Entre cinco mil inscritos de 89 países, o capixaba Helder Guastti da Silva, de 37 anos, foi o único brasileiro selecionado para o Global Teacher Prize, apontado por especialistas da área como o “Nobel da Educação”. O professor, que é natural de João Neiva, no Norte do Espírito Santo, ficou entre os 50 finalistas do prêmio internacional com o projeto "Como Diz o Outro", desenvolvido com alunos do ensino fundamental.
No site da premiação, que apresenta cada finalista, o professor Helder é descrito como “excepcional, com abordagens inovadoras, paixão pela educação e compromisso em promover um senso de comunidade que o destacam como um modelo global no campo educacional”.
O professor embarca para Dubai, nos Emirados Árabes, na próxima segunda-feira (10) para participar de uma imersão com os demais finalistas, embora não tenha avançado para o top 10 da premiação. O vencedor será revelado em uma cerimônia no final do ano e vai receber US$ 1 milhão. O Global Teacher Prize é um prêmio anual criado em 2014 pela Varkey Foundation em parceria com a Unesco, órgão das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
"Estar entre os finalistas já é uma realização de vida. Não trabalhamos para validação, mas é um reconhecimento que simboliza um esforço coletivo. O professor no Brasil é muito valorizado no discurso, mas pouco na prática. A rede de João Neiva nem paga o piso salarial. Trabalhar em uma escola pública é sempre desafiador. Esse prêmio é para mostrar que nossa educação tem potencial e que acreditar em si mesmo é transformador", ressaltou em entrevista para o G1ES.
Formado em Pedagogia, o professor dá aulas na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Pedro Nolasco, em João Neiva, e na Emef Mário Leal, em Aracruz, para turmas com alunos entre 8 e 11 anos.
O projeto selecionado pelo "Nobel da Educação" foi desenvolvido em 2023, com estudantes do 5° ano da escola de João Neiva, e mesclou tradição e tecnologia.
“Eu desenvolvi o projeto com uma turma muito singular e especial. Um projeto simples, de resgate de contos da tradição popular, só que com o diferencial da autonomia, da participação das crianças em todas as tomadas de decisão”, contou.
A ideia, inicialmente, era modernizar contos populares brasileiros, através das pesquisas feitas em casa, com pais e avós, e também na rua. Uma iniciativa que valorizasse a memória e a oralidade.
Entretanto, após a leitura de uma notícia em sala de aula que falava sobre o mau uso da inteligência artificial (IA), por alunos de uma escola no Rio de Janeiro, o professor decidiu mostrar que a ferramenta poderia ser mais bem aproveitada na educação.
As crianças, segundo Helder, levaram histórias de suas famílias, trava-línguas, parlendas e contos populares para a sala de aula. "No início, seria um simples livro com desenhos, mas elas expandiram a ideia e usamos IA para modernizar as ilustrações."
Também com o projeto “Como Diz o Outro...”, Helder venceu o prêmio 'Educador Nota 10', em dezembro de 2024, um dos maiores reconhecimentos de Educação do Brasil.
Com informações do G1ES
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