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Cirurgia complexa em gavião é concluída com sucesso em Vitória

Cirurgia complexa em gavião é concluída com sucesso em Vitória

O procedimento foi realizado pelo médico veterinário cirurgião, especialista em ortopedia e neurocirurgia, Diogo Garnica, que atua no Estado de São Paulo, mas que veio ao ES para fazer a operação

Publicado em 23 de setembro de 2020 às 22:43

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Realizada em Vitória por um veterinário de São Paulo
Cirurgia complexa em gavião é concluída com sucesso. (Arquivo Pessoal)

A cirurgia complexa na tíbia de um gavião, marcada para a manhã desta quarta-feira (23), foi um sucesso e o paciente já está em recuperação. O procedimento foi realizado pelo médico veterinário cirurgião, especialista em ortopedia e neurocirurgia, Diogo Garnica, que atua no Estado de São Paulo, e que veio ao Espírito Santo nesta quarta especialmente para realizar o tratamento. A cirurgia foi realizada em uma clínica veterinária da Praia do Canto, em Vitória, e teve início por volta das 10h da manhã, com duração de cerca de uma hora e meia.

De acordo com o especialista, foi desenvolvida uma técnica chamada de "tie-in", em que é usado um fixador externo, junto com um pino que vai dentro do osso. "É semelhante às gaiolas que colocamos na perna quando há fratura. O procedimento foi um sucesso, a radiografia pós operatória demonstra que ficou excelente, super alinhado. Então estimamos a recuperação do animal em 20, no máximo 30 dias", disse.

Realizada em Vitória por um veterinário de São Paulo
O veterinário Diogo Garnica. (Arquivo Pessoal)

A equipe responsável pelo procedimento foi composta por anestesista, auxiliar, cirurgião e instrumentador. A expectativa agora, segundo o médico, é de que o gavião possa voltar logo a voar e seguir a vida normalmente. "Aos nossos olhos a cirurgia foi perfeita, ele recuperou rápido da anestesia, está no Ipram, de pé, com suporte do membro. Transcorreu excepcionalmente bem", disse orgulhoso.

Ao ter finalizado o procedimento, Garnica disse ter ficado "200% realizado". "Talvez um milhão de vezes porcento. Inclusive, esse tipo de aparelho empregado na cirurgia é pouco utilizado em aves, por causa do tamanho delas. A cortical óssea nelas, ou seja, a parede do osso, é muito fina, muito frágil. O canal, por outro lado, é largo por dentro, então temos dificuldade de estabilizar isso como em outros ossos, como no caso do ser humano, por exemplo. Geralmente se usa uma resina acrílica, bem rústica, pobre em tecnologia, e esse tipo de fixador com parafusos, feito em alumínio, que usamos hoje (23), é leve, mais resistente. É uma tecnologia de ponta que eu consegui utilizar em uma ave", finalizou.

Realizada em Vitória por um veterinário de São Paulo
Radiografia do osso da ave após a cirurgia. (Arquivo Pessoal)

IPRAM

De acordo com o especialista, antes da cirurgia o animal estava sendo reabilitado pelo Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram), que também resgata e cuida de animais da fauna exótica. "O Espírito Santo é muito rico em espécies silvestres. E este gavião estava morando lá no Ipram. Ele tinha um problema na asa, já estava ficando bem, mas, com uma ventania muito grande, algo colidiu e fez fratura na perna dele. Então eles me procuraram. Já costumo vir para cá com frequência, quase semanalmente, para realizar cirurgias de alta complexidade na área", contou. Para cuidar do gavião, Garnica disponibilizou tempo e arcou com todos os custos, inclusive os da prótese necessária para o procedimento.

Ao ser questionado sobre o motivo de vir de longe realizar a cirurgia, Diogo Garnica afirmou que é necessário ajudar os mais frágeis dentro das possibilidades de tempo e disponibilidade de recursos. "Não só nesse como em outros casos. Mas este gavião não tem um tutor, é um indivíduo que está na natureza, que foi resgatado, que tentaram reabilitar, mas que não tinham profissionais para fazer cirurgia complexa. Eu já recebo o meu dinheiro com pacientes que têm tutor, então não custaria nada para mim vir fazer isso. Antes de ser ortopedista, sou amante dos animais e sei que não tem ninguém que olhe por eles. Assim como os cães de rua, por exemplo. Quem resgata faz isso de boa vontade, às vezes não têm nem recursos", refletiu.

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