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Publicado em 17 de março de 2023 às 20:09
A Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) admitiu a falta de um equipamento na estação de Carapina, na Serra, para resolver o problema da água barrenta que chega nas torneiras dos moradores da região. Eles vêm sofrendo com a situação desde o início do ano, como publicado por A Gazeta nesta semana. >
O gerente metropolitano Norte da Cesan, Carlos Augusto Dilem, esteve presente na reunião extraordinária da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente e aos Animais, da Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (15), e disse que não há decantador (equipamento usado na remoção de partículas sólidas em suspensão presentes na água), na Estação de Tratamento de Água (ETA) de Carapina. >
"A estação de Carapina foi construída numa época em que a qualidade do rio era muito boa. Ao longo do tempo, com a degradação desse manancial, foi necessário avaliar uma nova metodologia para colocar lá. A decantação é um processo mais moderno. São tanques grandes, que têm capacidade de fazer um tratamento complementar, não prejudicando, dessa forma, o processo de tratamento, quando acontecer alguma situação de elevada turbidez. Boa parte das nossas estações já conta com a decantação. Em Carapina, que era uma situação específica desse manancial na Serra, ela vai ser ajustada para que o tratamento seja feito de uma melhor forma", declarou Dilem. >
Em fevereiro, o número de reclamações sobre a turbidez (quantidade excessiva de partículas em suspensão, entre elas o barro) da água aumentou, principalmente nas casas abastecidas pela ETA de Carapina. >
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De acordo com Dilem, conforme divulgado pela Comissão, entre 1º de janeiro e 13 de março foram 492 reclamações referentes a 398 imóveis, sendo 328 na área coberta por Carapina.>
No entanto, segundo ele, hoje as reclamações diminuíram. "Estou recebendo duas reclamações por dia desde 1º de março. A obra vai vir com o decantador, mas isso não significa que o fato de não ter um decantador hoje seja um problema. O problema é quando chove demais. A água fica muito barrenta e esse tratamento vai ser um equipamento a mais, que vai ajudar a tratar. O que eu queria deixar bem claro é que a turbidez é uma situação que acontece em todo o sistema de abastecimento de água. Não é uma situação à parte desse problema que a gente teve em fevereiro.">
Dilem afirmou, segundo a Comissão, que a ETA de Carapina está passando por obras de adequação, que serão concluídas em agosto de 2024. Ele reforçou que a estação vai ampliar sua capacidade de tirar a turbidez da água e que, “se novos eventos ocorrerem, a estação estará mais preparada, uma vez que hoje só conta com um processo conhecido como floto-filtração”.>
Questionado sobre a prazo para finalização das obras, Dilem respondeu. "Essa obra que a gente está falando é uma ampliação da ETA de Carapina, que é a segunda maior do Estado. Só a fase de projeto dela durou quase quatro anos. Agora, já está acontecendo e bem adiantada, mas a previsão é 2024 porque é uma obra gigante.">
A Cesan ainda garantiu que qualquer morador que tenha o problema da turbidez poderá fazer o descarte e a limpeza da caixa d’água bancados pela empresa.>
“Se comprou a água ou contratou uma empresa para fazer a limpeza da caixa, pode pedir o ressarcimento à companhia. A regra também vale para os condomínios, se precisarem fazer a higienização”, informou Dilem. >
De acordo com a Comissão, a Cesan disponibilizou canais de atendimento aos consumidores, no site da companhia, por meio do telefone 115 (na Serra) e, também, pelo WhatsApp (27) 99722-9291. >
Desde o início do ano, moradores da Serra têm recebido em suas casas de forma intermitente uma água barrenta. Diante da situação, para muitos, o jeito tem sido comprar água mineral para beber e cozinhar. Já outros precisam encher baldes e latas com a água barrenta e esperar decantar (separar os resíduos da parte líquida) para poder usar.>
A situação enfrentada por moradores da Serra levou um grupo de estudantes de Engenharia Sanitária e Ambiental do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) a fazer uma análise da qualidade da água distribuída pela Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan). No estudo, foi identificado um nível de turbidez seis vezes maior que o limite máximo estabelecido pelo Ministério da Saúde de 5 NTU (Unidade Nefelométrica de Turbidez).>
“No procedimento é perceptível a quantidade de partículas em suspensão em excesso, conseguindo ver a olho nu com ajuda de uma luz de fundo. Portanto é coerente com os resultados vistos no equipamento”, diz o relatório. A Cesan alega que as chuvas do início do ano e o aumento do consumo foram os motivos.>
Segundo a estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental do Ifes Liliane Coimbra, que mora em Jardim Carapina e enfrentava o mesmo problema, para chegar ao resultado foram analisadas três amostras: da água da torneira (água da rua), do filtro acoplado na torneira (água da rua) e outra amostra direto da caixa-d'água.>
A amostra da caixa-d'água foi a que mais teve diferença na cor e a água da torneira estava mais clara que a da caixa, mas também extrapolou o limite. “Chegamos à conclusão que a água, mesmo passando pelo filtro, ainda tem muitos resíduos. A água da caixa-d'água decantou e há muita sujeira”, afirmou.>
Além da análise da água, os estudantes fizeram um curta-metragem retratando a situação. De acordo com Liliane, o objetivo era mostrar a realidade das pessoas que estão enfrentando problemas com essa água. Muitos não conseguem cozinhar e lavar roupas. Outras famílias passaram por situações mais graves, com episódios de gastroenterite.>
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