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A missão de um mestre para não deixar tradição morrer no ES

A missão de um mestre para não deixar tradição morrer no ES

Quem é e o que faz homem que vive mergulhado na arte manual e musical do congo e luta para manter viva a história para as novas gerações

Ricardo Medeiros

Repórter-fotográfico / r4medeiros@gmail.com

Cauã Christian

Estagiário / caua.alves@redegazeta.com.br

Publicado em 1 de fevereiro de 2025 às 15:29

Sagrilo, artesão  que faz tambores e casaca de congo
Sagrilo, artesão que faz instrumentos usados no congo Crédito: Ricardo Medeiros

Por trás da riqueza cultural do congo capixaba há um trabalho manual essencial para manter viva a tradição: a produção dos instrumentos que são a alma do gênero musical. E esse é o ofício de Wander Silva de Oliveira, mais conhecido como Sagrilo, um artesão dedicado à criação dos instrumentos que tocam a história e na alma de quem nasce no Espírito Santo.

A oficina de Sagrilo se chama "Usina do Tambor" e fica em Carapebus, na Serra. É lá que ele dedica à confecção de casacas, chocalhos, tambores e outros instrumentos usados por diversas bandas de congo da Grande Vitória. O trabalho dele, porém, não se limita à produção dos instrumentos: transmite os saberes da cultura congueira por meio do projeto “Instrumentarte”. Conheça este importante personagem do cenário capixaba no vídeo abaixo:

Com sua oficina em Carapebus, Sagrilo mantém viva a tradição dos instrumentos do congo e compartilha seus saberes com alunos da rede pública no projeto Instrumentarte.

Criado por ele, o Instrumentarte visa levar o congo capixaba para o ambiente escolar, promovendo o ensino da cultura local entre as crianças da rede pública. O projeto é uma verdadeira imersão na música e nos valores tradicionais do congo, compartilhados com alunos da educação infantil e do ensino fundamental.

No Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Maria Amélia, em Carapebus, Sagrilo se une ao Mestre Léo para ensinar as crianças a arte de tocar os instrumentos tradicionais como o tambor, casaca, chocalho, bumbo e cuíca. Ele explica que os instrumentos são feitos sob medida para os pequenos, com um design especial que facilita o manuseio e o aprendizado. “A ideia é criar tambores leves, que as crianças possam tocar com facilidade. Além disso, o objetivo é introduzir os valores e as toadas tradicionais do congo capixaba desde cedo”, comenta Sagrilo.

A conexão de Sagrilo com o congo é algo que vem desde a infância. O avô dele, Nelson, natural de Alfredo Chaves, era congueiro e produzia os reco-recos para as bandas locais. Foi acompanhando o trabalho do avô e participando dos grupos de congo da cidade natal, Ibiraçu, que ele se apaixonou pela arte do tambor. E o Instrumentarte representa para ele mais do que um simples projeto educacional. É uma maneira de garantir que as novas gerações conheçam e preservem a cultura do congo, mantendo-a viva para os anos vindouros.

"Ensinar a cultura do congo para as crianças é garantir que ela não morra. Tenho certeza de que elas nunca mais vão esquecer dessa tradição"

Sagrilo

Artesão

Com o trabalho artesanal e a dedicação ao ensino, Sagrilo e o projeto Instrumentarte desempenham um papel vital na preservação e disseminação da rica cultura do congo capixaba, assegurando que ela continue a ser celebrada e transmitida para as futuras gerações.

Alunos da Escola Professora Maria Amélia, em Carapebus participando da aula de congo do Projeto Instrumentarte por Ricardo Medeiros

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