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CPI divulga laudo de tiro de PM que matou Golden Retriever em Guarapari

CPI divulga laudo de tiro de PM que matou Golden Retriever em Guarapari

O documento aponta que o tiro atingiu as costas e saiu pela barriga de Churros. Disparo foi efetuado por um subtenente aposentado da Polícia Militar de Minas Gerais

Publicado em 28 de setembro de 2023 às 16:28

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O Golden Retriever, Churros
O Golden Retriever Churros, morto com um tiro disparado por um PM em Guarapari. (Acervo Pessoal)

A CPI de Maus-Tratos contra os Animais, da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, divulgou nesta quinta-feira (28) um laudo que comprova que a morte do cachorro Churros, ocorrida no dia 9 de setembro na Praia do Morro, em Guarapari, foi provocada por um disparo de arma de fogo. O documento aponta que o tiro atingiu as costas e saiu na barriga de Churros. O tiro foi disparado pelo subtenente da Polícia Militar de Minas Gerais aposentado Anderson Carlos Teixeira, de 52 anos.

A imagem divulgada durante a audiência desta quinta (28) é acompanhada de um laudo realizado pela Polícia Civil e obtido por A Gazeta. A seta vermelha representa a trajetória do tiro antes de atingir o animal. A seta azul representa a saída do projetil.

Laudo da Polícia Civil detalha disparo contra cachorro em Guarapari(Reprodução | Polícia Civil)

O texto descreve o que os especialistas encontraram ao examinar o cão. Dentro da barriga, o tiro atingiu o pulmão esquerdo e criou um buraco entre o tórax e a barriga. Também causou danos na musculatura da barriga e na pele do lado esquerdo.

Havia duas lesões na pele, uma nas costas e outra na barriga. A da costas tinha bordas regulares e viradas para dentro, o que sugere que foi causada por um projétil de arma de fogo entrando. A da barriga tinha bordas irregulares e viradas para fora, e era um pouco maior, indicando que foi causada por um projétil de arma de fogo saindo.

CPI divulga laudo de tiro de PM que matou Golden Retriever em Guarapari
Aspas de citação

Devido às características das lesões encontradas e a continuidade entre elas, perfazendo um trajeto retilíneo, foi possível concluir que as lesões foram provocadas por objeto perfuro-contundente, compatível com projétil de arma de fogo

Trecho do laudo
Polícia Civil
Aspas de citação

Isso significa que os especialistas concluíram que as lesões foram causadas por algo que tinha uma ponta afiada e também era duro, como um projétil de arma de fogo.

Audiência na Assembleia

CPI realizou nova audiência sobre caso de cachorro morto com tiro no ES
CPI realizou nova audiência sobre caso de cachorro morto com tiro no ES. (Reprodução | CPI da Ales)

A nova audiência realizada pela CPI, que é presidida pela Deputada Estadual Janete de Sá, marcou um novo capítulo desde a morte do cachorro. O policial militar aposentado Anderson Carlos Teixeira, de 52 anos, suspeito do crime, não compareceu ao local. De acordo com a CPI, o suspeito conseguiu na Justiça um “habeas corpus” preventivo. Ou seja, não tinha obrigação de comparecer.

"O acusado não compareceu mais uma vez, amparado por habeas corpus. Infelizmente ele não compareceu e vamos ao Tribunal de Justiça para reverter a decisão que permitiu que ele saísse do Estado. Ficou claro que foi uma execução", afirmou Janete de Sá.

Relembre o caso

O cachorro da raça Golden Retriever, identificado como Churros, morreu após ser baleado pelo subtenente da Polícia Militar no fim da tarde do dia 9, na Praia do Morro, em Guarapari. O cão é da família da influenciadora digital Iuly Lima, de Vitória. No momento dos disparos, Iasmin Lima Peçanha Avelar, de 32 anos, irmã da influenciadora digital, passeava pela Rua Vitória Maria da Conceição com Churros, que tinha três anos, o marido e três crianças.

Iasmin contou que o animal costumava ficar dentro de casa, era muito dócil e só saía para passear ocasionalmente. Segundo Iasmin, no sábado o cão estava solto, alguns metros na frente dela. Em determinado momento, o animal latiu e pulou no policial, que se assustou. O militar, então, teria dito “eu vou matar seu cachorro” e, em seguida, teria efetuado dois disparos, atingindo Churros.

Anderson foi embora, sem socorrer o animal, e entrou em um edifício. A Polícia Militar do Espírito Santo foi acionada e encontrou o suspeito. Conforme o boletim de ocorrência, o militar alegou que estava apenas caminhando quando foi atacado duas vezes seguidas. Ainda disse que, na primeira vez, pediu aos donos do animal que o segurassem, pois o cachorro estava sem focinheira. Ainda segundo ele, na segunda vez que foi atacado, querendo resguardar sua integridade física, ele sacou sua pistola e atirou uma vez.

O policial militar foi encaminhado à Delegacia Regional de Guarapari. A Polícia Civil informou que o suspeito foi autuado em flagrante por maus-tratos aos animais e foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Guarapari. Na manhã do dia seguinte, o policial passou por audiência de custódia, quando foi liberado sem fiança. A Justiça determinou, no entanto, que o subtenente deve seguir uma série de medidas cautelares, como não sair da Grande Vitória sem autorização prévia e não frequentar bares, boates, prostíbulos e assemelhados. Ele também está proibido de utilizar arma de fogo.

A dona do cachorro assinou um termo circunstanciado (TC) por não guardar com a devida cautela de animal perigoso, e foi liberada após assumir o compromisso de comparecer em juízo.

Na época, a Polícia Militar de Minas Gerais informou que se tratava de ocorrência envolvendo policial militar aposentado e, por ser crime comum e não militar, o fato será apurado pela Polícia Civil do Espírito Santo. Destacou, ainda, que acompanha o caso.

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