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Bebê de sete meses morre após engolir lagarta em Guarapari, diz mãe

Bebê de sete meses morre após engolir lagarta em Guarapari, diz mãe

Enrico Gotardo foi levado pela mãe pelo menos três vezes a um hospital da cidade antes de ser intubado e morrer no Hospital Infantil (Himaba), em Vila Velha

Publicado em 26 de agosto de 2022 às 08:25

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Enrico Gotardo morreu oito dias após engolir uma lagarta em Guarapari
Enrico Gotardo morreu oito dias após engolir uma lagarta em Guarapari. (Arquivo pessoal)

Um bebê de apenas sete meses morreu, na última sexta-feira (19), oito dias após, segundo a família, engolir uma lagarta quando estava dentro de casa na Praia do Riacho, em Guarapari. Enrico Gotardo Ferreira foi levado pela mãe ao menos três vezes a um hospital da cidade antes de ser intubado e morrer no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, em Vila Velha.

Segundo a mãe de Enrico, Natalia Gotardo Ferreira, ela e o marido viram quando Enrico vomitou a lagarta no dia 11, mas não sabem dizer quanto tempo o bebê ficou com o inseto dentro da boca. Inicialmente, os pais chegaram a achar que fosse um pedaço de carne. Mas se aproximaram e viram a presença do bicho.

Natalia Gotardo deu banho no filho, que havia vomitado, e o levou para o Hospital Materno Infantil Francisco de Assis, em Guarapari. Foi a primeira ida do filho ao local. Na unidade, a mãe, após o filho passar por exames, foi informada que a criança apresentava uma infecção decorrente de uma virose. Entre os dias 11 e 14 de agosto, os pais de Enrico o levaram três vezes ao mesmo hospital em Guarapari. Natalia contou que o filho foi medicado nas três vezes, mas não chegou a ser internado. 

"Eu estava esperando uma resposta, e disseram que era uma virose, uma gastroenterite. Me passaram uma segurança de que o bicho não era venenoso. Que seria suficiente só observar meu filho", comenta.

Só depois de uma consulta particular, marcada pela mãe no dia 19 de agosto, que o bebê foi internado. O médico viu a urgência no atendimento, segundo Natalia Gotardo.

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Quando chegamos, o médico conversou, perguntou sobre o caso e se assustou. Disse que o bebê deveria estar internado desde o primeiro dia, não era uma virose para mandar para casa. Ele mandou eu correr para o Himaba, porque o neném estava entrando em estado catabólico

Natalia Gotardo Ferreira
Mãe do bebê
Aspas de citação
Enrico Gotardo morreu oito dias após engolir uma lagarta em Guarapari
Lagarta que Enrico Gotardo teria engolido em Guarapari. (Arquivo pessoal)

Após a ida ao médico, os pais foram diretamente para o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, em Vila Velha, onde Enrico foi intubado. Segundo a mãe, o filho chegou ao Himaba com a boca roxa e o corpo gelado.

Em um pequeno intervalo, segundo a mãe, o filho chegou ao local, começou a ser atendido e morreu. Os profissionais do hospital reforçaram a tese de que o bebê de sete meses deveria ter sido internado antes, evitando que o quadro pudesse se agravar.

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Me chamaram em uma salinha para dizer que meu filho não tinha vingado, não tinha resistido ao socorro

Natalia Gotardo Ferreira
Mãe do bebê
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Ainda no Himaba, a mãe soube que Enrico estava com uma infecção no pulmão, o que comprometeu o funcionamento dos órgãos. O bebê foi enterrado no último sábado (20).

O QUE DIZ O HOSPITAL FRANCISCO DE ASSIS, DE GUARAPARI

Depois de conversar e ouvir o relato da mãe de Enrico, a reportagem de A Gazeta procurou os dois hospitais onde o filho esteve. A Gazeta perguntou ao Hospital Materno Infantil Francisco de Assis, em Guarapari, qual foi o procedimento adotado com o bebê, se o atendimento prestado foi o devido e se a infecção foi investigada pela equipe médica.

Em resposta, o hospital confirmou os três atendimentos do bebê e informou que foram realizados todos os exames necessários, inclusive o rastreio infeccioso e raio-x. O atendimento foi feito seguindo orientações do Centro de Atendimento Toxicológico, segundo a instituição.

O Hifa de Guarapari detalhou que a criança permaneceu em bom estado geral, sem alterações nos exames, por isso foi liberada com orientações médicas.

O QUE DIZ O HOSPITAL INFANTIL DE VILA VELHA

A reportagem também procurou o Himaba, que é administrado pela Secretaria de Estado da Saúde, sobre qual era o estado do bebê quando chegou ao local. Também foi perguntado sobre os procedimentos adotados com Enrico.

A direção, por meio da Sesa, informou que Enrico Gotardo Ferreira deu entrada na emergência da unidade com quadro gravíssimo e morreu menos de 40 minutos depois que deu entrada no Himaba. Segundo a instituição, todos os recursos foram utilizados para preservar a vida do bebê. A direção se solidarizou com a família.

Perguntada sobre a investigação que relaciona a lagarta ao óbito do bebê, a Secretaria de Estado informou que uma análise feita pelo Centro de Informações e Assistência Toxicológica (CIATox) constatou que a lagarta ingerida não era de uma espécie do gênero peçonhento. Ou seja, foi apontado que o bebê não morreu por envenenamento ou intoxicação.

POLÍCIA CIVIL AGUARDA RESULTADOS DE EXAMES

A Polícia Civil informou que a perícia foi acionada no sábado (20) para o recolhimento de um corpo de um bebê no Serviço de Verificação de Óbito (SVO), em Vitória, devido a causa da morte ser suspeita. O corpo foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, para ser necropsiado e foi liberado para os familiares no Departamento Especializado de Homicídio e Proteção à Pessoa (DEHPP).

O procedimento será encaminhado, inicialmente, para a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Guarapari, que aguardará os resultados dos exames. Para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação foi repassada.

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