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Às vésperas de retirar o útero, mulher descobre que está grávida

Às vésperas de retirar o útero, mulher descobre que está grávida

A cirurgia havia sido indicada devido a um câncer, mas Daiane de Oliveira optou por levar a gestação adiante e ter o bebê primeiro

Publicado em 27 de maio de 2020 às 14:35

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Daiane, com os filhos Davi Lucas e Ely: meninos ajudam a mãe a enfrentar o tratamento contra o câncer
Daiane, com os filhos Davi Lucas e Ely: meninos ajudam a mãe a enfrentar o tratamento contra o câncer. (Acervo pessoal)
Às vésperas de retirar o útero, mulher descobre que está grávida

A operadora de caixa Daiane Stefane de Oliveira, 32, vivia, há um ano, um misto de emoções. Recebeu um diagnóstico de câncer no colo do útero e, às vésperas de fazer a cirurgia para a retirada do órgão, descobriu que estava grávida. Ela ouviu do médico que havia a opção de interromper a gravidez para  realizar o tratamento, mas não teve dúvidas: levou a gestação adiante para ter o bebê primeiro. 

Daiane conta que, antes mesmo de receber a temida notícia sobre o câncer, estava tendo problemas de saúde havia uns cinco meses. Passou por avaliação médica devido a infecções urinárias por repetição, mas somente com um exame específico foi descoberta a lesão cancerígena no colo do útero. Como parte do tratamento, a indicação era retirar, não apenas o útero, mas também trompas e ovários. Embora já tivesse o filho Ely, hoje com 8 anos, a possibilidade de não poder mais engravidar foi um baque. 

"Foi muito assustador. Eu não estava pensando em engravidar, mas ainda queria ter outro filho. Foi um dos piores dias da minha vida", lembra. 

Cirurgia marcada, Daiane se consultou na véspera com o médico que realizaria o procedimento. Mas, saindo de lá, seus pensamentos foram tomados por outra preocupação: a menstruação estava atrasada. Resolveu, então, comprar um teste de farmácia, e foi surpreendida com o resultado positivo para a gravidez. 

Apesar do que indicava o teste, havia a possibilidade de ser um resultado falso-positivo em decorrência do câncer no útero. "Todo mundo achava que era isso", comenta Daiane. A operadora de caixa, porém, se encheu de esperança. Fez dois exames de sangue e mais uma ultrassonografia, que acabou com qualquer dúvida que poderia haver sobre a gravidez. 

"Foi totalmente inesperado. Uma bênção de Deus na minha vida para que eu pudesse passar por tudo o que passei", ressalta. 

Com a confirmação da gravidez, o médico que assistia Daiane disse que, pela sua condição clínica, poderia interromper a gestação. Ele próprio não realizava o procedimento, porém indicou uma clínica que, judicialmente, estava autorizada a fazer o aborto. 

Mesmo com as dificuldades que precisaria enfrentar durante o tratamento, a operadora de caixa revela que tirar o filho nunca foi uma opção. "Ao contrário, ele me deu força para o que viria. A cada sessão de quimioterapia, eu falava:'filho, seja forte para a mamãe ser também.' Foi assim durante a gravidez, e também depois que nasceu."

Daiane deu à luz a Davi Lucas no final do ano passado, com 32 semanas de gestação. Por ser prematuro, precisou ficar 19 dias na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), mas hoje, aos seis meses, nem parece que começou a batalhar pela vida junto à mãe antes mesmo de nascer. 

A operadora de caixa ainda está em tratamento, agora fazendo radioterapia. Os filhos, segundo ela, dão o ânimo para prosseguir nas 28 sessões que tem pela frente. No meio de tudo isso, ainda vive a preocupação de idas diárias ao hospital, num momento em que gostaria de poder fazer o isolamento social recomendado devido ao coronavírus. Daiane se protege como pode, e segue firme na fé.

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"Eu me sinto privilegiada. No meio de tanta coisa ruim, Deus me permitiu viver uma coisa boa. Com dois filhos, não tenho momento para ficar triste", valoriza Daiane. 

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