Repórter / mmferreira@redegazeta.com.br
Publicado em 30 de julho de 2025 às 20:01
A manhã de aulas e brincadeiras se transformou em desespero para uma criança de cinco anos na manhã de sexta-feira (25) em um Centro Municipal Educacional Infantil na Serra. Ao pegar o prato no refeitório, a menina tropeçou, caiu e os estilhaços de vidro cortaram três dedos. Os médicos contaram à família que o corte quase chegou ao tendão. O padrasto da pequena explicou que receberam ajuda da Secretaria Municipal de Educação (Sedu), mas reclama de objetos de vidro estarem sendo entregues a crianças.
Agora, a menina precisa passar dez dias fora da escola a pedido dos médicos. O padrasto disse que a menina está inquieta, reclama de dor, não consegue brincar e provavelmente vai precisar de fisioterapia nas mãos. Os envolvidos não serão identificados em preservação a identidade da criança, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“A gente não deixa ela com prato de vidro em casa, para gente levar ela para escola e eles colocarem. É uma situação que a gente fica com sentimento de impotência. O que a gente precisa realmente é que eles resolvam a situação, substituindo esses pratos de vidro por outro material”, frisou o parente.
A explicação dada pela Secretaria Municipal de Educação para o uso dos pratos é uma normativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Mais assim são crianças. A higiene é mais importante do que a segurança da criança? Pode usar acrílico, pode usar inox. As escolas públicas, por ser um volume muito grande de pratos, provavelmente é mais barato usar o vidro, mas é perigoso para crianças. Outros pais comentaram comigo que aconteceu também com o filho deles”, frisou o padrasto.
O medo não se instaurou somente na pequena, mas também no padrasto e mãe dela. Os dois estavam trabalhando quando receberam a ligação sobre o acidente. Como o homem, que é autônomo, estava mais próximo do Hospital Materno Infantil, para onde a criança foi levada inicialmente, ele seguiu até o centro médico. No local viu a mão dela enrolada em um pano ensanguentado.
Por ser um corte profundo e sem saber se tinha atingido o tendão acabou sendo necessário a transferência para o Hospital Infantil. No local fizeram a sutura.
“É complicado para ela. Principalmente na hora de dormir devido aos pontos. Um deles até estourou logo no primeiro dia. A gente não sabe se foi ela dormindo. E foi na esquerda e ela é canhota, a mão que ela usa para tudo. No local nos deram ajuda, três funcionários da Sedu foram até lá e as professoras mantiveram contato direto comigo. A minha esposa mandou mensagem para a creche. Até hoje a mensagem não foi respondida, porque a creche não respondeu”, desabafou o padrasto.
O autônomo fez um post na rede social relatando o acontecido. Nos comentários, ele viu outros pais contando terem vivido a mesma situação. Por isso, o padrasto da menina enfatiza a necessidade de rever o uso do vidro em escolas de fundamental I.
O pedido parte de quem leva a menina de cinco anos todos os dias na escola e receia ver a situação se repetir. O medo é de ver novamente a menina aos prantos com medo até de tirar o pano provisório colocado para estancar o sangue.
“Um pai falando que aconteceu há 2 meses com o filho dele na mesma creche e a diretora falou o seguinte: ‘que não vale a pena, é recorrer por causa de uma criança só', eles não trocariam os vidros que estão lá", comento o responsável.
Os próximos dias são de total atenção à menina. Sem ter como brincar e sem poder voltar à escola, os responsáveis buscam formas de entretenimento. Mas mesmo quando puder voltar a conviver com os coleguinhas, não será na mesma unidade educacional. Por receio de que algo parecido aconteça de novo, foi solicitado a transferência.
“A Sedu deu apoio e foram três funcionárias no hospital. No dia que a gente estava no hospital falaram: "Ah, onde vocês querem? A gente consegue". Agora a gente não sabe se foi só algo que eles falaram no momento, e se vão manter. No médico nos orientaram a fazer um boletim de ocorrência e fizemos", contou o homem.
Em nota, a Prefeitura da Serra informou que a criança envolvida no incidente foi prontamente socorrida pela equipe escolar. A administração central reforça ainda ter compromisso com a segurança e o bem-estar dos estudantes e segue acompanhando o caso.
"O pai foi acionado imediatamente e acompanhou a filha durante o encaminhamento ao Hospital Materno Infantil. Após os primeiros atendimentos, ela foi transferida para o Hospital Estadual Infantil, em Vitória, onde passou por procedimento cirúrgico e recebeu alta no mesmo dia. Uma equipe da Secretaria de Educação da Serra acompanhou todo o atendimento e continua prestando assistência à família. O uso de utensílios de vidro nas escolas segue critérios técnicos de segurança alimentar, conforme orientações da Anvisa e do Inca. Os materiais utilizados são de vidro temperado, que apresenta maior resistência a impactos", finalizou.
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