Publicado em 12 de outubro de 2020 às 13:16
Três microrregiões do Espírito Santo estão com taxa de transmissão do novo coronavírus acima de 1. A região com o dado mais preocupante é a Central Serrana, onde estão cidades como Santa Teresa e Santa Leopoldina e outros três municípios. Lá o resultado alcançou 1.98, segundo a Resenha de Indicadores Covid-19, feita pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e publicada na última sexta-feira (9).>
A taxa de transmissão pode ser interpretada da seguinte forma: quando está acima de 1 significa que dez indivíduos infectados podem passar a doença para outros 10. No caso da Região Central Serrana, por exemplo, dez pacientes têm potencial para infectar quase 20 pessoas.>
O boletim do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) analisou o surgimento de novos casos de coronavírus entre 18 e 25 de setembro.>
Além da Central Serrana, estão com dados acima de 1 o Noroeste e a área Sudoeste Serrana. Ao todo, esses três territórios somam 19 municípios. >
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Também simbolizado por Rt, o "ritmo de contágio" é um número que traduz o potencial de propagação de um vírus. Para que a doença pare de avançar de forma rápida, o Estado tenta manter os indicadores abaixo de 1. De acordo com o boletim, a média para todo o Espírito Santo no período analisado foi de 0,82. Em abril, a taxa estava em 3,44.>
"Para mantermos os dados abaixo de 1, é importante as pessoas manterem o protocolo. Isso vai ser necessário até se exista uma vacina. Mas lembrando que isso não vai ser rápido. Ela vai precisar ser produzida e depois será necessário enfrentar os problemas de logística para que ela chegue aos locais para atender, primeiramente, o grupo de risco. As regras para se proteger da doença vão valer por muito tempo", analisa o diretor de Integração e Projetos Especiais do IJSN, Pablo Lira.>
De acordo com Lira, em especial os índices referentes às Regiões Central Serrana, que chegou a 1,98, e Sudoeste Serrana, que atingiu 1,35, podem ter relação com o fato de serem localidades turísticas. >
"A região das três santas, por exemplo, e de Domingos Martins, são turísticas. Pudemos observar, com o feriado de 7 de setembro, que isso pode ter influenciado a taxa de 25 de setembro, pouco mais de 14 dias depois, e levado a um aumento de casos naquela área na época. Mas destacamos que o feriado não é o único fator que explica. Guarapari, por exemplo, não teve aumento de casos na mesma proporção de Santa Teresa", iniciou. >
Sobre o percentual de 1.98 na Central Serrana, que compreende os municípios de Santa Teresa, Itaguaçu, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá e Itarana, Lira ressalta que esta é a segunda semana que a região atinge taxa como esta. Já a Sudoeste Semana avançou no período de 1,23 para 1,35. No Noroeste, passou de 0,92 para 1,04.>
"É preciso que haja também uma atenção do poder público municipal, para monitorar e trazer para baixo de 1. Nesses locais não há uma população tão expressiva quanto na Grande Vitória, mas chama a atenção o número. A Região Central Serrana que recebe muitos turistas da Grande Vitória e de Minas Gerais, por exemplo, tem que monitorar a situação", frisou.>
Sobre a função que cabe aos municípios, o especialista aponta que eles têm papel crucial para o controle das taxas. "É importante a atenção dos órgãos fiscalizadores, além da própria população se conscientizar da utilização das máscaras, do afastamento físico, de seguir os protocolos de saúde pública de maneira geral", apontou.>
Apesar dos indicadores das três regiões com maiores taxas, o diretor do IJSN destacou que o Espírito Santo, de modo geral, está há dez semanas com taxa de transmissão abaixo de 1 e que a previsão é que isso se mantenha para os próximos períodos. >
Na Grande Vitória, no entanto, pode haver ligeiro aumento, já esperado. "Houve redução de casos confirmados e óbitos, com uma média móvel em redução desde julho e RT desde 17 de julho abaixo de 1. Essas flutuações são esperadas e a possível explicação seria primeiramente que, em setembro, houve ampliação do critério de testagem, o que significa dizer que quanto maior o número de testes, maior o número de casos confirmados e ativos. E a nossa média de óbitos continua em queda", afirmou. >
Além da ampliação da testagem, o outro fator que implica nas variações da taxa de transmissão é a maior interação das pessoas. "Em 7 de setembro, por exemplo, que foi um feriado prolongado, pode ter influenciado no aumento da taxa. Isso não é um fator determinante, mas contribui. É importante observar que estamos passando por um novo feriado prolongado, mas, ao contrário de 7 de setembro, o 12 de outubro tem outra característica ambiental, com baixas temperaturas e maiores índices pluviométricos, ou seja, mais chuvas. Isso pode ser positivo para diminuir o contágio na Grande Vitória e em outros municípios", comparou.>
A menor taxa de transmissão está no Litoral Sul, que chegou a ter 4,2 em abril e agora está em 0,36. A localidade compreende os municípios de Anchieta, Piúma,, Alfredo Chaves, Iconha, Rio Novo do Sul, Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy. >
Em relação à possibilidade de aumento da taxa de transmissão com a volta às aulas presenciais, Lira explicou que não vê riscos significativos neste sentido, já que o Espírito Santo tem adotado protocolos rígidos. >
"O que a gente observa, olhando a tendência de outros países, em termos de volta às aulas de forma escalonada, seguindo o protocolo, não ocorreram alterações significativas nas curvas epidemiológicas. O Estado está fazendo isso, voltando em período de queda de taxa de transmissão, após 10 semanas, estamos seguindo um caminho prudente, para garantir maior segurança", pontuou. >
Além disso, por tratar-se de uma retomada de forma facultativa, com decisões que cabem às famílias dos alunos, a população poderá optar por enviá-los ou não para o presencial, podendo continuar com o ensino remoto. >
"É uma escolha das famílias, algumas têm pais que trabalham e que entendem que é importante a socialização do aprendizado. Além disso, há as famílias mais vulneráveis, que têm dificuldade de acesso à informação. Entendemos que isso não vai gerar impactos significativos na curva, já que está sendo seguido todo o protocolo de forma gradual. É importante a retomada porque é um período de adaptação", opinou. >
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