Um bebê de apenas sete meses morreu, na última sexta-feira (19), oito dias após, segundo a família, engolir uma lagarta quando estava dentro de casa na Praia do Riacho, em Guarapari. Enrico Gotardo Ferreira foi levado pela mãe ao menos três vezes a um hospital da cidade antes de ser intubado e morrer no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, em Vila Velha.
Segundo a mãe de Enrico, Natalia Gotardo Ferreira, ela e o marido viram quando Enrico vomitou a lagarta no dia 11, mas não sabem dizer quanto tempo o bebê ficou com o inseto dentro da boca. Inicialmente, os pais chegaram a achar que fosse um pedaço de carne. Mas se aproximaram e viram a presença do bicho.
Natalia Gotardo deu banho no filho, que havia vomitado, e o levou para o Hospital Materno Infantil Francisco de Assis, em Guarapari. Foi a primeira ida do filho ao local. Na unidade, a mãe, após o filho passar por exames, foi informada que a criança apresentava uma infecção decorrente de uma virose. Entre os dias 11 e 14 de agosto, os pais de Enrico o levaram três vezes ao mesmo hospital em Guarapari. Natalia contou que o filho foi medicado nas três vezes, mas não chegou a ser internado.
"Eu estava esperando uma resposta, e disseram que era uma virose, uma gastroenterite. Me passaram uma segurança de que o bicho não era venenoso. Que seria suficiente só observar meu filho", comenta.
Só depois de uma consulta particular, marcada pela mãe no dia 19 de agosto, que o bebê foi internado. O médico viu a urgência no atendimento, segundo Natalia Gotardo.
Após a ida ao médico, os pais foram diretamente para o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, em Vila Velha, onde Enrico foi intubado. Segundo a mãe, o filho chegou ao Himaba com a boca roxa e o corpo gelado.
Em um pequeno intervalo, segundo a mãe, o filho chegou ao local, começou a ser atendido e morreu. Os profissionais do hospital reforçaram a tese de que o bebê de sete meses deveria ter sido internado antes, evitando que o quadro pudesse se agravar.
Ainda no Himaba, a mãe soube que Enrico estava com uma infecção no pulmão, o que comprometeu o funcionamento dos órgãos. O bebê foi enterrado no último sábado (20).
Depois de conversar e ouvir o relato da mãe de Enrico, a reportagem de A Gazeta procurou os dois hospitais onde o filho esteve. A Gazeta perguntou ao Hospital Materno Infantil Francisco de Assis, em Guarapari, qual foi o procedimento adotado com o bebê, se o atendimento prestado foi o devido e se a infecção foi investigada pela equipe médica.
Em resposta, o hospital confirmou os três atendimentos do bebê e informou que foram realizados todos os exames necessários, inclusive o rastreio infeccioso e raio-x. O atendimento foi feito seguindo orientações do Centro de Atendimento Toxicológico, segundo a instituição.
O Hifa de Guarapari detalhou que a criança permaneceu em bom estado geral, sem alterações nos exames, por isso foi liberada com orientações médicas.
A reportagem também procurou o Himaba, que é administrado pela Secretaria de Estado da Saúde, sobre qual era o estado do bebê quando chegou ao local. Também foi perguntado sobre os procedimentos adotados com Enrico.
A direção, por meio da Sesa, informou que Enrico Gotardo Ferreira deu entrada na emergência da unidade com quadro gravíssimo e morreu menos de 40 minutos depois que deu entrada no Himaba. Segundo a instituição, todos os recursos foram utilizados para preservar a vida do bebê. A direção se solidarizou com a família.
Perguntada sobre a investigação que relaciona a lagarta ao óbito do bebê, a Secretaria de Estado informou que uma análise feita pelo Centro de Informações e Assistência Toxicológica (CIATox) constatou que a lagarta ingerida não era de uma espécie do gênero peçonhento. Ou seja, foi apontado que o bebê não morreu por envenenamento ou intoxicação.
A Polícia Civil informou que a perícia foi acionada no sábado (20) para o recolhimento de um corpo de um bebê no Serviço de Verificação de Óbito (SVO), em Vitória, devido a causa da morte ser suspeita. O corpo foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, para ser necropsiado e foi liberado para os familiares no Departamento Especializado de Homicídio e Proteção à Pessoa (DEHPP).
O procedimento será encaminhado, inicialmente, para a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Guarapari, que aguardará os resultados dos exames. Para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação foi repassada.
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