre eles, 17 pessoas estavam infectadas com coronavírus humano sazonal (vírus mais brando do que o coronavírus da pandemia atual), 43 com Influenza e 54 com rinovírus também sazonal. Uma pessoa tinha coronavírus e Influenza ao mesmo tempo, e outras duas apresentaram contaminação simultânea por Influenza e rinovírus.>
No grupo dos voluntários sem máscaras, foram detectadas partículas virais do coronavírus em gotículas respiratórias e aerossóis, respectivamente, em 30% e 40% das amostras.>
Já entre os que usaram máscara o coronavírus não foi detectado em gotículas ou aerossóis.>
Os resultados foram menos animadores para Influenza. O vírus foi detectado em pacientes sem máscara em 26% das amostras de gotículas e 35% dos aerossóis. Entre os com máscara, 4% das amostras de gotículas continham o patógeno, que não foi encontrado em amostras de aerossóis.>
Para os pesquisadores, os resultados indicam que o uso de máscaras por pessoas que estão infectadas é um valioso ativo para a prevenção contra o coronavírus, limitando a possibilidade de contágio.>
Apesar dos resultados positivos, o estudo tinha limitações. Nem todos os participantes expeliram os vírus ao tossir ou respirar.>
Entre os voluntários, 24% apresentaram febre igual ou superior a 37,8 °C, e os infectados pela Influenza eram duas vezes mais propícios ao quadro febril do que os contaminados por coronavírus ou rinovírus.>
Já os pacientes com coronavírus foram os que mais tossiram, com uma média de 17 tosses a cada 30 minutos. Ao todo, 89,1% dos voluntários tossiram em algum momento.>
Os autores afirmam que até poderiam ter pedido que os voluntários tossissem de forma forçada para produzirem mais material para análise, mas o objetivo do estudo era mapear o comportamento natural do vírus e seus sintomas.>
"Esperávamos que alguns indivíduos durante uma doença respiratória aguda não tossissem muito. De fato, identificamos o RNA viral [de todos os vírus analisados] em um pequeno número de participantes que não tossiram durante a coleta expiratória de 30 minutos, o que sugere que as rotas de transmissão de gotículas e aerossóis são possíveis em indivíduos sem sinais ou sintomas óbvios", diz o texto.>
O estudo também não investigou se as partículas virais obtidas como amostras durante a medição poderiam, efetivamente, infectar outra pessoa e levar ao adoecimento.>
Na última quinta-feira (2), o Ministério da Saúde passou a incentivar o uso de máscaras mesmo por pessoas que não estejam doentes ao saírem de casa, mudando entendimento anterior de que máscaras deveriam ser utilizadas apenas por aqueles infectados pelo coronavírus.>
A mudança surge em um momento em que começam a se esvaziar os estoques de EPIs (equipamentos de proteção individual) até mesmo para os profissionais da saúde na linha de frente contra a pandemia.>
Veja como fazer uma máscara de pano para se proteger do coronavírus O uso de máscaras de pano caseiras passou a ser incentivado pelo ministério como maneira de impedir que cidadãos busquem as máscaras cirúrgicas essenciais para o trabalho de médicos, enfermeiros e todos os profissionais envolvidos no atendimento de pacientes.>
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, disse nesta segunda (6) que países que adotarem o uso extensivo de máscaras de proteção devem garantir que elas sejam usadas com segurança.>
"A OMS têm normas sobre como colocá-las, retirá-las e descartá-las", afirmou.>
Segundo ele, "está claro que a pesquisa sobre o uso de máscaras nesta pandemia é limitada. Máscaras sozinhas não vão parar o coronavírus. Nenhuma medida isoladamente vai parar o coronavírus. É fundamental continuar testando, isolando e tratando todos os casos e monitorando os contatos".>
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