Publicado em 12 de dezembro de 2020 às 14:04
Após um período de declínio - em agosto, a taxa de transmissão (RT) chegou ao patamar de 0,66 -, os números de casos de infecções causadas pelo novo coronavírus voltou a subir no Espírito Santo. De acordo com dados divulgados pelo governo do Estado nesta sexta-feira (11), o RT chegou a 1,43. Esse crescimento fez com que o governador Renato Casagrande dissesse, na última sexta-feira em pronunciamento, que a doença está galopante no interior do Estado, ou seja, está avançado de forma rápida.>
Chama a atenção, porém, a assustadora escalada da doença no interior. A região do Caparaó, por exemplo, conta com uma taxa de 2,28. O Litoral Sul também preocupa, pois alcançou o índice de 2,70, ou seja: dez pessoas podem contaminar outras 27. >
Outras áreas em que a doença está avançando de forma preocupante são a Região do Rio Doce, com RT de 1,87 na última semana de novembro; Sudoeste Serrana (1,65); Central Serrana (1,80); e Noroeste (1,98). Não à toa, o novo mapa de risco, divulgado pelo governador Renato Casagrande (PSB) nesta sexta, traz seis municípios em risco alto, ou seja, na cor vermelha de contaminação: Ecoporanga, Mantenópolis, Marilândia, Ibiraçu, Domingos Martins e Anchieta. >
E é sempre bom lembrar a "velha cartilha" da Covid-19, que não deve ser esquecida: quanto maior o risco de contaminação, mais restritiva a interação social e o funcionamento do comércio e demais atividades. >
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Conversamos com Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves para saber: por qual motivo a doença está avançando mais no interior do que na Grande Vitória, que, hoje, conta com taxa de transmissão de 1,03, ou seja, 100 pessoas são capazes de infectar 103? >
"Há uma série de fatores que explicam o aumento nesta área do Estado. Podemos citar a expansão do critério de testagem, os feriados de 7 de setembro e 12 de outubro e os eventos pré-eleitorais, que movimentaram novembro. O mais decisivo, porém, partiu dos próprios moradores: as pessoas relaxaram. Estão deixando de usar máscaras e de manter o isolamento social, promovendo uma maior interação entre pessoas. Nós cansamos do vírus, mas ele não cansou da gente. Não podemos afrouxar as medidas de segurança", defende.>
Para corroborar sua afirmação, Lira cita os novos índices de taxa de transmissão. "As regiões em que o contágio mais cresceu, como o Litoral Sul e a Serra Capixaba, por exemplo, são áreas onde o turismo é muito forte. Praias e montanhas, quase sempre, atraem muitas pessoas em épocas de feriado. A chance de aglomeração - e de contágio - aumenta muito. Além disso, há uma realidade não só no interior como na Grande Vitória: os jovens estão se expondo mais. Eles voltaram a interagir em bares e em espaços públicos. São ambientes propícios à propagação da Covid-19." >
Além do aumento das taxas de contaminação, o número de mortes também cresceu no Espírito Santo, ainda ancorado pelo aumento do interior do Estado. Durante os dias analisados pelos novos índices, de 3 a 9 de dezembro, foram 70 mortes no interior e 66 na Região Metropolitana. "Está estabilizando o número de óbitos na Grande Vitória, porém no interior está aumentando. Por isso, compreendemos melhor o aumento de óbitos no Estado, esse dado está sendo puxado pelo interior, principalmente", comentou Pablo Lira.>
"Vivemos de ciclos epidemiológicos. A Grande Vitória, por exemplo, passou a ter um aumento de casos e de óbitos em outubro. O interior absorveu esses índices com duas a três semanas de atraso. Acreditamos que, com a estabilização dos números na Região Metropolitana, a tendência é que os dados do Espírito Santo voltem a se normalizar", avalia, dizendo que, para isso, é preciso que o capixaba faça a sua parte, mantendo o isolamento social e seguindo as medidas de segurança sanitária. >
"Precisamos ter consciência, especialmente na hora de programar as comemorações de fim de ano e férias de verão. A vacina deve vir nos próximos meses. Com ela, teremos um controle maior das infecções, visto que a vacinação vai criar uma série de pessoas imunizadas". >
Pablo Lira também comentou sobre as taxas de ocupação das UTIs no Espírito Santo disponibilizadas para o tratamento da Covid-19. De acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (11), os índices estão em 86,48%, ou seja: dos 525 leitos disponíveis, 454 estão ocupados. >
"Estamos tentando não ultrapassar a taxa de ocupação preferencial, que hoje está em 63,50%. Nossa ampliação máxima de leitos chega a 715 unidades. Em julho, chegamos a ocupar quase 90% deles. Foi um período muito complicado da pandemia, onde o sistema de saúde quase entrou em colapso. Não podemos passar por isso novamente", avalia.>
No interior, a taxa de ocupação das UTIs também está em elevação. No Sul do Estado, os índices estão em 81,43%; no Norte, 85% e, na Região Central, a situação é mais preocupante, com taxa de 86,64%. Há unidades de saúde que estão com sua capacidade de operação comprometida, como o Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus, que conta com apenas um leito livre para o tratamento da Covid-19. Há unidades de saúde que já não têm mais leitos disponíveis, com a Santa Casa de Misericórdia de Colatina e a Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí. >
Abaixo, veja como está a taxa de transmissão da Covid-19 no interior do Espírito Santo>
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