Publicado em 25 de junho de 2020 às 13:28
A pandemia do novo coronavírus mudou a realidade financeira de muitas pessoas. Muitos acabaram demitidos, outros tiveram salários reduzidos. A renda familiar foi fortemente impactada, mas nada impediu que a catadora de materiais recicláveis Fernanda Vieira Sena, de 29 anos, devolvesse ao dono uma quantia alta de dinheiro que encontrou dentro de uma lata de leite em pó. >
Na última terça-feira (23), ela fazia a separação de materiais plásticos dos metais na Usina de Reciclagem de Mucuriri, cidade com pouco mais de cinco mil habitantes no extremo Norte do Espírito Santo, e encontrou a lata de leite em pó com R$ 500,00 em espécie. >
"Separamos plástico de alumínio e a latinha de leite em pó é de material plástico. Então quando abri, encontrei cinco notas de R$ 100,00 e levei um susto. Até pensei que poderia ser dinheiro falso. Resolvi então guardar esse dinheiro para ver se alguém procurasse", contou a catadora, que há nove anos trabalha no local e faz parte da Associação dos Catadores de Materiais Reciclados de Mucurici, que é amparada pela Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo.>
Ciente de que a quantia poderia fazer falta a quem pertencesse, Fernanda então decidiu procurar pelo dono do dinheiro. Antes, porém, checou se as notas eram verdadeiras. >
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"Fui em um banco para que averiguassem se não era dinheiro falso, e não era. Depois então comecei a tentar entender o que teria acontecido para esse dinheiro chegar até a usina. Como a cidade é pequena, soube que uma faxineira estava procurando um dinheiro que havia perdido. Aí fui atrás dessa história", explicou a catadora.>
A busca deu certo. Fernanda descobriu que o dinheiro pertencia a um senhor que havia guardado a quantia dentro da latinha. Por pensa que a embalagem estava vazia, a faxineira Cida a jogou no lixo, indo parar na esteira e nas mãos da catadora.>
Fernanda Vieira Sena
Catadora de materiais recicláveisDois dias após achar a quantia, Fernanda combinou com Cida e foi até à casa onde a faxineira trabalha para devolver os R$ 500,00 na manhã desta quinta-feira (25). >
"Ela estava tremendo toda, coitada. Parecia não acreditar que estava com o dinheiro de volta. Sei que está difícil para todo mundo por conta do momento que passamos, mas se eu não devolvesse, ficaria ainda pior para ela e também para o dono do dinheiro. Eu poderia até ficar com a quantia, mas não estaria sendo correta e prejudicaria alguém. Por isso procurei e fiz questão de devolver. Vivemos com pouco, mas isso não dá direito de ficar com o que não é nosso", disse a catadora.>
Trabalhando há quase uma década na usina, Fernanda lembra que não é raro encontrar objetos, pertences e documentos nos descartes, mas dinheiro em quantia elevada foi a primeira vez.>
"De vez em quando achamos uma conta de energia, água, um documento, porém esses são mais fáceis de localizar porque tem o nome da pessoa ou um endereço. Agora dinheiro não tem telefone de contato (risos). Deu um pouco mais de trabalho, mas fiz o certo. Se acontecer de novo, vou devolver novamente. Espero que meu exemplo sirva para as outras pessoas", contou orgulhosa do gesto nobre que fez.>
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