Repórter de Cotidiano / [email protected]
Publicado em 15 de julho de 2021 às 21:25
Entre os trabalhadores que, assim como os profissionais da saúde, não pararam em nenhum instante durante a pandemia estão os da Segurança Pública. No Espírito Santo, foram 1.309 policiais civis e militares que precisaram ser afastados por Covid-19 e outros seis que perderam a vida em decorrência da doença, somente em 2020. >
Os dados integram o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta quinta-feira (15). O anuário também registra que 472 policiais morreram de Covid-19 no Brasil e 130.946 foram afastados das funções devido à contaminação. >
"Por ser um serviço essencial, não tivemos opção do trabalho remoto. Segurança é um direito fundamental, sabíamos que não iríamos parar. No começo da pandemia foi difícil atender aos protocolos sanitários, até mesmo o acesso a máscaras, álcool, luvas e outros equipamentos necessários. Tanto que o próprio sindicato teve que doar álcool em gel até que esses equipamentos fossem adquiridos pelo poder público", recorda Átila Mendes, diretor de comunicação do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil. >
Na Polícia Civil, foram 258 profissionais afastados somente em 2020 devido à Covid-19 e um falecimento. Com um efetivo quatro vezes maior, a Polícia Militar teve 1.051 afastamentos pela doença, com cinco óbitos. >
>
"A circulação nas ruas foi mantida do mesmo jeito, assim como as abordagens e operações. Isso faz com que o policial fique mais exposto ao contato com outras pessoas, a começar a própria equipe com que trabalha, aumentando as chances de ser contaminado pelo vírus. Além do trabalho já rotineiro e intenso, passou a ser responsabilidade da segurança pública também fiscalizar comércios e encerrar aglomerações", lembra-se o cabo Ted Candeias, diretor de Comunicação Social e Relações Públicas da Associação de Cabos e Soldados do Espírito Santo.>
Tanto Átila quanto Cabo Ted consideram que as corporações agregaram rapidamente os protocolos sanitários necessários ao momento, mas também concordam de que houve consequências psicológicas para a categoria da segurança pública.>
"Já lidamos com situações extremas diariamente. Com o vírus, perdemos colegas, parentes e amigos, além da ansiedade e estresse vindos da necessidade de proteger as próprias famílias. Agora que a situação está menos crítica, daremos mais atenção a essas sequelas do ano de 2020, inclusive aumentando o atendimento psicológico", observou o Cabo Ted.>
Mesmo com todos os procedimentos adotados, a aflição da categoria que realiza o enfrentamento da violência no Estado só foi minimizada em abril, quando o governo estadual priorizou a imunização das forças de segurança. >
"O ano passado foi crítico e tivemos óbitos entre policiais, infelizmente. O HPM tem prestado serviço de atenção aos casos de Covid-19, assim como uma divisão corporativa da Polícia Civil. Com a vacinação, o número de afastamentos segue em queda nas corporações, pois trouxe esse alento de um número menor de contaminados e de internações", observou Pedro Ferro, Coordenador da Comissão Permanente de Saúde dos Servidores da Segurança Pública.>
Sobre o prejuízo que o afastamento do efetivo contaminado, obviamente em momentos distintos ao longo do ano, possa ter trazido para as estratégias e operacionalidade das ações de segurança, o subsecretário de Integração Institucional, Guilherme Pacífico, alega que não foi sentido. >
"Nossos policiais trabalharam heroicamente, fizeram valer o juramento de arriscar a própria vida e deram sequência ao que tínhamos como estratégias de ação, não houve prejuízo maior como se acometeu em outras partes sociais. A forma de atuar e de nos relacionar com os profissionais de segurança se somou aos protocolos sanitários, sem descontinuar o serviço público", pontuou Pacífico. >
Como uma materialidade dessa continuidade de trabalho, houve queda de 8% do número de homicídios no 1º semestre de 2021, em relação ao ano anterior.>
"Nossa missão constitucional é dura, mas seguimos cumprindo com os cuidados", pontuou Cabo Ted. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta