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Após 2 meses, família não tem respostas sobre sumiço de ossada da mãe em cemitério

Após 2 meses, família não tem respostas sobre sumiço de ossada da mãe em cemitério

Justiça determinou, em julho, que a Prefeitura de Vitória localizasse os restos mortais de uma mulher retirados sem autorização de um túmulo na Capital

Publicado em 10 de setembro de 2025 às 17:11

Quase dois meses depois de uma decisão da Justiça determinar que a Prefeitura de Vitória localizasse os restos mortais de uma mulher retirados sem autorização de um túmulo no Cemitério de Maruípe, na Capital, a família segue sem respostas sobre o destino da ossada da mãe. A liminar, concedida pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) em 17 de julho deste ano, também determinava que o município custeasse exames de DNA para confirmar a identidade, caso fosse encontrada a ossada.

No entanto, a Prefeitura de Vitória apresentou uma contestação no processo alegando que a responsabilidade seria de uma empresa terceirizada, contratada para executar as exumações, o traslado e o sepultamento no Cemitério Municipal de Maruípe. No documento protocolado em agosto, a administração municipal pediu a exclusão do município do polo passivo da ação, afirmando não ter cometido ato ilícito ou omissivo.

A família, por sua vez, contesta e afirma que a prefeitura é a responsável direta, uma vez que responde objetivamente pelos danos causados por seus agentes ou concessionárias. “Ainda que a concessionária tenha atuado de forma direta na exumação, a titularidade do serviço público é do município, que não pode se eximir de sua responsabilidade”, argumenta a defesa da família.

Além disso, aponta que a falta de registro adequado da exumação e a ausência de comunicação à família configuram violação à legislação municipal, que exige anotações em livro próprio e aviso aos familiares antes de qualquer procedimento. Para a família, a prefeitura não só falhou na fiscalização dos serviços cemiteriais como também violou o direito ao luto e à dignidade humana.

Procurada, a prefeitura declarou que “acompanha com a devida atenção o processo que discute a questão” e, em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), conduz o caso “com reserva e discrição, seguindo os critérios legais”.

Relembre o caso

Cemitério de Maruipe, em Vitória
Cemitério de Maruípe, em Vitória Crédito: Ricardo Medeiros

A mãe da família morreu em 2016, aos 34 anos, vítima de metástase cerebral decorrente de câncer de mama. No fim de 2022, foi autorizada a exumação do corpo, mas a administração do cemitério teria informado à filha que não poderia realizar o procedimento, pois os restos mortais não haviam se decomposto totalmente. Por conta disso, o prazo foi prorrogado por dois anos.

Algum tempo depois, em julho de 2023, uma tia visitou o túmulo e encontrou outra pessoa enterrada no local. O próprio livro do cemitério confirmou que, em 14 de julho daquele ano, houve um novo sepultamento no jazigo. Desde então, os familiares tentam localizar a ossada.

Primeiro, abriram um pedido administrativo na prefeitura, mas só em novembro de 2024 receberam uma resposta oficial. Após mais de um ano de buscas, o corpo não havia sido encontrado. Diante da frustração, os familiares decidiram recorrer à Justiça.

Com a liminar concedida em julho de 2025, a expectativa da família era finalmente encerrar a angústia. Mas, dois meses depois, os restos mortais continuam desaparecidos.

Até o presente momento a prefeitura não cumpriu a decisão judicial, que determinou que o município localizasse o corpo e fizesse exame de DNA. O juízo determinou que fosse 'no menor tempo possível'. Vai completar dois meses e eles ainda não informaram se localizaram ou não.

Kaike Lopes

Advogado da família

Outro caso

Uma mulher procurou a Polícia Civil para registrar a troca da ossada da mãe, enterrada no Cemitério Municipal Boa Vista, que fica em Maruípe, em Vitória. Ao buscar os ossos da falecida, Edma Rodrigues descobriu que os restos mortais de outra pessoa haviam sido sepultados no local.

Este não seria o primeiro caso de desaparecimento de restos mortais na unidade. Em julho deste ano, a filha de uma mulher sepultada no Cemitério de Maruípe descobriu que os ossos da mãe haviam sido trocados pelos de um homem.

Edma Rodrigues registrou um boletim de ocorrência e afirmou que a ossada entregue a ela pela equipe do cemitério pertencia a uma pessoa que havia estado internada em um hospital. A mãe de Edma, Maria Rodrigues, morreu em setembro de 2020, em casa, vítima de um infarto fulminante.

Na época da retirada dos ossos do túmulo, a Prefeitura de Vitória teria informado à família que houve um erro no processo de transferência e garantido que a ossada de Maria estava guardada no local.

No entanto, ao apresentar uma segunda ossada, a equipe do cemitério também não convenceu Edma, que afirmou não reconhecer os restos mortais como sendo da mãe. Ela relatou ainda que o túmulo de Maria estava completamente revirado.

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