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Publicado em 14 de outubro de 2022 às 18:31
O fantasma da volta da paralisia infantil assombra especialistas e autoridades sanitárias. E a razão da preocupação é a redução da cobertura vacinal em todo o país. De acordo com dados do Ministério da Saúde, até o momento, apenas 62,5% das crianças de 15 meses até 4 anos de vida foram vacinadas no Brasil durante a campanha. >
No Espírito Santo, o cenário também é de baixa imunização. Em 2022, apenas 59% compareceram a uma unidade de saúde para tomar a Vacina Oral Poliomelite (VOP), a famosa gotinha. Isso significa que apenas duas a cada cinco crianças no Estado estão com a imunidade fortalecida contra a doença.>
O Ministério da Saúde estabelece uma meta de cobertura de 95% do público-alvo da vacinação, índice que garantiria a segurança contra a pólio.>
Segundo a infectologista e pediatra Ana Paula Neves Burian, a volta da paralisia infantil no Estado também é preocupante por conta das características comerciais do Estado, que possui muitos portos com entrada para estrangeiros. >
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“Caso venha um navio de qualquer país do mundo com um funcionário sem histórico de vacinação e que tenha a doença, essa pode vir a circular no Estado. A grande circulação de pessoas entre países pode ser um agravante se não houver a imunização da população”, destaca. >
A especialista ainda lembra que a poliomielite não atinge apenas crianças menores de cinco anos. “Todo mundo pode ter paralisia infantil, por exemplo, um antigo presidente dos Estado Unidos teve a doença aos 30 anos e ficou com sequelas. Então, é importante lembrar que a doença não é exclusiva de crianças”, ressaltou.>
A vacina, que é disponibilizada nas unidades básicas de saúde, teve o prazo de campanha estendido novamente. No Estado, a imunização foi prorrogada até o dia 31 de outubro. >
Além disso, no dia 22 de outubro, será realizado o Dia D de mobilização para vacinação contra a poliomielite para crianças menores de 5 anos. >
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que, nesse dia, também serão disponibilizadas doses para a multivacinação de crianças e adolescentes menores de 15 anos de idade.>
O órgão informou, por meio de nota, que orienta os municípios a realizarem ações extramuro (fora das unidades de saúde), como a vacinação nas escolas das redes públicas municipais e estaduais e também privada, e no desenvolvimento de outras ações formuladas por meio da articulação intersetorial, como a verificação da situação vacinal das crianças e dos adolescentes e ações de orientações de famílias sobre a importância da vacinação e dos cuidados com a saúde.>
Em relação às causa da baixa cobertura vacinal, a Sesa pontua, entre elas, falta de adesão das famílias em levar as crianças e adolescentes aos serviços de saúde para receber as doses das vacinas em tempo oportuno; o não envio da autorização para a vacinação nas escolas, quando realizadas as campanhas de vacinação. >
Há também, de acordo com a pasta, resistências ligadas a questões religiosas e situações ligadas ao medo de reações adversas e a notícias falsas (fake news) a respeito dos imunizantes.>
Para crianças com menos de um ano de vida, a vacina injetável (VIP) é a principal forma de proteção contra a paralisia. Porém, a vacinação dos pequenos tem também caído no Estado. Em 2019, por exemplo, 86,7% das crianças nessa faixa etária estavam em dia com o esquema vacinal. Em 2020, o percentual já caiu para 81,6%. Em 2021, houve uma nova retração, com apenas 77,4% imunizadas. O dado parcial de 2022 mostra que 76,26% estão com o calendário em dia.>
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