Publicado em 24 de setembro de 2020 às 13:34
O Flamengo vive um surto de coronavírus dentro do time. Entre jogadores, comissão técnica e diretoria, são 27 casos confirmados da Covid-19 na delegação que viajou para os jogos da Copa Libertadores da América no Equador, na última semana. Os números, registrados até a noite desta quarta-feira (23), chamam a atenção e levantam alguns questionamentos. Como tantos jogadores podem ter se contaminado em um curto espaço de tempo? E de que maneira esse caso pode servir de alerta para todos?
Especialistas ouvidos por A Gazeta listaram condutas que podem ter disseminado o vírus entre os jogadores, membros da comissão técnica e da diretoria. Mesmo seguindo protocolos internos e testagens periódicas, ninguém está imune ao vírus e todo cuidado é pouco.
A médica infectologista Rúbia Miossi explica que, mesmo com a adoção de protocolos no retorno ao futebol, o vírus continua em circulação. Apesar de os jogos terem retornado, as competições estarem funcionando, a doença não acabou. Todo mundo que está circulando tem risco de pegar a doença mesmo. Não existe ninguém protegido, disse.
Especificamente sobre o Flamengo, a especialista destaca medidas que podem causar a contaminação de pessoas em times de futebol.
"O que pode explicar esses casos no Flamengo é que eles ficam várias horas dentro de um avião, ficam em hotéis, às vezes, juntos, ou não. Tudo depende de como o clube escolhe as acomodações. Eles passam muito tempos juntos a partir do momento em que fazem a concentração. E basta ter um infectado para que todos do grupo se infectem", destaca a infectologista.
Rúbia Miossi
MédicaO médico infectologista Lauro Ferreira Pinto também citou descumprimentos do protocolo como possíveis causas para a transmissão do vírus. Segundo ele, no esporte, isso vai acontecer ainda mais até o total controle da doença.
Lauro Ferreira Pinto
Médico"As pessoas ainda precisam usar a máscara, ainda é preciso o protocolo de evitar aglomeração, não tem jeito. E, no esporte, se tiver alguém contaminado, vai contaminar (os outros). Esses surtos vão acontecer. Não tenha dúvida nenhuma disso. Vão acontecer mais, até a doença ficar sob controle", avalia o médico.
De fato, a delegação rubro-negra teria descumprido os protocolos de segurança durante a passagem pelo Equador. Segundo relatos obtidos pela reportagem do jornal O Globo, houve um afrouxamento natural nos cuidados que eram tomados no Ninho do Urubu. Os atletas se reuniram normalmente para refeições e até jogos para passar o tempo na concentração.
Com todas essas informações, outro questionamento é pertinente: o que podemos aprender ou tirar de lição dessa situação do Flamengo? Segundo Rúbia Miossi, além do fato do vírus ainda estar em circulação, as condutas adotadas por pessoas durante a pandemia. Ela cita confraternizações, encontros com pessoas que não moram juntas e até mesmo situações em outras áreas de trabalho.
Rúbia Miossi
MédicaA médica continua a alertar sobre situações do nosso dia a dia. "Compartilhamento de copos, talheres. Ficar conversando na hora da refeição. A doença se espalha neste momento", reforçou.
Rúbia Miossi
MédicaPor conta do surto, a equipe rubro-negra solicitou o adiamento da partida válida pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro contra o Palmeiras, marcada para o próximo domingo (27). Até o momento, a partida está confirmada pela CBF. Mas, de acordo com o Blog do PVC, do GE, a CBF vai reavaliar situação de Palmeiras x Flamengo durante esta quinta-feira e o jogo ainda pode ser adiado.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta